Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos

Artigos

  • A festança continua

    O Globo (Rio de Janeiro), em 10/10/2004

    Em cidades como o Rio, em que não vai haver segundo turno e os dias têm sido úmidos, frios e quase penumbrosos, é compreensível uma certa melancolia, por parte do famoso cidadão comum. Clima de festa acabada. A campanha já não tinha sido grande coisa, com generalizada broxura eleitoral. Mas não deu praia no dia da eleição e não se proibiu a bebida, de maneira que votar virou um programa. Não se dirá um programaço, mas sempre um programa, com uns chopinhos no boteco em frente à seção, azaração cívica etc. E a participação nessa brincadeira gozativa (o brasileiro é um gozador nato, não sei se já lhes falaram isto), que é dizer que quem manda somos nós, quando nunca mandamos em coisa nenhuma e até o sapo barbudo que a maioria de nós achou que ia fazer com que “eles” engolissem está se revelando um fino escargot . E à moda deles, claro. Mas a gente fica ouvindo que estamos numa democracia, que o poder do voto isso e aquilo e coisa e tal e anima a pasmaceira. Às vezes, é melhor do que jogar palitinho, embora nem sempre.

  • A admiração do tirano

    Diário Comércio (São Paulo), em 06/10/2004

    Uma fração, a meu ver pequena, da juventude de nossos dias, pretende ver nos governos fortes, ou ditatoriais, a solução para as crises políticas, os parlamentos integrados por membros corruptos, por clientes fisiológicos dos aplicadores de propinismo, em benefício de negócios escusos e outras finalidades inconfessáveis. Esse desejo, que é de um número não apurado por pesquisas, está se acentuando, refletindo no prestígio de Lula, que já manifestou sua propensão para os governos fortes, quando elogiou o presidente do Gabão, não se sabe se por piada ou seriamente.

  • Sobre história constitucional

    Diário do Comércio (São Paulo), em 05/10/2004

    Dentre as causas das sucessivas e nunca resolvidas crises institucionais de que sofre o Brasil destaco a Constituição. É fácil fazer uma análise, ainda que superficial, das Constituições que tivemos, desde a primeira, republicana, a de 1891. Rui Barbosa - vem nas suas Obras Completas - chamou a si a responsabilidade pela Constituição. Foi grande, um portento intelectual, um semideus para milhões de brasileiros, quem preparou a primeira Constituição. O voto era descoberto. Rui não acreditava, provavelmente, na perfídia humana, nas qualidades negativas de quem disputa um cargo de mandato e quer desfrutar o poder.

  • Rui e alceu: dois líderes culturais

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 29/09/2004

    Concentro-me, neste artigo, numa figura de que temos sentido falta, sem perspectiva de que venhamos a nomeá-la entre homens públicos, professores universitários, intelectuais em geral e demagogos da cultura, com trânsito na mídia e nas editoras. É o maître à penser, o líder de uma cultura e de uma civilização que domina, pelo prestígio e pela ascensão sobre a nação inteira ou uma fatia dela, como condutor dos destinos do país e que exerce o domínio com superioridade.

  • Auspiciosa notícia

    Diário do Comércio (São Paulo), em 28/09/2004

    Quem diria que um médico discreto, auto-transferido da medicina para a política, nos ia sair um administrador de pulso e de visão. Pois esse é o caso do sr. Geraldo Alckmin, que está fazendo, com extrema discrição, o governo bem conduzido e interessado em tudo quanto diga respeito ao povo. Não se ouve falar de trambiques no governo, como foi comum em passado distante e menos distante. O sr. Geraldo Alckmin aprendeu logo a arte de governar com decência.

  • Tentativa inútil

    Diário do Comércio (São Paulo), em 23/09/2004

    O presidente da República falou rindo, mas não brincou, quando disse a um de seus colegas, em recente reunião de presidentes, grande parte de cucarachas, que foi ao Gabão aprender como se fica 30 anos no poder, e se quiser ficará mais. O presidente Lula falou sério, primeiro por ter tomado o gosto do poder e, segundo, por lhe ter subido à cabeça a mudança do humilde ex-torneiro a chefe do governo da República Federativa do Brasil, uma nação emergente de 180 milhões de habitantes, mais de 8 milhões de quilômetros quadrados, portanto uma das maiores do mundo. O presidente Lula quer ficar, não há dúvida.

  • O atraso da Petrobras

    Diário do Comércio (São Paulo), em 21/09/2004

    No ano em que comemora 50 anos de existência, que foi alvo de campanhas favoráveis e desfavoráveis, garantindo aos comunistas da época que o petróleo é nosso e dando razão aos críticos que afirmavam ser o petróleo dos árabes sauditas e do Golfo Pérsico, onde entram, também, os islâmicos. O cinqüentenário foi comemorado com ênfase, provavelmente com mesas fartas e fogos de artifício, sustentando a afirmação de que seremos independentes dentro de muito pouco tempo.

  • Tragédia na Rússia

    Diário do Comércio (São Paulo), em 15/09/2004

    Evidentemente, com minha profissão de fé liberal, reiteradamente proferida e escrita, não vou fazer a apologia de Stalin. O tirano está morto e bem morto. Mas, não tenho dúvida que os russos que perderam seus filhos, os parentes dos que morreram sentem saudades de Stalin, pois uma tragédia das dimensões que abalaram a paz russa e repercutiram no mundo inteiro, que a lamentou, gostariam que Stalin estivesse vivo e no lugar de sempre. Não teria havido tragédia.

  • A visitação eleitoral

    Diário do Comércio (São Paulo), em 14/09/2004

    Não me consta que um grupo de visitadores, número elevado de mais de mil, tenha exercido a mesma função para melhorar a vida dos pobres, para socorrer os desfavorecidos, para dar atenção aos desgraçados da vida. Os visitadores apareceram, criados por dona Marta, para pedir votos em seu favor, nas próximas eleições, pois ela se julga a grande reconstrutora, seu lema da cidade mais mal governada do mundo ocidental.

  • O denuncismo, uma invenção

    Diário do Comércio (São Paulo - SP), em 09/09/2004

    Na política, como nas fábricas de produtos populares, e até mesmo na difusão dos filmes de Hollywood, é preciso, de tempos em tempos, inventar alguma patranha, a fim de revitalizar o próprio partido e enfraquecer ou tentar fazê-lo os demais, que ocupam a cena partidária. É típico da partidocracia, como esta de pechisbeque em que nos encontramos, que se invente uma inverdade, leve a mídia, atacada mesmo, a repetí-la, que, em pouco, será verdade.

  • Os jovens empreendedores

    Diário do Comércio (São Paulo - SP), em 31/08/2004

    Confesso, com toda a sinceridade, que eu não esperava assistir ao êxito, sem precedentes, da reunião dos jovens empreendedores, todos munidos de um plano, expresso verbal ou por escrito, sobre o que pretendem fazer para impulsionar o Brasil na linha do desenvolvimento. Foi uma vitória, mais uma da Associação Comercial de São Paulo e do Sebrae, que comandam o espetáculo e animam os jovens, a fim de que eles se tornem empreendedores.

  • O malthusianismo estudado

    Diário do Comércio (São Paulo - SP), em 24/08/2004

    A teoria de Malthus vem sendo exaustivamente estudada. Inúmeros são os seus adeptos e inúmeros os contrários. Não há concordância entre um e outro lado, pois a população do mundo aumenta cada vez mais. Imagine-se que o Brasil já possui quase 180 milhões de habitantes, os Estados Unidos conta cerca de 100 milhões a mais, e a China tem a alucinante cifra de 1,3 bilhões de seres humanos, que precisam ser alimentados, vestidos, casados e ainda terem algum lazer.

  • A imagem do nazismo

    Diário do Comércio (São Paulo - SP), em 18/08/2004

    Quem lê, ainda hoje, a história da formação do partido nacional socialista dos trabalhadores alemães, ou, simplesmente, na abreviatura alemã, nazismo, tem o conhecimento seguro da submissão da nação alemã ao partido. O partido se sobrepôs à nação e passou a dominá-la em todos os sentidos. Nada se fazia sem ordem do partido e Hitler, todo poderoso, no alto da hierarquia do mando, tinha as mais barulhentas dentre as idéias que um chefe poderoso pode ter.

  • Não morra o MASP

    Diário do Comércio (São Paulo - SP), em 02/08/2004

    Num dia de fevereiro de 1948 apresentei-me a Oswaldo Chateaubriand, irmão mais moço de Assis Chateaubriand, que me havia convidado para integrar o corpo diretivo das empresas Associadas em São Paulo. Imediatamente, Oswaldo se levantou de sua cadeira e me pegou pelo braço para conduzir-me a sala de dr. Assis, como era chamado o velho capitão por todos os funcionários das empresas. Eu ia entrar para onde me chamava a vocação.

  • Governo explorador

    Diário do Comércio (São Paulo - SP), em 29/07/2004

    Quem dispõe de um cofre com dinheiro, do qual deve prestar contas, mas com a contabilidade camarada, dessas que ajeitam a receita para corresponder à despesa, embora a segunda seja muito maior do que a primeira, precisa de atenção. É o que se passa no Brasil de nossos dias, com o governo de iniciantes, que fazem tudo o que o mestre mandar, e o mestre, no caso, é o presidente Lula, com seus colaboradores mais próximos, prontos a ajudá-lo no que for preciso.