Não me consta que um grupo de visitadores, número elevado de mais de mil, tenha exercido a mesma função para melhorar a vida dos pobres, para socorrer os desfavorecidos, para dar atenção aos desgraçados da vida. Os visitadores apareceram, criados por dona Marta, para pedir votos em seu favor, nas próximas eleições, pois ela se julga a grande reconstrutora, seu lema da cidade mais mal governada do mundo ocidental.
Pois os visitadores estão andando, gastando sola de sapato e o verbo adrede decorado, para influenciar as donas de casa da periferia da cidade, onde se encontram milhões de eleitores, no apoio que pedem para a única solução de que São Paulo precisa para ser a primeira cidade do mundo, superior a Nova York, Tóquio, Buenos Aires, Berlim e Moscou. O fenômeno da visitação deve ser estudado pelos marqueteiros - ou foram eles que inventaram esse auxiliar do rádio, da televisão e do trabalho calculado dos cabos eleitorais?
Estamos em tempo de eleição e no seu transcurso tudo é possível acontecer, inclusive manifestações excêntricas de imaginação, com a única finalidade de obter votos, em geral com mentiras ditas a viva voz aos eleitores dos bairros distantes, dos trabalhadores em saída de trabalho, à tarde, e assim por diante. Em outros tempos, o próprio candidato fazia as visitas, mas eram poucas, pois ele tinha a obrigação de ouvir os pedidos, as críticas e toda a parafernália eleitoral. Agora, isso mudou.
A eleição nas democracias de borra como a nossa, onde temos um presidente que passeia em abundância, e se acreditando um dos líderes do mundo, dá conselhos a torto e a direito, como já fez ao presidente dos Estados Unidos, mais de uma vez, embora caindo em curiosidade, a que o acompanhou nos primeiros dias da revelação das urnas. O presidente Lula aproveita, no entanto, o tempo eleitoral, que é uma espécie de estação social, para tentar crescer, mas poderá vir a ser o sapo de La Fontaine.
Diário do Comércio (São Paulo) 14/09/2004