Quem dispõe de um cofre com dinheiro, do qual deve prestar contas, mas com a contabilidade camarada, dessas que ajeitam a receita para corresponder à despesa, embora a segunda seja muito maior do que a primeira, precisa de atenção. É o que se passa no Brasil de nossos dias, com o governo de iniciantes, que fazem tudo o que o mestre mandar, e o mestre, no caso, é o presidente Lula, com seus colaboradores mais próximos, prontos a ajudá-lo no que for preciso.
Quando Lula foi eleito, a imprensa estrangeira e os partidos de outros países, a classe política e a opinião pública, enfim, acabaram acreditando na sua expressão, que era preciso acabar com a fome. Todos querem acabar com a fome. Lula escolheu a cidadezinha de Guaribas, no Maranhão, mas o povo precisa de saneamento, de água encanada, de esgotos, enfim do que não mata a fome, mas concorre para saúde pública, preservando-a dos malefícios de uma falta de esgotos, por exemplo.
Mas hoje não se fala de fome, de acabar com a fome, pois o próprio Lula viu que seria preciso juntar o Tesouro de todos os países ricos para dar alimentos a brasileiros famintos. Por enquanto, a fome esta engavetada e voltará no dia em que for preciso ludibriar a população. A cesta básica fará o sucesso da campanha em preparação permanente, embora não haja recursos para oferecer a cesta mirífica a todos os necessitados.
Vê-se que a situação não é das melhores, diremos, mesmo, que é pior do que a mídia complacente dedica em colunas a Lula e seu pessoal. Mas é necessário ir adiante, e para isso temos um AirBus de alto luxo, com interior de magnata petrolífero, ou de Scheerezada, das Mil e uma Noites , para atender aos necessitados, em todos os sentidos. É essa a situação do Brasil, não obstante o esfolamento do povo, principalmente dos de menor renda com os impostos extorsivos de uma verdadeira agiotagem oficial. É nisso tudo que é preciso refletir, antes que o país se esmolambe de todo.
Diário do Comércio (São Paulo - SP) 29/07/2004
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