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Artigos

  • Proposta de paz

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP), em 27/04/2004

    Ainda está meio confuso, mas parece que os Estados Unidos, em sua aliança com Israel, dobraram-se aos argumentos de Ariel Sharon e aprovaram a caçada aos líderes palestinos, quase todos englobados como terroristas. Nem Arafat escapará dessa limpeza de terreno, que não ficará mais limpo pelo fato de fulano ou sicrano terem sido eliminados.

  • O mundo e o indivíduo

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 21/04/2004

    Dois fatos, que aparentemente nada têm em comum, podem servir de reflexão para avaliarmos como ficou difícil o bem comum da humanidade. Bin Laden, que, apesar de comandar uma facção terrorista internacional, não deixa de ser um simples indivíduo, propôs uma trégua a diversos países europeus desde que sejam retiradas as tropas coligadas aos Estados Unidos.

  • A culpa feliz

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 11/04/2004

    Nos meus tempos de seminário, sempre que chegava a Páscoa, eu ficava impressionado com um hino composto por São Tomás de Aquino que era cantado, se não me engano, no Sábado de Aleluia. O chamado "Doutor Angélico" pode ser discutido como filósofo ou teólogo, mas como poeta, embora usando o latim corrompido da Idade Média, pode ser considerado como um dos mais perfeitos e um dos primeiros a usar a rima com a mesma precisão de Dante e Petrarca.

  • Abril cruel

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 08/04/2004

    Para T. S. Eliot abril era um mês cruel. Para o Stedile, em 2004 teremos um abril vermelho. O Brasil foi descoberto, segundo a marchinha de Lamartine Babo, num dia 21 de abril, três meses depois do Carnaval. Al Jolson cantou "April Showers". Dá para desconfiar que cada um tem o abril que merece e eu tenho o meu. Não sei em que ano - e desconfio que este abril ficou melhor assim, intacto no tempo, como aquele quarto do poeta no beco da Lapa.

  • Samba do crioulo doido

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 06/04/2004

    Ainda bem que está acabando a onda de testemunhos e confissões sobre o movimento militar de 64. Um dos problemas da mídia, em geral, é não saber (ou não poder) dosar o tamanho e o grau desses aniversários redondos de fatos ou pessoas históricas.

  • Poupando energias

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 01/04/2004

    Era imponente o tio Zé. Trabalhava a semana inteira, médico de clínica geral, dava três expedientes por dia. Pela manhã, o Hospital Miguel Couto, até o meio-dia. À tarde, o consultório particular em Botafogo, na rua Conde de Irajá, uma clientela miúda, mais para pobre do que para remediada. À noite, plantão numa Casa de Saúde da classe média, na Tijuca.

  • O Lázaro paulista

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 31/03/2004

    Vivemos uma época maravilhosa. O único ressuscitado da história foi Lázaro, que era amigo de Jesus e recebeu a ordem: "Levante e ande!". O próprio Cristo ressuscitou, mas não conta, era mais Filho de Deus do que Filho do Homem.

  • Naquele tempo

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 25/03/2004

    Não me darei ao respeito de ir ao cinema ver a Paixão de Cristo segundo Mel Gibson. Tampouco vi outras versões anteriores, nem mesmo a superprodução de Zeffirelli, que tem a fama de ser a mais respeitosa e edulcorada. Considero os Evangelhos como peças literárias, um "auto pastoril", como queria Renan. Não se traduzem em imagens e muito menos em ação.

  • FHC, Lula e Vespasiano

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 23/03/2004

    Parece que FHC inaugurou um novo tipo de comunicação ideológica e política. Ao assumir o governo, recomendou que dele esperassem o contrário do que sempre prometera ao eleitorado. Mas justiça seja feita ao professor: ele dividiu sua biografia em antes e durante o poder. A ruptura entre o que escrevera e dissera fora causada pelo próprio poder.

  • A morte de Jorginho Ginle e a eutanásia

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 19/03/2004

    Tema polêmico, que envolve em parcelas iguais ciência e religião, até agora a eutanásia está longe de ser aceita placidamente pelas sociedades civilizadas. Não deixa de ser um assassinato, de contrariar o mandamento inscrito na fronte de todos nós: não matarás! Mas sabemos que a morte é inevitável, a ciência prolonga e melhora a vida, mas todos os recursos tecnológicos e científicos têm um limite.

  • Protestos e confrontos

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 16/03/2004

    Impressionantes as imagens que nos chegaram da Espanha, com multidões nas ruas condenando atos terroristas em geral e em particular o atentado da semana passada.

  • Caminhos errados

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 15/03/2004

    O atentado na Espanha trouxe um ingrediente novo à luta contra o terror. O "day after" ainda não passou, mas já se percebe algum interesse do governo local em atribuir o ato terrorista ao ETA, enquanto a maioria dos observadores internacionais coloca a chacina de 11 de março como etapa da guerra iniciada em 11 de setembro de 2001. Há suspeita de manipulação política nas informações.

  • A noite, a moça e a fuga

    Folha de São Paulo (São Paulo) em, em 12/03/2004

    Pescava em cima de umas pedras que estavam dentro do lago. Olhou para trás e viu que a mulher o observava. O céu era cinzento, ameaçava chuva, a região deserta. Olharam-se nos olhos, a mulher falou qualquer coisa que o encorajasse - o que não foi preciso. Havia um atalho, penetraram no pequeno bosque de bambus - havia muitos ali. Amaram-se sem esforço.

  • O iate e a canoa

    Folha de São Paulo (São Paulo) em, em 11/03/2004

    Ainda bem que há gosto para tudo. Um milionário americano passou uns dias aqui no Rio, trazendo no bolso um iate que é maior do que um couraçado-de-bolso da 2ª Guerra Mundial. No bolso do milionário ainda sobraria espaço para iates tão colossais que poderiam comportar o Taj Mahal, a basílica de São Pedro, de Roma, e o Maracanã inteiro, com lotação esgotada.

  • Conveniência do porão

    Folha de São Paulo (São Paulo - SP) em, em 10/03/2004

    Toda vez que estoura um escândalo, real ou não, os interessados se esforçam em desviar a atenção da sociedade, procurando saber quem e por que divulgou a tramóia, pondo o escândalo em plano secundário e até mesmo esquecido.