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Artigos

  • Oposição: paga-se bem, ainda

    Jornal do Brasil (RJ), em 29/10/2008

    As eleições municipais garantiram um avanço excepcional na contabilidade democrática do país. Ou melhor, na emergência de novas lideranças, a partir de critérios mais exigentes de êxito eleitoral, do que o da velha pajelança político-partidária e sua inércia nos palanques. Verificamos, sobretudo, no quadro da consciência de mudança, o arquivo rápido de forças que se tornaram obsoletas, diante do impulso do governo Lula. Marca-o a conservação da popularidade presidencial nesses 68% ímpares em nossa história política, à margem do partido, ou das composições políticas que o trouxeram ao poder.

  • O país de Obama e a América de Lula

    Folha de S. Paulo (SP), em 23/10/2008

    O AVANÇO da campanha eleitoral americana só salienta a absoluta desimportância da América Latina no horizonte político dos candidatos. Nenhuma menção ao continente, mesmo quando pode depender dos "chicanos" -e são 30 milhões nos Estados Unidos- o passo definitivo para a vitória democrata.

  • O promíscuo excesso democrático

    Jornal do Commercio (RJ), em 17/10/2008

    Sabemos agora, no confronto entre Paes e Gabeira, que um usa botinas marrons de cano alto, e outro, mocassins pretos; um, camisa azul Royal, e outro, azul clara; paletó abotoado um, fechado outro, o terno príncipe de Gales contra o monotonamente preto. Não temos precedente nesses detalhes para a eternidade, do embate do Rio, nesses detalhes cruciais, em que a irrelevância chegou à melhor retórica do grotesco. Fiquem os engodos da percepção com que a contenda veio à mídia, numa repetição exausta, mas que aposta de toda forma nesta fome política para que acordou no país, e especialmente o Rio de Janeiro, no papel que o voto carioca terá nesse passo à frente para a nossa modernização.

  • Lula e a tentação do segundo turno

    Jornal do Commercio (RJ), em 10/10/2008

    Lula distanciou-se das eleições municipais, deixadas cuidadosamente aos palanques locais, e à emergência de novas lideranças para o Brasil de após o mensalão, o Bolsa-Família e a chegada dos excluídos aos supermercados.

  • Mérida e a releitura da América Latina

    Jornal do Commercio (RJ), em 06/10/2008

    A Academia da Latinidade realizou o seu XVIII Encontro em Mérida, valendo-se da froça simbólica do Yucatán para a busca das identidades culturais profundas da América Latina. Em tempo das hegemonias, e ao mesmo tempo de sua ruptura, mais que nunca as periferias se dão conta de até foi o Ocidente na expropriação da sua subjetividade. O terrorismo do século XXI pode ser a resposta deste rapto da alma coletiva, levando as afirmações errantes, pela violência e o confronto sem volta. O mundo muçulmano foi a primeira-vítima desta toma de consciência tardia e vindicante, que envolve a visão crítica do progresso dos dois últimos séculos, e do seu saldo efetivo de vantagem para as periferias. Mais grave hoje, na banda latino-americana, é ver-se até onde as próprias representações sociais que recebemos com a independência, qual o Estado-nação tradicional quebram-se, hoje, e apontam a novas afirmações identitárias. O mais importante é assinalar o quadro de pseudos antagonismos pelos quais se logra a busca da autenticidade coletiva frente ao turbilhão de pseudos confrontos.

  • A nova e subversiva latinidade

    Jornal do Brasil (RJ), em 02/10/2008

    Desdobram-se as visões da América Latina, no desponte da quebra hegemônica e, de vez, de um governo diferente em Washington. A recém-terminada conferência da Academia da Latinidade em Mérida, na província de Yucatán, no México, debruçou-se sobre, ao mesmo tempo, o futuro das dominações de há menos de um lustro frente às novas multipolaridades e, sobretudo, a crise do Estado-nação entre nós, expressa pelos riscos do establishment da Bolívia e da mesma ameaça que começa no Equador.

  • Evitar a tentação

    O Globo (RJ), em 22/09/2008

    As próximas eleições municipais no Rio de Janeiro são exemplares para o lulismo pós-PT e a nova prosperidade sustentada do país. O toque do presidente no palanque é a consagração, de vez, do candidato ao seu lado. Mas a maré de sucesso que aposenta, de vez, o oposicionismo tradicional nada tem a ver com um populismo clássico, nem deixa o futuro a frete de qualquer lance do Planalto.

  • Direitos humanos e regime de castas

    Jornal do Commercio (RJ), em 12/09/2008

    Vamos aos 60 anos da Declaração dos Direitos Humanos, feita à saída do último conflito mundial. Lugar, talvez, agora onde mais se imponha, esta comemoração, como um clamor de consciência e uma chamada à responsabilidade de nosso tempo não é outro senão a Índia. Ostensivamente democrata sobrevive com o mais inabalável regime de castas e de discriminação social em nosso tempo. E num conformismo que tendemos a esquecer, tanto o país se mantém em 80% de sua população vinculada ao hinduísmo.

  • McCain entre a honra e o horror

    Jornal do Commercio (RJ), em 05/09/2008

    Neste ano eleitoral inédito nos Estados Unidos avulta o maciço apoio da grande mídia à candidatura Obama. O "New York Times", o "Washington Post", o "Los Angeles Times", mantendo a neutralidade objetiva da informação, entremostram a simpatia pelo candidato democrata, marcado por um voto opção. Esta convicção mais se reforça, hoje, no teor da cobertura dada pela "Time" a McCain, nos dias da sua sagração como candidato do status quo. E, ao seu lado, a da absoluta confirmação da linha dura que assume o voto do GOT com o nome apontado para a Vice-Presidência.

  • Depois do fundamentalismo ambiental

    Jornal do Commercio (RJ), em 29/08/2008

    No quadro, hoje, do desenvolvimento sustentado vencemos uma nova barreira qual a do fetichismo ambientalista. No âmbito ainda de uma maturação cultural é conhecido o fenômeno da sofreguidão em nos apossarmos, numa primeira sideração dos reclamos das ditas linhas de ponta da civilização ou da modernidade. Ao avançarmos na consciência cívica nacional assumimos a defesa dos direitos humanos, seguido das exigências sociais, da luta contra a exclusão e o empenho da desconcentração da riqueza, herdada ainda da nossa velha condição semicolonial.

  • Nasce a República de Santa Cruz

    Jornal do Commercio (RJ), em 22/08/2008

    A gravidade da crise boliviana tem a virtude de abrir uma brecha inovadora no processo político latino-americano. Claro, corremos o risco da primeira fratura de um país, desde a sua independência no século XIX. Estão em causa aí diferenças básicas de identidade, entre a matriz andina, no seu contexto Aimara, e a larga região de Santa Cruz, e da Media Luna, toda ela voltada para a plantação e a atividade extrativa, e responsável por 70% do produto nacional. Nela, se assenta a clássica economia de exportação, ao gosto e às exigências neoliberais dos mercados emergentes com a globalização.

  • O racha das duas Argentinas

    Jornal do Commercio (RJ), em 15/08/2008

    Por um voto, o racha entre as duas Argentinas foi a favor da manutenção do status quo do velho regime. Voto esse, inclusive, não de oposicionistas entranhados, mas do próprio vice-presidente, numa decisão agônica, que vai ao fundo do eixo da coalizão no governo Kirchner. De há muito o justicialismo errava por entre equívocos como o do governo Menem, mas mantinha o impulso final histórico, da busca do outro país, frente a um dos establishments mais ferrenhos e implacáveis de toda a América Latina.

  • D. Aloísio, o pastor da justiça

    Jornal do Commercio (RJ), em 28/12/2007

    Deixou-nos D. Aloísio Lorscheider, encerrando o ciclo em que a Igreja do Brasil foi mais longe, na busca da encarnação em nosso tempo, pedida pelo Vaticano II. Foi a expressão desta mensagem “versus populo”, no trazer a esperança efetiva, concreta, aos desmunidos; no dar a voz aos sem-voz, vitimados pela violência, da tortura à fome; no entender que a injustiça pode ser estrutural e sua remoção não implica, apenas, a “boa vontade” dos homens, mas numa efetiva política de mudança que vá à própria conformação da vida coletiva.

  • Jejum, suicídio e martírio

    Jornal do Commercio (RJ), em 21/12/2007

    O impacto do jejum de Dom Cappio, na ribanceira do São Francisco, racha a expectativa dos católicos. Responde à carência permanente de heróis na nossa cultura e pela nitidez da coragem radical do testemunho religioso. E nesses dias contagiou o país inteiro, e a repetição do mesmo gesto, pela solidariedade com o Bispo, reacorda a sociedade civil, machucada pelo escândalo continuado na Praça dos Três Poderes.