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Artigos

  • Genealogia do pires

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 14/07/2005

    Depois da tentativa do governo FHC de impor à nação um pensamento único, tendo como núcleo o neoliberalismo e a globalização, temos agora não um pensamento, mas um assunto único: a corrupção, em suas diversas manifestações, mas todas centradas num único eixo, que é o do financiamento das campanhas eleitorais.

  • Molho nas barbas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 13/07/2005

    Em século passado, quando eu era menino, ficava espantado nas aulas de catecismo. Não me interessava a leitura, mas as gravuras. E todos os homens ali eram barbudos. Nem Deus-Padre escapava. Era um barbudo como os outros, no centro de um triângulo luminoso, que, mais tarde, virou caixinha de fósforo da marca "Fiat lux!"

  • Cenas da 3° Guerra

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 12/07/2005

    Devemos lamentar o recente atentado terrorista em Londres, mas, no ponto a que chegamos, não deveria haver surpresa. Foi um crime mais do que anunciado, na seqüência de outros já cometidos pelo terror e de outros que ainda serão cometidos. Desde o 11 de Setembro, vivemos uma guerra -não fria, como a outra, que terminou com a queda do Muro de Berlim.

  • A grande mosca

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 11/07/2005

    Minha opinião pessoal não conta, nem por isso dispenso-me de expressá-la. Não aprecio o jornalismo dito investigativo, que está em moda e provoca desenfreada concorrência entre jornais, revistas, rádios e TVs.

  • Homens lama

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 10/07/2005

    Nos tempos que correm, todos se dizem democratas, da boca para fora todos clamam pela ética. Nunca uma sociedade foi tão ética e perfeita como a nossa. Tão perfeita que fica indignada quando estoura um escândalo envolvendo o Congresso e um dos partidos políticos, justamente o que mais encheu a boca com a ética.

  • Partidos de hoje e de ontem

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 08/07/2005

    São pouquíssimos os consensos formados em nossa vida pública. Um deles foi obtido agora, com a crise que o governo atravessa. É a necessidade da reforma política, que gerou e explodiu no escândalo do "mensalão". Mesmo que se descontem os exageros das acusações do deputado Roberto Jefferson, por mais que o desqualifiquem, todos sabemos que as campanhas eleitorais e a existência física dos próprios partidos são custeadas com dinheiro arrancado das estatais, de bancos e empresários.

  • "La Ronde"

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 07/07/2005

    Desconfio das coisas muito repetidas, dos slogans e gritos de guerra: "Todo o poder ao povo!". "Povo unido jamais será vencido!". "Tortura nunca mais!". "Um, dois, três, corruptos no xadrez!" (Este último ainda não entrou em circulação, mas não custa esperar).

  • O seu a seu dono

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 06/07/2005

    Uma das angústias do jornalismo é a inevitabilidade das generalizações. Impossível deixar de cometê-las num texto curto, apressado e genérico como são as crônicas publicadas neste espaço.

  • Baile fiscal caipira

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 05/07/2005

    Não engrosso a turma dos que acreditam próximo o fim de mundo institucional em nossas bandas. Que as coisas estão complicadas, estão. Muito vexame e até mesmo uma espécie de baile fiscal caipira, com a festa junina (em julho) promovida por Lula na Granja do Torto. (Por falar em Torto, lembro que Guimarães Rosa, entendido no assunto, em lugar de Diabo, Satanás ou Demônio, preferia chamar o Pai das Trevas de "O Torto").

  • Tempo de supositórios

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 04/07/2005

    Depois da roda e da pólvora, a maior descoberta do gênio humano deve ser creditada à mídia do nosso tempo. Não chega a ser um supositório como queria o romancista Campos de Carvalho, mas coisa parecida: o adjetivo "suposto". Serve para livrar a cara de qualquer comunicador de rádio, TV ou jornal. Ele se obriga a comunicar o que julga ser necessário, mas tira o corpo fora, apelando não para o supositório, mas para o suposto, tornando a comunicação uma suposição.

  • Outra crônica de 1994

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 03/07/2005

    Transcrevi ontem uma crônica de 1994 a propósito de um crime na tesouraria da CUT, abafado pela mídia, que, na época, era compactamente petista. Na mesma ocasião, publiquei outra crônica que provocou cartas de leitores pedindo minha cabeça -não me consideravam digno de escrever naquele espaço. Repetirei hoje a crônica do dia 26 de janeiro de 1994.

  • Uma crônica de 1994

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 02/07/2005

    Em janeiro de 1994, o sindicalista Cruz Filho, que trabalhava na tesouraria da CUT, foi assassinado por um companheiro de partido. No dia 13 daquele mês e ano, escrevi, neste mesmo espaço, uma crônica que considero atual.

  • Casa mal-assombrada

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 19/06/2005

    Que a crise está braba está. Desde que assumiu o poder, nem Lula nem o PT passaram por entaladelas iguais. Tudo o que houve anteriormente parece nada diante do que está havendo e, sobretudo, do que ainda poderá haver.

  • Einstein e eu

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 18/06/2005

    Como todos sabem, após a morte de Einstein, em 1955, o patologista de plantão no hospital universitário de Princeton, Thomas S. Harvey, fez a autópsia do cadáver e, por conta própria, tirou o cérebro do gênio e levou-o para casa a fim de estudá-lo e descobrir onde se localizava a genialidade do falecido. Foi demitido.

  • Um quadro de andorinhas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 17/06/2005

    Deixei o hospital com a mesma roupa com a qual fora atropelado. O terno estava razoavelmente limpo, pois, apesar da violência do choque, pouco se rasgara. A sujeira não era muita, apesar das manchas de sangue. Com o tempo, não mais pareciam sangue, mas café. Eu entornara um bule de café nas costas e nas calças -nada mais do que isso. Meu aspecto não devia ser agradável, nunca o fora, mas não chegava ainda a ser repugnante.