Flta de criatividade
Não fui eu. Foi o presidente da República quem falou em golpismo. Tentou amedrontar a nação que já vive amedrontada, não pela possibilidade de um golpe, mas por não saber até onde o mar da corrupção arrastará a nação.
Não fui eu. Foi o presidente da República quem falou em golpismo. Tentou amedrontar a nação que já vive amedrontada, não pela possibilidade de um golpe, mas por não saber até onde o mar da corrupção arrastará a nação.
Ignorante em economia, leigo em mercado e negócios, nunca entendi por que uma lata de sardinhas da mesma marca e tamanho custa tanto em determinada loja e custa menos ou mais em outra. Já me explicaram. Ou não entendi ou esqueci.
Como na Roma de antigamente, na baía de Angra dos Reis (365 ilhas, uma para cada dia do ano), todos os caminhos levam à Ilha Grande. Principalmente por mar. Para as naus de Gonçalo Coelho que ali chegavam, ela se destacava não apenas pelo tamanho, mas pela altura e pela vegetação que estreitava o horizonte à medida que as caravelas com a cruz de Malta dela se aproximavam.
José Serra, um dos presidenciáveis do PSDB, manifestou-se contra a reeleição e a favor do mandato de cinco anos. Espantoso como o interesse pessoal muda a cabeça dos políticos. Na Constituição de 88, foram fixados quatro anos para os períodos presidenciais.
Não é hábito comemorar ou lembrar datas que não sejam redondas, quando então todos falam de um mesmo assunto e mais ou menos com as mesmas palavras. Acontece que ontem o AI-5 fez, se minha aritmética estiver correta, 37 anos. Se vivo fosse, estaria entrando na idade da razão.
Com algum atraso, escrevo hoje sobre Luiz Alberto Bahia, falecido nos primeiros dias deste mês. Foi um tipo raro de jornalista, antes de mais nada pela formação humanística, que nele se sobrepunha aos macetes técnicos que fazem parte do equipamento básico de um bom comunicador. Conhecia os segredos e truques da profissão, foi um dos mais notáveis chefes de Redação de um grande e histórico jornal.
Não deu para entender. Lula acredita e proclama que a oposição é golpista. Por acaso ou não, na atual crise que o governo atravessa, e apesar do histerismo de alguns setores, sobretudo na mídia em alguns momentos e casos, poucas vezes em nossa história tivemos uma oposição tão bem comportada em termos institucionais.
Pressionado pelas denúncias, comprovadas em sua maioria pelos fatos, o PT admitiu seu caixa dois, cujos fundos, como sempre acontece com os caixas dois, vieram de dinheiro sujo ou, na melhor das hipóteses, de contribuições suspeitas, que não foram contabilizadas como manda a lei.
De poucas palavras e muitas convicções, quando dava um bom-dia não era um cumprimento, era uma declaração de princípios. Quais, ninguém sabia, nem mesmo ele, mas eram princípios que lhe valeram a fama de sábio entre os sábios e de justo entre os justos.
João Francisco Xavier da Silva, notável tribuno, ensaísta, diplomata, parlamentar, jornalista e dentista no início de sua carreira, nasceu em São Paulo, em 1914. Naquele mesmo ano, um estudante matou o arquiduque da Áustria em Sarajevo, ponto de partida para uma guerra que duraria quatro anos e, com a entrada dos Estados Unidos no conflito, iria se tornar mundial, envolvendo dois continentes e antecedendo alguns anos a Segunda Guerra Mundial, em 1939, que só terminaria quando explodiu a primeira bomba atômica em Hiroshima.
Fizeram a mesma pergunta a Severino Cavalcanti e a José Dirceu: qual é o seu futuro? Os dois foram cassados mais ou menos pelos mesmos motivos. Exerciam cargos importantes: o primeiro era presidente da Câmara dos Deputados e teria recebido R$ 7.500 para renovar o contrato da concessão dos restaurantes no Congresso.
Tempo de cassações tem alguma coisa a ver com a velha prática da defenestração, um tipo de limpeza de terreno que lembra a fase que atravessamos. Atirar pela janela -raiz etimológica da defenestração- tinha a vantagem de não se mascarar em solução moral ou legal para se livrar de um adversário. Era praticada na marra, sem esconder os objetivos de poder ou conveniência de um grupo ou pessoa.
"O Brasil está crescendo dentro de suas possibilidades". A frase não é do conselheiro Acácio, que deu o tom e o conteúdo dos pronunciamentos de FHC durante os oito anos de seu mandato. Não creio que Lula saiba quem foi o conselheiro, mas não importa. O fato é que, mediunicamente, deixou que o personagem de Eça de Queiroz baixasse na atual crise que ele atravessa, crise que o deixa chateado.
Começo a ver claro na confusa, indecifrável vida nacional. Os estrategistas durante a guerra, os sanitaristas durante as epidemias, garantem que o mais importante é localizar o núcleo do inimigo ou o foco das infecções. Até a semana passada, para os nossos lados estava tudo boiando, sem nitidez, sem solução possível.
Já tinha visto coisa parecida, mas em forma de filme, sem equivalência com a vida real. Um sujeito mata a mulher. Policiais, advogados, mídia, opinião pública, aquilo que costumam chamar por aí de "sociedade" ficam traumatizados pelas circunstâncias que envolveram o assassinato.