Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos

Artigos

  • A cassação de JK

    Com algum atraso, vou lembrar o 45º aniversário da cassação de Juscelino Kubitschek, em junho de 1964. Logo após o golpe daquele ano, os militares cassaram o presidente em exercício, João Goulart, e um ex-presidente, Jânio Quadros. Inicialmente, JK foi poupado.

  • Uma entrevista

    Sem desdenhá-lo, confesso que nunca dei muita bola para Michael Jackson enquanto vivo, nem estou dando depois que morreu. Mesmo assim, esta é a segunda crônica que escrevo sobre ele, sinal de que alguma forma ele - como pessoa e não como artista - me impressionou.

  • O morfema

    Estava mais ou menos distraído quando, de repente, me vi diante de uma palavra que me derrubou: “morfema!” Que diabo seria isso? Com alguns livros publicados, reeditados, traduzidos e devidamente espinafrados pelas cultas gentes, teria a obrigação elementar de saber o que era morfema.

  • No bonde da história

    ‘Somos um povo decente governado por ladrões!’ Esta manchete foi repetida algumas vezes por um jornal do Rio, no tumultuado ano de 1954, que teve seu clímax em 24 de agosto, dia em que um presidente da República que não era ladrão se matou.

  • Coisas

    Acredito que muitos se escandalizaram com a foto publicada ontem, na qual dois políticos, um presidente da República e um ex, Lula e Collor exatamente, estão abraçados, sorrindo, dividindo o mesmo palanque. Não se precisa ir tão longe no passado para lembrar a campanha em que os dois se engalfinharam, inclusive com o baixo recurso usado por um deles, que desencavou uma filha bastarda do outro. Coisas.

  • Problemas e soluções

    Sempre desconfiei que tudo o que o mundo possa ter, de bom ou suportável, é pensado e feito enquanto todos estão dormindo, respeitando-se, é claro, o fuso horário de cada região. Acordada, a humanidade não apenas faz a higiene diária, mas entra logo em desacordo, não apenas por meio dos indivíduos, mas das instituições.

  • Alhures, a desoras

    Outro dia, usei em crônica meio atrapalhada a palavra “alhures”. Juro perante Deus que nos há de julgar que foi a primeira vez em muitos anos de crônica e só não foi a última porque a estou usando outra vez neste texto em que dou uma explicação que não me foi pedida.

  • Até quando?

    Com a queda de Getulio Vargas, em 1945, por deliberação dos militares que depuseram o ditador o poder foi entregue ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro José Linhares.

  • Dois gigantes

    Mestre Villa-Lobos estava em seu apartamento na Esplanada do Castelo e eu fui levar-lhe Leonide Massine, coreógrafo de “Quinta Sinfonia”, “Gaté Parisienne”, “O chapéu de Três Bicos” e outros clássicos da era de ouro do balé mundial. Ele fora contratado por Murilo Miranda para temporada no Teatro Municipal do Rio, em 1955, e desejava uma partitura brasileira para montar um espetáculo que seria mais tarde incorporado ao repertório internacional. Entendidos do ramo haviam-lhe sugerido algumas produções de Francisco Mignone e Cláudio Santoro, mas Villa-Lobos era o preferido.

  • A primeira pedra

    Não parece: justamente agora, quando pensávamos em desafios da era moderna, ecologia, internet, conquista espacial, somos obrigados a viver e conviver com velhas palavras e usanças que julgávamos desativadas para sempre. Uma delas, que voltou ao cartaz com força total, é nepostismo.

  • Scliar e Bush

    Nada melhor do que um dia depois de outro com uma noite no meio. Sendo como sou, habituado a embarcar em canoas furadas e sempre contra a maré, inverto a frase anterior: nada pior do que uma noite depois de outra com um dia no meio.

  • Gripe & Sonho

    Esta gripe está tendo desdobramentos inesperados, proporcionando até oportunidade para que os assaltantes usem máscaras, o que pode fazer bem para a saúde deles, mas é um desastre para o bolso dos assaltados. E, falando em desdobramentos inesperados, olhem só o que escreveu na Folha de S. Paulo o Carlos Heitor Cony, grande escritor, grande jornalista e grande amigo. O título é “Scliar e Bush”: “O Moacyr Scliar, como excelente médico sanitarista, me ensinou que devia lavar as mãos cuidadosamente, várias vezes ao dia, para evitar entre outros males a gripe suína. Não bastava lavar a palma, é preciso lavar as costas da mão, os pulsos, o espaço entre os dedos. Na noite daquele dia, sonhei que estava no banheiro do restaurante Alcaparra, no Flamengo, e lavava as mãos rotineiramente quando entrou, nada mais, nada menos, do que o presidente George Bush, pai. Ele começou a lavar as mãos, na pia dele não havia sabonete, pediu-me o que estava comigo. Passei-lhe o sabonete e ele lavou as mãos com esmero, seguindo os conselhos do Moacyr Scliar e silenciosamente me reprovando o fato de não ter feito o mesmo. O sonho terminou aí, mas passei o dia meditando sobre o insuportável destino humano, que faz um cidadão misturar o Scliar e o Bush pai na sequência de um mesmo sonho. Tenho certeza de que o Scliar não mantém qualquer tipo de relação com o ex-presidente. Penso no meu querido amigo Scliar, preocupado com a minha saúde e com a saúde da plebe em geral. Nunca pensei em Bush, nem no pai, nem no filho nem no espírito deles”. E termina o Cony: “Como fui misturar tudo isso num sonho que me obrigou não somente a lavar as mãos novamente, mas a alma, o coração e o gesto?”.