Sempre desconfiei que tudo o que o mundo possa ter, de bom ou suportável, é pensado e feito enquanto todos estão dormindo, respeitando-se, é claro, o fuso horário de cada região. Acordada, a humanidade não apenas faz a higiene diária, mas entra logo em desacordo, não apenas por meio dos indivíduos, mas das instituições.
Há meses que os homens, aqui no Brasil, estão preocupados com os parentes uns dos outros, principalmente se esses outros são políticos ou administradores. Assuntos sérios, que precisam de estudos e projeções, como o pré-sal, a previdência, o saneamento básico da maioria dos municípios brasileiros, sem esquecer a segurança e a educação, tornam-se assuntos para os especialistas que se especializam em tratar de coisas especiais sem considerar o todo – uma vez que o todo está empolgado para saber o que a faxineira da casa do Sarney está fazendo na biblioteca do Museu do Índio em Guaratinguetá (não sei se nessa pujante cidade do Vale da Paraíba existe museu dedicado aos índios, mas não existindo, é até melhor saber que a faxineira de Sarney trabalha num lugar inexistente).
No plano internacional, briga de cachorro grande pode vir por aí. Em sua última encíclica, o papa sugere uma reforma substancial na ONU, que não mais atende aos problemas atuais. Está certíssimo, mas o troco poderá vir com a ONU sugerindo que a igreja também faça uma atualização, a última que foi feita, nos tempos de João 23, já está necessitando de lanternagem.
Não se deve esquecer outro assunto que nunca chega à mídia, não por culpa minha, mas por descaso dos outros: onde estão os ossos de Dana de Teffé? Já o disse diversas vezes, aqui e alhures: nada dará certo no Brasil enquanto não resolvermos este mistério.
Jornal do Commercio (RJ), 21/7/2009