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Artigos

  • Além da retórica da pobreza

    O Papa dos confins faz, agora, ao Brasil, a primeira viagem fora do cenário de Roma, na busca da sintonia com o nosso tempo. Depois do Vaticano II, investe-se da responsabilidade de um recado, e esse não pode escapar ao profético, no magistério da Igreja. No capital de expectativa que granjeou, só reforça a sutileza nos gestos, ao lado das palavras e da visão implacavelmente pública de cada um de seus passos. Soube, já, evitar a retórica fácil da simplicidade, no manter um cotidiano, tão seu, do ex-arcebispo de Buenos Aires, no descarte do luxo pontifício, desde a troca da cruz peitoral.

  • A Igreja dessacralizada de Francisco

    O coloquial exuberante do Papa Francisco cumula os impactos sobre a sua visão de Igreja na força de seus alertas, mais, inclusive, do que de sua pregação. Na virada de página, quer uma Igreja liberada do clericalismo, tal como proclama, em toda uma marca inédita de modernidade, que a Igreja "não é uma ONG". Sobretudo, o recado apregoa o escândalo do Cristo, a nos guarnecer contra todo o quietismo religioso. Não poderia ser mais incisivo na defesa do pluralismo cultural, e seu clamor, mais que repetido, pelo diálogo superou, de muito, os seus reclamos sobre a injustiça social.

  • Reforma política e voz das ruas

    A presidenta deu-nos a chave para entender a erupção continuada dos protestos no país e, sobretudo, o caráter crescentemente difuso dos seus clamores. Estaríamos diante de uma “toma de consciência” da crescente melhoria social nesta última década, a, exatamente, querer mais na melhoria coletiva que experimenta o país. É a tomada de consciência generalizada desse avanço que explica o caráter genérico da ida às praças, muito mais próximo da “Revolta dos Indignados” espanhola, do que das nossas anteriores descidas às ruas na “Marcha dos 100 mil”, ou do “Fora Collor”.

  • Os reptos emergentes da universidade

    A atual perspectiva do ensino superior registra a dominância incisiva do setor privado desde o governo Costa e Silva, e, no seu âmbito, pela expansão acelerada da universidade comercial frente à filantrópica. O importante é a escala dessa prestação, que hoje chega a universidades com 1,5 milhão de alunos contra uma média que mal atinge os 10 mil estudantes.

  • Dr. Alceu, na voz de Francisco

    Celebramos, no último dia 14, os trinta anos do falecimento de Alceu Amoroso Lima. Dias antes, seu nome foi a única referência explícita do Papa Francisco, no Rio, a um leigo brasileiro. Só cresce o recado do fundador da Ação Católica Brasileira, e do protótipo da tradição do Vaticano II, respondendo aos "sinais dos tempos", no confronto com o antimodernismo dos tempos de Pio IX e Pio X. Dentro dessa militância do convertido por Jackson de Figueiredo, Alceu contrasta com Sobral Pinto e Gustavo Coração. Foi sua a aposta na Igreja da mudança, frente à neutralidade do primeiro e ao fundamentalismo do segundo, a ponto, inclusive, de se poder falar em conflito com a própria docência da Igreja entre nós e na crítica de Dom Eugênio Salles.

  • Da ‘Primavera Árabe’ ao inverno democrático

    O Conselho das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações vem de se reunir no Cazaquistão para debruçar-se sobre o perfil de uma globalização pós-hegemônica. Qual o impacto dos BRICS no real balanço de poder frente ao atual protagonismo internacional? Superarmos um contraponto realmente polarizado como nos velhos tempos da Guerra Fria?

  • Depois dos BRICS, a Eurásia

    A Unesco vem de realizar em Astana, capital do Cazaquistão, conferência sobre essa outra ponta destes tempos de pós-globalização hegemônica, e da emergência dos BRICS nesta nova coexistência internacional. Concentrou-se no mundo da “quase Europa”, dos países de intermédio entre o Cáucaso, a China e a Índia. Neles, a liderança vai ao Cazaquistão, frente aos uzbeques, turco menos e quirguizes.

  • A cidadania repta a democracia

    Nos quiproquós da ação internacional na Síria, cada vez mais se define uma consciência internacional contra as globalizações hegemônicas e seus ditos “tratamentos cirúrgicos” das violências coletivas. Não se trata apenas de atentar à distância, de vez, nos Estados Unidos, entre as guerras de Bush e os freios que enfrenta, agora, Obama, diante do governo de Assad. E o que se depara é, de fato, uma consciência geral do Primeiro Mundo, após os vetos russo e chinês, mais a rejeição democraticíssima que o Parlamento britânico impôs ao primeiro- ministro Cameron.

  • O povo continua na praça

    Nossa convivência política nestes dias com a voz das ruas já ganhou a admiração lá fora pela liberdade deixada às marchas, ajuntamentos e protestos nas cidades-chave do país. Vencemos um teste democrático limite, e até da conduta policial, a acompanhar, quase como um rito, os itinerários da manifestação popular.

  • Consciência política e anarquismo

    As manifestações em todo país, no 7 de setembro, ganharam outra dimensão, no que seja a política do "povo na praça". De saída, consolidou-se a novidade dessas convocatórias, em que o chamado pelos facebooks foge, por inteiro, da antiga dependência midiática. Deparamos um poder de mobilização que se espanta na sua força e, sobretudo, parte de impulsos cada vez mais anônimos e fora de qualquer liderança ostensiva, sem qualquer projeto de poder. As últimas semanas mostraram o esgotamento de reivindicações objetivas, passadas das generalidades de melhor educação, saúde ou segurança para os pleitos salariais do funcionalismo ou do emprego privado, de bombeiros, como dos próprios policiais.

  • Velhas dependências e neocontroles

    A partir do inédito da operação militar cirúrgica pretendida pelos EUA na Síria, vivemos uma conjuntura internacional devolvida, de fato, à interdependência das nações. O lance do governo de Washington não encontrou o apoio pretendido do Reino Unido, e teve a resistência inesperada do próprio Congresso americano, entendida, de saída, como pró-Obama.

  • Acelera-se nossa maturidade democrática

    As últimas semanas vêm demonstrando uma dimensão nova, para ficar, da nossa cultura. Aí está a decantação de uma consciência política a avançar no fato consumado, ainda que sempre perfectível, da nossa democracia. Às sucessivas manifestações do povo na praça, servia de estopim o repúdio da corrupção pública. Mas tal, na melhor leitura sociológica, a exprimir um moralismo das classes médias, sem atingir como um todo o "povo de Lula", saído diretamente da marginalidade pelo empenho prioritário dos governos petistas.

  • Um outubro de surpresas políticas

    Deparamos, nestes dias, as surpresas frente ao que se entendia como os jogos feitos no desfecho das crises do Oriente Médio. E, de saída, no embate político do Egito, quando, ineditamente, o líder do golpe militar, o general Sisi, ganha popularidade, enche a Praça Tahrir e vai às massas, num contraponto à derrubada do presidente Mursi.

  • Enfim, tudo à educação

    No avanço da consciência pública da política de mudanças, o presente ano registra uma aceleração única dos incrementos à educação nacional, que se cumulam, numa riquíssima plataforma de incentivos, do Fies ao Prouni, passando pelas propostas de auxílio do BNDES, a nova pletora de ajuda financeira para o salto da oferta nessa área prioritária do desenvolvimento. Na mesma medida, despontam no horizonte os recursos do pré-sal, na gigantesca cornucópia que se anuncia, fazendo do fomento à educação quase o sócio primordial da expansão petrolífera do país.