Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos

Artigos

  • A regra do jogo

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 12/09/2005

    O visual não chega a ser agradável, agravado pelas fotos com que a imprensa, sobretudo a semanal, se esmera em apresentá-lo como um cangaceiro. Além disso, Severino é criticado pela mídia como representante de um Brasil retrógrado, fora do esquadro de um país que se julga moderno mas tem a pior distribuição de renda, os juros mais altos do mundo e outras misérias -não por culpa dele, mas por conta dos grupos que detêm o poder e se acreditam vestais, transparentes como os anjos.

  • O anjo exterminador

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 11/09/2005

    Que cada um de nós, individualmente ou em grupos indignados, éticos, escolha os seus vilões preferenciais. Numa lista apressada, atual e incompleta, aí vão alguns nomes: Delúbio, Severino, Marcos Valério, Zé Dirceu, Roberto Jefferson, Paulo Maluf e prole, Zé Genoino, Lula, os hierarcas do PT, o Duda Mendonça -e por aí vai, ao gosto ou desgosto de cada um.

  • Mulheres nuas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 10/09/2005

    Na semana passada, falei do mago do Tibete, que, além de mago, era magro e tinha poderes para explicar o passado e adivinhar o futuro, além de possuir outros tantos poderes para transformar pedras em pães, água em vinho e, no terreno das amenidades, fazer qualquer mulher, de qualquer raça, língua, cor e crença, despir-se, dançar e transar à vontade do freguês.

  • Da arte de falar mal

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 09/09/2005

    Durante anos, em minhas primeiras andanças no ofício de cronista, mantive no "Correio da Manhã" e quase simultaneamente na "Folha de S. Paulo", onde revezava com Cecília Meirelles dia sim, dia não, uma seção assim intitulada: "Da arte de falar mal". Não chegava a falar mal de ninguém, mas, genericamente, de tudo, o que até hoje faço, sem o mesmo vigor, é certo, mas com igual dose de razão. De lá para cá, o tempo não conseguiu melhorar nem a mim nem ao mundo.

  • As bruxas e a chuva

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 08/09/2005

    Os vilões se sucedem nesta temporada de caça às bruxas que a ilibada sociedade brasileira está promovendo em defesa dos sadios princípios que a regem e guiam. Nada tenho contra. Existem bruxas, são vilões mesmo, traíram a confiança dos eleitores, meteram dinheiro vil no bolso e nos paraísos fiscais (ouvi dizer que o Severino tem a mania de guardar dinheiro no colchão, que é lugar mais quente e seguro).

  • Trajes menores

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 07/09/2005

    Na primeira legislatura do Congresso Nacional após a ditadura do Estado Novo, o primeiro deputado cassado por falta de decoro parlamentar foi Barreto Pinto. Não tenho certeza se havia "mensalão" naquela época, talvez houvesse, mas sem dar tanto na vista. O que deu na vista é que o deputado, que vivia com uma milionária num palacete na avenida Oswaldo Cruz, foi fotografado de cueca.

  • Os anéis e os dedos

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 06/09/2005

    Três comissões de inquérito no Congresso, centenas de declarações bombásticas contra a corrupção, outras tantas promessas de cortar fundo na carne e ir até o fim das investigações, punindo na base de doa a quem doer, pressão da mídia (mais do que da opinião pública) -e a crise aí está, não exatamente em feitio de pizza, que precisa de forno bem quente, mas de uma pasta informe cozida em banho-maria.

  • O silêncio de Deus

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 05/09/2005

    Lendo o livro de Jorge Semprun "O Morto Certo" (editora Arx, 2005), fiquei impressionado com a sucessão de misérias ocorridas no campo de concentração de Buchenwald, onde o escritor espanhol esteve durante os últimos anos da 2ª Guerra Mundial. Já conhecia o horror dos outros campos onde milhões de judeus foram massacrados.

  • As CPIs e Frank Sinatra

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 04/09/2005

    A piada talvez não seja nacional, mas é carioca, tipicamente carioca. Como alguns podem recordar, durante séculos, anunciava-se a vinda de Frank Sinatra ao Brasil. E ele nunca vinha. Era um punhal cravado no coração, um espinho no orgulho nacional.

  • Jornal antigo com grande cena na alcova da rainha

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 02/09/2005

    Vou contar uma história que poderá parecer inverossímil, mas é verdadeira, embora fantástica. Um sujeito -cujo nome não importa, mas que viveu realmente, sendo inclusive vizinho de um tio que morava no Grajaú-, ali pelos 50 anos, decidiu fazer uma viagem pelo mundo, mas foi sozinho, sem levar mulher e filhos. Deixou dinheiro suficiente para os dois anos que passaria fora e uma instrução suplementar, diria que pétrea: em sua ausência, a família compraria, todos os dias, os jornais que ele habitualmente comprava, inclusive edições extras, se as houvesse.Tudo deveria ser guardado religiosamente, em ordem cronológica, e deviam ser tomadas cautelas de preservação, impedindo que baratas roessem os jornais e a poeira os maltratassem. Ele não podia prever que, estando em Lubeck, lá em cima, onde a Alemanha acaba, nas margens do Báltico, tivesse um mal-estar e fosse internado num hospital, onde passaria mais de dois anos.

  • O resto é silêncio

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 01/09/2005

    A caminho do terceiro mês de crise, e como se não bastassem a confusão nacional e a indignação da sociedade, setores mais entusiastas do "quanto mais cuspe melhor" criticam o silêncio dos intelectuais. Uma cobrança polêmica. Nunca os intelectuais falaram tanto, contra, a favor ou mais menos. Falaram e continuam falando mais do que os depoentes das CPIs, as autoridades, os inocentes e os culpados.

  • O legado de agosto

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 31/08/2005

    Pelos meus cálculos, que nunca são confiáveis, agosto termina hoje. Com sua fama de trazer azar e promover desgostos, criou alguns casos por aí, mas um único fatal, pelo menos até segunda ordem: morreu a Velhinha de Taubaté. Não de causas desconhecidas - como disse o Veríssimo, que deveria saber melhor do que todos nós -, mas por falência múltipla de órgãos.Além dos órgãos que todos trazemos desde o momento de nossa concepção, recentemente a Velhinha havia acrescentado a seu combalido organismo mais três órgãos em forma de Comissões Parlamentares de Inquérito, que parecem estar a caminho da falência.

  • Conjunto de obra

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 30/08/2005

    No cinema, na literatura, nas artes plásticas e na música, criou-se a cultura dos prêmios, distribuídos anualmente ou, em casos especiais, para comemorar datas ou eventos, como o centenário de uma cidade ou instituição. Ditos prêmios são geralmente relativos a obras específicas, surgidas em determinado período.

  • Sou ariano

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 29/08/2005

    Não se trata de uma declaração racial. Pelo contrário, sou resultado de abominável mistura de sangues oprimidos, vivesse eu na Alemanha nazista seria potencialmente um promissor candidato aos campos de concentração.