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Artigos

  • Um Brasil desconhecido

    Jornal do Commercio (RJ), em 10/11/2011

    Conheci, a convite do Clube da Aeronáutica, e na companhia de inúmeros pesquisadores do grupo do "pensamento brasileiro", o que, como a maioria dos cidadãos, eu ignorava. O trabalho anônimo, perseverante, heroico, das Forças Armadas na defesa das fronteiras geográficas e do espaço aéreo nacional. E mais, os centros de controle do gerenciamento do tráfego dos aviões. E foi para todos uma experiência nova, a descoberta desse Brasil diferente, escondido, desafiador, solitário e injustiçado, onde o esforço de nossos militares mal chega ao conhecimento do povo, na política demagógica de alguns que tentam solapá-los. E isso começou, entre nós, na lúcida análise de Vera Lúcia Borges, em seu livro A batalha eleitoral de 1910, a partir da luta civilista de Rui Barbosa (que perdeu a eleição à presidência), contra o Marechal Hermes da Fonseca. Na época escreveu o escritor Carlos de Laet, contra o que chamou de" candidato pseudo civilista": "Francamente, porém, mais espero do soldado honesto e sincero que da velha raposa, ultra-preparada para os assaltos ao galinheiro político, e que no dizer do seu próprio panegirista, sr. Medeiros de Albuquerque, costuma ter por ano trezentas e sessenta e cinco opiniões, todas retoricamente fundamentadas(...)". Sem entrar no barco das paixões eleitorais, sim, foi com a visão de soldados honestos, íntegros e sinceros, dedicados ao dever, na obediência à hierarquia, longe do raposismo político que permeia abominável corrupção, que reativei em mim, o sentimento de pátria, tão relegado, como coisa ancestral, quando é o princípio de nacionalidade.

  • O ministro Gilmar Mendes e seu novo livro

    Jornal do Commercio (RJ), em 26/10/2011

    Acaba de sair Estado de Direito e Jurisdição Constitucional (2002 - 2010), pela editora Saraiva e pelo Instituto Nacional de Direito Público, do eminente ministro do Supremo Gilmar Ferreira Mendes, notável constitucionalista. Mais que um livro, é uma enciclopédia de julgados do mais alto Pretório do País, reunindo, em 1.451 páginas, as decisões relevantes nos nove anos de atuação naquele tribunal.

  • O sino do sino

    Diário da Manhã (GO), em 11/12/2010

    Mestre Rubem Braga, habitante do mesmo lugar de infância de Roberto Carlos, Cachoeiro de Itapemirim, conta que, no fundo do sertão, uma pequena igreja tinha um sino de ouro. A cidade também era pequena e o povo se acostumou com o som de ouro do sino, sem saber se o som também era de ouro e era um toque de alegria e felicidade. Como se todos viessem daquele som. Pois o sino em cidade do interior é o aviso das coisas cotidianas, o relógio do trabalho ou descanso ou convite ao culto, com o alvoroço nas vitórias e dorido anúncio nos enterros.

  • Quem somos nós?

    Diário da Manhã (GO), em 14/10/2010

    “Se eu não estiver a meu favor, quem estará? Se eu não estiver a favor dos outros, quem sou eu ? E se eu não estou agora, quando estarei?” Isso afirmou o Rabi Hielel, no século 12 e é atualíssimo.

  • Entre o Brasil arcaico e o novo

    Diário da Manhã (GO), em 12/10/2010

    A última decisão do Supremo Tribunal Federal, em que houve empate no assunto fundamental, que foi o das “fichas limpas” dos políticos, revelou-se o confronto cioso entre o Brasil velho, patrimonial, arcaico e o Brasil jovem, aberto ao mais arejados horizontes.

  • Sapatos do repuxo

    Diário da Manhã (GO), em 11/10/2010

    Não tenho mais domingo igual àquela pedra imensa, o rio anda com sapatos do repuxo, as palavras ainda são rápidas como peixes. As fábulas pulam verdes, iguais às rãs. E encostado numa árvore, já não arrolo nada e começo devagar a morrer, mesmo que a infância nunca morra. Nem envelhece jamais. Porque não conta tempo, conta luz. Tinha um cão que saía da infância e se chamava “Lex” efeneceu sem latir artigo algum. Deitou-se azul e foi sumindo. E ficou uma mancha celeste, onde as comitivas das formigas se reúnem.

  • Pe. Antônio Vieira e os peixes

    Diário da Manhã (GO), em 06/01/2009

    Tudo o que o mestre da retórica sacra lusitana percebia, hoje percebemos com igual impunidade. E o que nos surpreende no gênio de Antônio Vieira é a utilização da palavra como arma temível, desdobrável, muitas vezes em chama, ora ao falar aos portugueses, ora aos holandeses (pela invasão), ora no Brasil Colônia, ora aos príncipes, ora ao vulgo, ora aos próprios peixes, não importando a quem, desde que alcance seus intentos de convencer , espantar ou evangelizar. Usando a alegoria, para Octavio Paz – “expressão do pensamento analógico”.

  • Cassiano - Injustamente esquecido

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 16/11/2005

    Cassiano Ricardo foi um poeta que pertenceu a uma raça extinta de bandeirantes da palavra. Ele nasceu em São José dos Campos a 26 de julho de 1895 e, injustamente esquecido, morreu na cidade de São Paulo a 14 de janeiro de 1974.

  • A lucidez inconformada de Otto Lara Resende

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 28/09/2005

    Nascido a 1º de maio de 1922, em São João del Rey, em Minas Gerais, e falecido a 28 de dezembro de 1992, no Rio, Otto Lara Resende foi um dos Quatro Mineiros do Apocalipse, na companhia de Hélio Pellegrino, Paulo Mendes Campos e Fernando Sabino. Formou-se em direito, foi adido cultural das embaixadas do Brasil em Bruxelas e em Lisboa, elegeu-se para a cadeira 39 da Academia Brasileira de Letras, na qual sucedeu a Elmano Cardim, sendo sucedido por Roberto Marinho e pelo atual ocupante, o senador Marco Maciel.

  • A Recife universal do tecelão Mauro Mota

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 10/08/2005

    Nascido no Recife em 16 de agosto de 1911 e morto em novembro de 1984, Mauro Mota foi jornalista e ensaísta. Pertenceu à Academia Brasileira de Letras, eleito para a cadeira nº 26, quando competiu com Thiers Martins Moreira, tendo Laurindo Rabelo como patrono; Guimarães Passos como fundador; Paulo Barreto, Constâncio Alves, Ribeiro Couto e Gilberto Amado, como antecessores; e sendo sucedido por Marcos Vilaça, seu conterrâneo.

  • Adonias Filho continua à espera de um releitura de sua obra

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 01/06/2005

    Adonias Filho nasceu em Itajuípe, Bahia, em 27 de novembro de 1915, e faleceu na cidade de Ilhéus, em 1990. Pertenceu à Academia Brasileira de Letras, ao tempo do seu conterrâneo Jorge Amado, ambos de Ilhéus. Com exceção de Wilson Martins, Eduardo Portella, Octávio de Faria, Afrânio Coutinho e algum outro na estelar esfera dos críticos literários, existe um injustificado silêncio sobre a ficção extraordinária de Adonias Filho, que nos tempos da ditadura militar ajudou tantos intelectuais presos e vítimas de injustas perseguições. Esse silêncio jamais deveria ser o preço a pagar por tantas e tão corajosas atitudes.

  • Octavio de Faria, o fabuador de pesadelos

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 20/04/2005

    Octavio de Faria nasceu no Rio de Janeiro em 15 de outubro de 1908 e morreu na mesma cidade, em 17 de outubro de 1980. O ensaísta de Maquiavel e o Brasil (1931), que depois escreveu Dois poetas: Augusto Frederico Schmidt e Vinicius de Moraes (1935), é o mesmo romancista de A tragédia burguesa, espécie de Inferno, da Divina Comédia Brasileira pela amplitude e o incrível fôlego na criação de personagens, como um Balzac dos trópicos.

  • Literatura na escola

    Com a Educação tornando-se hoje um problema nacional e o emprego do português, em vários níveis, sendo deficiente - tanto: na fala. Como na escrita -, impõe-se uma nova visão. Porque o ensino, em regra, tem sido posto em moldes ou estereótipos onde os alunos desde a infância são enquadrados, e com isso eles vão perdendo, aos poucos, toda a criatividade. E não é em vão que Rilke observava que 'a vida toda estava resumida na infância.’

  • Sobre "História da literatura brasileira"

    No primeiro instante, julguei não ter sido o Sr. Wilson Martins o autor das notas sobre a minha História da literatura brasileira, recém-publicada pela Ediouro, após um trabalho de dez anos, neste Suplemento Idéias, no dia 29 de dezembro de 2007, ao apagar do ano. Foi o fantasma dos fantasmas do Sr. Wilson Martins, cujas sombras maledicentes? Algumas são perceptíveis? Tentaram agravar-me por motivos alheios à criação. Sobretudo porque um poeta e ficcionista intentou tamanha proeza e ele nunca conseguiu escrever uma História da literatura brasileira. Pelo contrário, o Sr. Wilson Martins tem se notabilizado nacionalmente como um crítico esdrúxulo, capaz de afirmar grandes asneiras com total desassombro e ressentimento.

  • O Estado brasileiro

    Se a própria modernidade é constituída de crises, nenhuma é maior do que a que advém do tamanho do estado brasileiro, que é o de um elefante branco que tem extrema dificuldade de caminhar, apesar de toda a propaganda oficial. E quando maior, mais burocracia, mais corrupção e menos qualidade de serviço à população. Já não basta o grande número de ministérios que servem aos partidos do governo em sua insaciabilidade, há desmedidamente uma confusão entre jurisdição de poderes que não se somam.