Com a Educação tornando-se hoje um problema nacional e o emprego do português, em vários níveis, sendo deficiente - tanto: na fala. Como na escrita -, impõe-se uma nova visão. Porque o ensino, em regra, tem sido posto em moldes ou estereótipos onde os alunos desde a infância são enquadrados, e com isso eles vão perdendo, aos poucos, toda a criatividade. E não é em vão que Rilke observava que 'a vida toda estava resumida na infância.’
A Iíngua carece de ser trabalhada pela imaginação, desenhando-se pelos sonhos, não podendo ficar asfixiada em parâmetros ou compartimentos estanques, seguindo a natural trajetória da fala para a linguagem. E só saberemos utilizar a língua com a leitura de nossos autores, com a matéria viva que fermenta a inventividade e desenvolve o senso do mistério que nunca se distancia da Educação. Porque tudo passa por ela. Até a economia.
E senão houver ensino de literatura brasileira nas escolas, através de nossos melhores autores, jamais teremos na Iíngua a sua aventura e descoberta. E é escrevendo e lendo que estruturamos a nossa verdadeira cidadania, captando os símbolos mágicos do universo e deixando que também ele se revele em nós.
Sem esquecer a experiência mais forte que apenas o que aprende com humildade recebe, a arte de entender as coisas, enfrentando a realidade, sem preconceitos ou temores. Aprender a linguagem é apreender o mundo, que é linguagem Sem a apreensão do mundo o indivíduo torna-se deficiente, incapaz de mudar o mundo. Este só pode ser dominado pela linguagem. Viver é linguagem. Trabalho é linguagem. É preciso trabalhar a linguagem para ver o mundo com olhos livres.
O Dia (RJ) 9/1/2008