ABL na mídia - Jota FM - Henrique de Medeiros é empossado presidente do Fórum das Academias de Letras
Publicada em 11/11/2024
Publicada em 11/11/2024
Publicada em 31/10/2024
Publicada em 31/10/2024
O que dizer sobre a Poesia, quando é a Poesia, forte ou soberana, que deve falar de si mesma. Alguns a julgam inútil e assim a julgam os que não a entendem.
E entender precisa ter ouvidos de alma e olhos de sonho. Mas nada no universo é inútil, tudo tem seu precioso significado e tudo busca sentido. O que não compreendemos não quer dizer a negativa de existência das coisas.
E mesmo que a Poesia no materialismo deste século, ou no encolhimento cultural, tenha voltado para as catacumbas, ali vigorosamente continuará a existir e revelar a grandeza da palavra e a cintilância do Espírito, que sopra onde quer.
Estamos, estranhamente, voltando à Idade da Pedra Lascada e ao Pithecantropus Erectus. Mas ao avesso, em robôs e na técnica que supre o trabalho do homem.
Desde a burocracia que nos assoma para o cadastramento de emprego ou de alma, o derruído agendamento (sempre ocupado telefonicamente) nas aposentadorias ou Detran, o aumento ardoroso dos preços de remédios e supermercados, a fome nos aviões, substituída por água, a conselho da Anvisa, quando os tripulantes se fartam no fundo das aeronaves (será preciso um seguro contra a fome, leitores, quando os voos crescem e ela continua?) Mais.
Escreveu o grande Poeta Paul Valéry, que “o melhor do novo é que responde um desejo antigo”. Todos criamos numa tradição.
Assim, toda ruptura se estabelece sobre as ruínas do velho, é uma horta nova com o esterco antigo. E dele, hão de nascer flores e hortaliças. Com a chuva a visitar a horta, ou com seu regar diário, laborioso. E é como brota o poema.