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Artigos

  • Entre o engenho e a arte

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 11/12/2005

    Conhecemos Oscar Dias Correa durante o período 1976-1980 em que dirigiu a tradicional Faculdade de Direito do Catete, hoje Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Fomos colegas do Conselho Universitário, onde se destacava, como foi constante em tudo o que fez, pela seriedade da sua postura de educador exigente, sem concessões demagógicas. O certo era o certo, os direitos eram para ser sempre respeitados, professores e alunos deveriam ser exemplares, pois estavam operando numa carreira que não poderia trabalhar com dúvidas ou meias verdades.

  • Drucker e o coração

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 04/12/2005

    Morrer aos 95 anos de idade, com uma vida plenamente realizada, foi o presente que Deus reservou ao escritor austríaco-americano Peter Drucker. Ele nasceu na Áustria, mas, sendo judeu, foi obrigado a deixar o seu torrão natal, em virtude das perseguições e mortes provocadas pelo nazismo, a partir dos anos 30.

  • Convergência tecnológica

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 27/11/2005

    Há uma realidade que se aplica a todos os setores estratégicos do desenvolvimento brasileiro. Nossa Carta Magna data de 1988, tendo sido redigida à luz do embasamento científico e tecnológico de então. De lá para cá, no entanto, registrou-se muito progresso, a começar pela incrível participação da Internet em nossos projetos de vida.

  • Cecília e o bom combate

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 20/11/2005

    O oficiante da missa de 7º dia, no Mosteiro de São Bento, no Rio, pediu aos presentes uma salva de palmas para a professora Cecília Barreto Parreiras Horta, falecida uma semana antes. Talvez nunca se tenha visto, naquela bonita e histórica igreja, tamanha manifestação de comoção e solidariedade: foram minutos aparentemente sem fim, coroando uma vida bonita de dedicação e apreço ao próximo. Era uma verdadeira educadora, com o entusiasmo próprio de quem tem Deus no coração (a palavra entusiasmo contém Théo, Deus em grego).

  • A biblioteca do Século XXI

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 13/11/2005

    O Brasil passou a contar, a partir de setembro de 2005, com a sua mais moderna biblioteca inteligente, de início prevista para dispor de livros de filologia, mas depois se espraiando para outras áreas importantes do conhecimento, como é o caso da história, da literatura e do que chamamos de "brasiliana", livros basicamente destinados a contar e recontar o nosso País.

  • Conselho de leitura

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 30/10/2005

    Sofremos, mas insistimos. É antiga a luta pela melhoria das condições de oferta de livros à sociedade brasileira. Primeiro foi uma longa fase de colonialismo cultural. Éramos escravos de obras produzidas na Europa e que influenciaram nossos maiores escritores. Portugal e França se revezaram nessa espécie de imposição, agravada pelo fato de que o Brasil foi proibido, até 1808, de ter suas próprias gráficas.

  • Sérgio e a energia nuclear

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 23/10/2005

    O Brasil perdeu uma grande figura da sua diplomacia. E também da cultura. O embaixador Sérgio Correa da Costa, membro da Academia Brasileira de Letras desde 1983, somava uma série de qualidades raras na mesma personalidade. Elegante, com domínio de vários idiomas, historiador de primeira categoria, legou ao seu País trabalhos que jamais serão esquecidos, dado o seu inquestionável valor. Isso foi dito no velório, realizado na sala dos poetas românticos da ABL, antes do enterro no Mausoléu dos Imortais.

  • A orfandade do ensino médio

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 16/10/2005

    Seria arriscar-se a uma injustiça nomear os padrinhos dos nossos diversos graus de ensino. Mas uma coisa é certa: sobrava razão a Anísio Teixeira quando afirmava que o "nosso ensino médio é inteiramente órfão". De lá para cá, ou seja, da década de 50 até os nossos dias não há como escolher este ou aquele educador que se tenha debruçado com ênfase sobre o nível intermediário. Ao contrário, seria mais fácil dar o título de "inimigo" a uma ou outra autoridade que só fez complicar o andamento dessa etapa de ensino. Enquanto tivemos a divisão entre clássico e científico, até que havia uma certa unidade no ensino médio. Os alunos, de acordo com a sua escolha, ligada à vocação, preferiam os cursos que conduziam às ciências humanas (Direito, Pedagogia, Letras) ou ao desenvolvimento científico e tecnológico (Engenharia, Medicina, Ciências Biológicas). Com o nascimento em parto artificial do 2º grau, a pretexto de se valorizar a educação profissionalizante (Lei nO 5.692/71), implantou-se uma "bagunça homérica" no sistema escolar, sob a batuta de um MEC totalmente atordoado. Alguns têm dificuldade de explicar a diferença entre os técnicos e os tecnólogos. Outros sabem que estes últimos são formados em nível superior, em cursos de curta duração (hoje, uma grande atração para os jovens sem paciência de freqüentar cursos mais longos). Mas, robusteceu-se a dúvida: os técnicos são formados em três anos, junto com o ensino médio, ou dependem de um ano adicional? O que verdadeiramente se passa com os egressos dos Cefets? Eles viraram um misto de ensino médio e superior? A sociedade brasileira ainda tem o ranço da Constituinte de 37 (Estado Novo). Getúlio Vargas assinou um artigo afirmando que "o ensino técnico-profissional seria destinado às classes menos favorecidas". Nada melhor para justificar a discriminação, de que não nos livramos até hoje. Cresce a nossa industrialização e o setor de serviços tem o reforço da computação quase desenfreada. Como criar os recursos humanos adequados para enfrentar esses novos tempos? É claro que ninguém é contra o progresso, mas há uma imensa falha quando a escola deve responder às necessidades de oferecer pessoas de competência no nível intermediário. No mundo desenvolvido, esse tipo de problema não existe. Há uma boa oferta de empregos no nível pré-universitário, como vimos na Coréia do Sul e no Estado de Israel. De todos os que freqüentam o ensino médio apenas 1/3 sobe ao nível superior, ficando os demais 2/3 amparados por boas e bem pagas oportunidades. Aqui é que se inventou a teoria de que sem o diploma de nível superior o indivíduo não é ninguém. Prefere-se o formado, mesmo que sem emprego. É preciso promover uma profunda reforma no ensino médio, colocar ordem na sua seriação e na formação dos seus especialistas. Estes conectados ao processo de desenvolvimento econômico e social do País, para que haja maior proveito desse grande investimento que, bem ou mal, está sendo pago pela sociedade brasileira.

  • O Direito está torto

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 09/10/2005

    O Brasil nasceu com uma forte atração bacharelesca. Enquanto colônia, mandava seus filhos bem dotados para a Universidade de Coimbra, onde se formavam em Direito, para depois exercer o seu mister entre nós. É o caso de José Bonifácio, figura estelar da nossa História. Vieram os cursos superiores em Olinda e no Rio de Janeiro, por inspiração de D. João VI, para depois se transformar em mania nacional.

  • Mentes inquietas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 05/10/2005

    A saudável vida universitária proporciona permanentemente novos conhecimentos. Foi o que ocorreu no campus Ibirapuera da UniFMU, quando o professor Edevaldo Alves da Silva reuniu o neurologista José Salomão Schvartzman e a médica e pesquisadora Ana Beatriz Barbosa Silva (ambos da Academia das Ciências de Nova York) para discutir um tema de grande atualidade: transtornos devidos aos déficits de atenção.

  • A proteção de bens imateriais

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 02/10/2005

    A proteção de bens imateriais, ou seja, aqueles que não são físicos, como prédios e esculturas, tem sido defendida há muitos anos no Brasil, e atende à preocupação de entidades internacionais, que têm se dedicado com afinco ao tema. A Unesco, por exemplo, através de sua "Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial", de 17 de outubro de 2003, considera incluídas nesta categoria as "práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante do seu patrimônio cultural". Em 1936, quando produzia, a pedido de Gustavo Capanema, o texto do anteprojeto que criaria o então Serviço de Proteção do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), o escritor Mário de Andrade já falava da importância de se preservar as manifestações culturais. Por essa iniciativa, ele é considerado um dos precursores do tema no país. Com base no preceito constitucional, algumas manifestações não-materiais já estariam devidamente protegidas. Mas, na verdade, falta a regulamentação, para que se saiba realmente o que deve ser amparado. Em 1996, em função das comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil, foi criado, através de decreto, o Museu Aberto do Descobrimento, no Monte Pascoal, na Bahia, o primeiro local avistado no Brasil pelos portugueses da fragata de Pedro Álvares Cabral. O decreto assinado em 22 de abril de 1996 era ambicioso: rios, povos indígenas e paisagens fariam a composição de um espaço que abrigaria toda a costa do descobrimento, uma área de 1,2 mil quilômetros quadrados. A idéia não vingou. No dia 4 de agosto de 2000, o então presidente Fernando Henrique Cardoso assinou o decreto 3.551, instituindo a proteção legal para patrimônios não-materiais, que seriam os elementos do nosso folclore, as festas, as danças e as diversas manifestações culturais e religiosas. Pelo decreto, o bem não seria propriamente tombado, mas sim registrado em quatro livros diferentes: dos Saberes, de Celebrações, das Formas de Expressão e de Lugares.

  • Perdendo a alma do Brasil

    Diário do Comércio (São Paulo), em 30/09/2005

    A proteção de bens imateriais, ou seja, aqueles que não são físicos, como prédios e esculturas, tem sido defendida há muitos anos no Brasil e atende à preocupação de entidades internacionais que têm se dedicado com afinco ao tema. A Unesco, por exemplo, através de sua " Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial ", de 17 de outubro de 2003, considera incluídas nesta categoria as "práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante do seu patrimônio cultural".

  • Inculta, bela e muito difícil

    O Globo (Rio de Janeiro), em 29/09/2005

    A culpa não pode ser atribuída somente a D. João VI. Ele foi transformado por historiadores e cineastas em figura caricata, amante de frangos gordurosos, e sobrou pouco espaço para elogiar o seu empenho cultural, a partir da chegada ao Brasil, em 1808. Biblioteca Nacional, Observatório Nacional, Museu Nacional de Belas Artes, os primeiros cursos superiores isolados - são alguns dos feitos do Príncipe Regente, além da permissão para que aqui se instalasse “A Gazeta do Rio de Janeiro”, primeiro jornal periódico do Império.

  • O aluno ideal

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 25/09/2005

    Quando se cria uma escola, por exemplo, de ensino médio, antes mesmo da formatação arquitetônica, é preciso pensar na sua alma. Ela se reflete na figura do aluno, que lhe dará vida e personalidade, juntamente com o que se espera do professor, na composição do corpo docente.

  • Memória nacional : bens imateriais

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 21/09/2005

    Converso com minha amiga Nélida Piñon e confesso que tenho vontade de escrever um artigo sobre o nosso patrimônio imaterial. Dando como exemplo, lembro a importância do samba para a cultura brasileira. Ela argumenta que viu no Marrocos uma praça inesquecível, toda ela povoada por bens imateriais, como faquires, lambedores de fogo, palhaços, dentistas - uma soma incrível de pessoas fora do comum que dão o tom da imaterialidade àquele local abençoado pela Unesco. O poeta Alberto da Costa e Silva confirma que conhece o local.