Convocar Bolsonaro não ajuda a CPI
A maioria dos juristas que têm se pronunciado sobre o assunto acha que o Congresso não tem condições de convocar o presidente da República à CPI.
A maioria dos juristas que têm se pronunciado sobre o assunto acha que o Congresso não tem condições de convocar o presidente da República à CPI.
Bolsonaro está levando os militares a uma situação limite, como, aliás, fez constantemente enquanto estava na ativa.
Mia Couto, o grande escritor africano, num de seus livros, conta que , quando Ho Chi Minh saiu da prisão e lhe perguntaram como conseguiu escrever versos tão cheios de ternura numa prisão tão desumana, ele respondeu: “Eu desvalorizei as paredes. Essa lição se converteu assim na minha conduta”, explicava.
- Estou aqui pela palavra, disse. Não pelo silêncio.
Hoje de manhã, acordei cantarolando “My fair lady”, não sei o que me deu.
O presidente Bolsonaro, ao que tudo indica, conseguiu convencer os militares de que a política vive de aparências e de promessas vãs, que não precisam ser cumpridas.
Além das mentiras já comprovadas do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que o noticiário em tempo real já explora desde ontem, e os jornais de hoje estão certamente aprofundando, os depoimentos à CPI da Covid até agora estão desvelando a maneira primitiva com que as decisões não são tomadas no governo Bolsonaro.
Os dados e os fatos são contra o ex-ministro Eduardo Pazuello.
A matemática perde um grande poeta.
O presidente Bolsonaro, cujos atos estrambóticos levaram o país à desmoralização internacional, é o tipo político que chega ao governo central do país como consequência de uma disfunção eventual da democracia.
Mesmo ainda sem saber de sua morte, Eva Wilma me emocionou, quando vi anteontem um vídeo em que, cerca de dois anos atrás, ela declamava de cor, sem vacilar, sentada na primeira fila da plateia, um texto de mais de dois minutos de “Antígona”, de Sófocles, no Teatro Poeira, de Andrea Beltrão e Marieta Severo.
A semana da CPI da COVID pode reservar surpresas, porque a verdade que o governo tenta encobrir já é do conhecimento de todos.
A instalação da CPI da COVID-19 trouxe à discussão, de maneira colateral, um problema brasileiro que talvez tenha no deputado Bonifácio de Andrada, de Minas Gerais, que morreu em janeiro, um exemplo radical.