Até hoje, o nome de Austregésilo de Athayde é pronunciado com muito respeito na seara cultural. Foi um belíssimo orador, valorizando a arte de falar, que dominou como poucos. Tinha um poder especial sobre as plateias que o ouviam, com um certo embevecimento, pois construía frases de efeito utilizando, em geral, o seu vasto conhecimento sobre a Grécia e os seus mitos. De uma feita, homenageado em São Paulo, pediu a palavra antes do jantar e se prolongou muito, para desespero da dona da casa. Com delicadeza, chamei sua atenção. A resposta foi dada para que todos pudessem ouvir: “Não vim aqui para comer. Podem começar a servir que eu vou continuar falando até cansar...” Praticamente, perdeu o delicioso jantar. Um dos privilégios da minha vida foi ter convivido, por muitos anos, com o grande presidente da Academia Brasileira de Letras, jornalista Austregésilo de Athayde. Dele recebi admiráveis lições, que não saem da minha memória. Uma delas foi a tolerância com os detratores da instituição, muitos deles escritores frustrados. Quando lhe perguntei a causa dessas críticas, ele me olhou com a complacência dos mais velhos, e disparou: “Não se preocupe com isso, meu filho. Assim que eles entram para a Academia, mudam de opinião.”