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Artigos

  • Plural majestático

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 13/08/2005

    O tardio discurso presidencial de ontem abusou do plural majestático, próprio dos reis, imperadores e papas, "nós", em lugar do "eu" que compete a todos que não se julgam reis, imperadores e papas. No plural, ele pediu desculpas à nação, reconhecendo os erros de seu governo e seu partido. Só usou o singular para se declarar indignado. Qual seria a alternativa dele? Declarar que estava solidário com a corrupção?

  • Anos 70: a alegria de um mundo triste

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 12/08/2005

    Cada época tem, mais ou menos, a gente que merece. Bem ou mal, eles e elas é que fazem o tempo. Marlene Dietrich sentada numa cadeira virou logotipo dos anos 30. Os Três Grandes (Roosevelt, Stálin e Churchill), em Ialta, marcaram os anos 40. Gagárin e Marilyn Monroe são símbolos dos anos 50. Os Beatles são os donos da década seguinte. Os anos 70, que alguns consideram interessantes, também produziram seus espécimes, nem melhores nem piores: a vida continua, muitas vezes é repetitiva e chega até a ser espantosa. Basta dizer que, em seu final, a figura mais badalada daquela década era um aiatolá que tentou ensinar ao Ocidente como se deve defecar: sempre de costas para Meca.

  • A classe média ressentida

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 11/08/2005

    Pessoas mal informadas me perguntam se Lula teria chances de ser reeleito. Quem sou eu, que nada entendo de política, para responder a pergunta que, ainda por cima, não me comove nem interessa.

  • Espumas flutuantes

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 10/08/2005

    Nada a ver com Castro Alves e suas "Espumas Flutuantes". As espumas que contam (ou não contam conforme o caso) são provocadas não por uma mas por três CPIs que estão batendo simultaneamente em nossas costas, nem sempre protegidas por muralhas de pedra e indiferença.Sempre haverá qualquer coisa, além do que já houve. A parte mais visível da ressaca - as espumas propriamente ditas - já cumpriu o seu papel de espum a: vieram à superfície, foram fotografadas e analisadas de vários ângulos e logo serão superadas por novas espumas no vaivém da nossa história política.

  • O cerco se aperta

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 09/08/2005

    Aperta-se cada vez mais o cerco em torno do presidente da República. Embora denúncia nenhuma tenha chegado até Lula, há um consenso nacional de que ele de alguma forma sabia do mensalão. Não ficou definido, ainda, o grau do conhecimento, apenas isso.

  • A dragagem do Tejo

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 08/08/2005

    O esquema de corrupção que traumatiza a nação é antigo. No passado recente, teve um pique que nada fica devendo aos escândalos de hoje. A reeleição de FHC e os processos de privatizações superam em muito os "mensalões". E a maior parte da mídia, naquela época, acreditando que o país era governado por um "déspota esclarecido" (descoberta de um filósofo emérito da USP), ficou silenciosa e quase solidária com os escândalos que rolaram no Congresso.

  • Brincadeira de mau gosto

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 07/08/2005

    Comentei ontem o discurso exaltado e eleitoreiro do presidente Lula em Garanhuns, ameaçando céus e terras, dizendo que terão de engoli-lo, mas sem especificar quem saciará a fome à custa de suas viandas. No mesmo discurso, ele se refere à crise política que traumatiza a nação como "brincadeira de mau gosto".

  • Eles, quem?

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 06/08/2005

    A imprensa destacou em manchetes a ameaça do presidente Lula feita num comício de campanha eleitoral em Garanhuns, berço natal de Sua Excelência. Mais uma vez, revelando sua notável cultura futebolística, ele repetiu uma frase do treinador Zagallo: "Eles terão de me engolir".

  • Biografia de um esforçado idealista

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 05/08/2005

    É um homem esforçado, tão esforçado que, num esforço de boa vontade para consigo próprio, julga-se idealista. E do ideal, segundo pensa, retira toda a sua força, daí que se pode considerá-lo um esforçado idealista.

  • Heidegger e a pizza

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 04/08/2005

    No final da semana passada, começaram os rumores de que se prepara um acordo para abafar as duas CPIs em curso. Vozes isoladas garantem que não há clima para tal e tamanha pizza -mas há cheiro de mussarela derretida no ar, saída quentinha dos fogões de lenha de Brasília.De todas as hipóteses sobre a corrupção no atual sistema de poder, não podia haver ameaça pior. Deus é testemunha de que nada tenho contra as pizzas, pelo contrário, muito as aprecio. Mas a pizza que está sendo preparada por pizzaiolos experientes, com horas e horas diante dos fornos da política, equivale ao Nada. Repetindo Heidegger, devemos ter a "coragem para temer o nada" -"Mut zur Angst vor dem Nichts".

  • O satânico Dr No

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 03/08/2005

    Questão que não tem resposta: a ficção copia a realidade ou a realidade imita a ficção? Não tenho opinião sobre o assunto. Há casos comprovando uma e outra teoria.

  • Lineu e o mensalão

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 02/08/2005

    Alguns leitores reclamaram de crônica publicada neste espaço, quando afirmei e reafirmei que a maioria da população brasileira, ao contrário do que a mídia e os políticos estão dizendo por aí, não está escandalizada e muito menos ligada aos escândalos que provocaram a crise nacional mais importante dos últimos anos.

  • Jair Rosa Pinto

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 01/08/2005

    Semana passada, morreu Jair Rosa Pinto, aqui no Rio, cidade que ele encantou com o maravilhoso futebol que jogou durante quase duas décadas (1940-1950). Com perdão de Pelé e Garrincha, considero Jair, ao lado de Didi, os dois maiores craques que meus olhos viram jogar.

  • A planície e o planalto

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 31/07/2005

    Tanto a CPI como a mídia em geral estão cometendo um erro tático (ou conveniente) na tentativa de apurar o esquema de corrupção que traumatiza a nação. Mídia e CPI caminham juntas, uma alimentando a outra e ambas se perdendo na dimensão horizontal do escândalo, esquecendo a sua verticalidade.

  • Saco de espantos

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 30/07/2005

    Nunca tinha ouvido falar em Artur de Oliveira (1851-1882). Pelas datas de seu nascimento e de sua morte, fica difícil incluí-lo entre os suspeitos de pagar ou receber o "mensalão". Seria espantoso se fosse convocado a depor em qualquer das CPIs existentes.