Os dias após a absolvição de Renan suscitaram interrogar todo o país quanto à suportabilidade do desfecho e aos limites de um mal-estar nacional. O inconformismo começa pela rebeldia do próprio aparelho institucional, com reflexos sobre a Carta Magna, da desobediência pelas oposições do seu dever no legislativo. Que respeito ao Estado de Direito é esse, diante de procedimentos democraticamente realizados, em rigorosa observância de suas maiorias? Não há greve no parlamento. Negar-se a votar ou dar quórum pelos formalmente derrotados implica lesão da República, tanto fere o ato de governar. De outra parte, ao lado do bom senso institucional a prevalecer, o país dá-se conta dos extremos da pressão coletiva dentro do jogo democrático. Deparamos a pressão direta por todos os meios de comunicação sobre o Presidente do Senado, no quadro já de apelo à sua consciência, ou à preservação de sua imagem avaliada e reavaliada pelo primeiro interessado. O futuro imediato é imprevisível, tendo-se em vista, tanto os novos desafios da modernidade ao protesto coletivo, quanto o ineditismo da figura política de Renan Calheiros. É em vão que se imaginará, por exemplo, que a enxurrada de e-mails e a onda eletrônica terão o impacto devastador previsto sobre o absolvido.