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Artigos

  • Os bárbaros, de novo

    Quanto mais explicam, menos entendo o que se passa no Rio de Janeiro com a escalada da violência urbana, atribuída genericamente ao crime organizado e ao tráfico de drogas.

  • Trotes eletrônicos

    Quando o uso do telefone tradicional tornou-se comum, ao alcance de quase todos, os mais conservadores temeram que a privacidade de cada um ficasse ameaçada. Afinal, com o número do aparelho num catálogo geral podia-se penetrar na intimidade do lar, da empresa, na vida de todos.

  • A fonte do poder

    Já me explicaram mil vezes o que é e como se forma o poder. Eu próprio fucei por ai, lendo entendidos e curiosos que trataram do assunto. Li alemães, que são bons na matéria. Li tratadistas que pleonasticamente trataram do poder e de sua fonte.

  • Agora, Deus existe

    Não lembro onde li, acho que em algum livro de ficção cientifica, gênero que não aprecio, mas volta e meia dou nele uma ciscada para saber o que estão inventando.

  • Briga na Lagoa

    Ninguém me contou: eu vi. O sujeito caminhava pela orla da Lagoa, num passo esforçado, a camisa empapada de suor, a respiração de quem vinha de longe e ia para mais longe ainda.

  • Cachorros atropelados

    Aprendi com os meus maiores que não se deve chutar cachorro atropelado. E, mesmo que não me tivessem ensinado regra tão elementar, acredito que por conta própria eu evitaria chutar não apenas os cachorros atropelados mas os caídos e vencidos na vida, pela simples e bastante razão de ser eu um deles.

  • Lamber sabão

    Um avião de companhia peruana, com os equipamentos sofisticados, de última geração, inclusive com oito computadores interligados ao gigantesco computador central na torre de um aeroporto supermoderno, de repente ficou voando sozinho, sem nenhum comando. Os pilotos nada podiam fazer. Manche, pedais, alavancas e botões estavam travados pela pane inesperada e irreversível.

  • Mão de obra

    Todas as noites, habituei-me a fazer um exame de consciência para ver se melhorei, se piorei ou se fiquei na mesma. Geralmente fico na mesma. Em tempos eleitorais, tenho motivos não para não me considerar melhor, mas para constatar que poderia estar na pior.

  • Nelson e Dias

    Leio, num suplemento literário, discreta e póstuma queixa de Dias Gomes contra Nelson Rodrigues. Ambos foram grandes, ambos estão mortos. Ambos foram meus amigos. Dias se queixava de que Nelson tinha uma pinimba com ele.

  • Pensamentos Imundos

    Não sei como nem quando inventaram ou descobriram a existência dos Anjos de Guarda. Apesar de ter sido seminarista, não me lembro de ter aprendido qualquer coisa sobre o assunto. Somente a certeza de que, cada ser humano, eu inclusive, temos um ser angelical que toma conta da gente.

  • Pernas de pau e cabeças de bagre

    Tempos atrás qualifiquei Garrincha e Pelé, principalmente Garrincha, como praticantes de um futebol provinciano, de pelada suburbana. Se tivesse metido o malho nas instituições pátrias ou no Verbo Unigênito teria ofendido a menos gente.

  • Por outro lado

    Outro dia, conversando com ilustre filólogo, referência obrigatória na matéria, comentamos as dissidências entre gramáticas antigas e modernas, mas sobretudo entre gramáticas e os manuais de redação usados por jornais, revistas, TVs, agências de publicidade e de comunicação.

  • Receita de Vice

    Cada vez entendo menos de política. Não quer isso dizer que entenda de outras coisas, como o futebol, por exemplo. Mas sei que qualquer técnico, ao escalar um time titular, procura escolher o time reserva para a eventualidade de uma substituição. Todos os titulares têm um reserva adequado, muitas vezes tão bom que fica difícil saber quem é o titular e quem é o reserva.