Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos

Artigos

  • Um caso banal

    Não foi por e-mail, foi por carta mesmo, daquelas que no envelope já trazem uma bem intencionada mensagem natalina. Era uma carta anônima, mal datilografada, de um cidadão que se declarou comissário de polícia. Ao contrário das cartas anônimas, não continha infâmias nem ameaças, revelava apenas um caso que o missivista achava que deveria ser divulgado.

  • Vil pecúnia

    Para o presidente Lula, as fotos e as gravações do novo mensalão de Brasília não chegam a provar nada. É uma opinião, embora digam por aí que uma imagem vale por 10 mil palavras. Além do fato em si, que se­­ria estarrecedor não fosse razoavelmente rotineiro em nossa vida pú­­blica, há a facilidade com que são registradas as cenas de suborno.

  • Uma noite no bolero

    Os festivais antigamente eram festejos dos outros. Havia a citação obrigatória: "Em seguida, o festejado autor...". Ora, se Maomé não vai à montanha que a montanha vá a Maomé, donde: se ninguém festeja os escritores, nada de mais que os próprios se festejem. Os latinos tinham para isso uma frase amarga: "Asinus asinus fricat". Se os burros podem se coçar uns aos outros, a analogia é válida: que os inteligentes cocem os inteligentes.

  • O pecado original

    Volto hoje ao assunto de minha última crônica neste espaço: a interferência do poder financeiro em seus diversos escalões, desde as grandes empresas multinacionais até o botequim da esquina que pretende botar mesas e cadeiras na calçada e precisa de uma licença das autoridades municipais: todos têm interesse em colaborar nas campanhas eleitorais, não por afinidade com o programa partidário das legendas nem com as ideias do candidato a vereador, mas simplesmente para ter o político ou o governante como refém de seus interesses.

  • O vermelho e o negro

    A última rodada do Brasileirão empolgou os torcedores, que viveram um clima parecido com o de uma final de Copa do Mundo. Mesmo os mais desinteressados em futebol torceram de alguma forma. Foi realmente uma festa, com o Maracanã lotado com uma das maiores torcidas dos últimos tempos.

  • Do próspero

    E assim é que estamos, como afirmam os manifestos comerciais, no limiar de um ano novo. Não sei qual foi o cretino que por primeiro uniu o adjetivo ‘próspero’ ao conceito de ano novo. De qualquer forma, outros cretinos adotaram a expressão e quando um cidadão chega à idade respeitável dos 50 anos, se ainda não é realmente próspero não é por culpa dos outros: desejos e votos foram formulados ao longo desses trinta e tantos anos. E se a prosperidade ainda não veio, não é o caso de se desesperar. O ano novo está aí dando sopa. E dessa vez vamos.

  • A volta do parafuso

    Um programa na TV mostra como se dão os desastres aéreos. Tiran­te as condições atmosféricas, a maior parte dos acidentes se deve a pequenas, pequeninas causas no equipamento ou na manutenção. Vi outro dia um documentário que me fez pensar. Um avião moderno, dispondo de toda a tecnologia mais avançada, caiu no oceano ma­­tando ao todo 280 pessoas, entre passageiros e tripulantes.

  • Bicas d’água

    Entramos afinal num ano eleitoral, e os dois principais candidatos à Presi­dência da República já se preparam para tirar o salto alto e descer à rinha eleitoral com o mesmo equipamento básico de todos os que se habilitam a uma função pública, seja qual for.

  • Tapetes Legais

    Mais uma vez se discute a lei da anistia, com posições antagônicas que chegam a ameaçar uma minicrise entre o governo e os comandantes militares. Os argumentos são os mesmos: a anistia foi para os dois lados, mas crimes de morte e tortura não estão incluídos entre os desmandos políticos de 1964 a 1985.

  • Distorção profissional

    Acompanho com algum interesse a crise aberta dentro do governo a respeito da Lei da Anistia. As posições estão definidas, o único indefinido até agora é o presidente da República. Nos tempos do velho PT, embora com poder decisório, ele mantinha suas hesitações para ganhar tempo e manter o partido em rédeas curtas.

  • Conflitos e repressão

    Parece piada, mas não é. Na crise aberta no governo por causa da Lei da Anistia, os bombeiros de plantão descobriram um modo de aliviar as tensões. Apelaram para a semântica: onde se lê "repressão política" leia-se "conflitos políticos".

  • Haiti

    Quando houve o terremoto em Lisboa, no século 18, Voltaire escreveu o Poema sobre o Desastre de Lisboa (1756), negando a existência de um Deus que consentia numa tragédia de tamanha barbaridade. Diante do desastre, Voltaire perdeu a fé num ser superior que cuidasse dos destinos humanos.

  • Deus e os homens

    Na crônica de domingo, lembrei a exaltação de Voltaire quando soube do terremoto em Lis­­boa, em 1755. Ele contestava e questionava a existência de Deus, a sua justiça, a sua bondade. Afinal, os homens se encarregam de produzir as suas próprias tragédias, mas, no caso de um abalo como o do Haiti, eles são vítimas da fúria de uma natureza ensandecida. É, queiramos ou não, uma obra de Deus.

  • Um ano medíocre

    O primeiro ano do governo Obama, nos EUA, não guardou nem prolongou o impacto de sua eleição e posse. Evidente que houve exagero na exaltação com que o mundo recebeu a novidade, um negro na Presidência de um país marcado até há pouco pela discriminação racial. Seu discurso parecia não um atalho, mas um caminho novo não só para os norte-americanos mas para o mundo.