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Artigos

  • O ovo na galinha

    Num romance que teve sua época, Vicente Blasco Ibañez desenvolveu um raciocínio sobre os gastos militares num país mais ou menos como o Brasil: forte, poderoso em certo sentido, mas sem capacidade militar para um conflito com potência superior.

  • A terceira guerra

    Neste início de setembro, o mundo e a mídia lembraram com dor o começo da Segunda Guerra Mundial e o possível começo da terceira, representado pelo oitavo ano pós-atentado que derrubou as duas torres do World Trade Center.

  • O sobrevivente

    Finca a barraca colorida na areia. Nem o sol aberto nem o azul do céu atenuam o mau humor. Dese­java ficar na cama, gastar a manhã dominical no sem-fazer-nada. Mas o jato passara perto da janela e o trovão acordara as meninas:

  • Rapsódia dos anos mais antigos

    Alguns excelentes escribas em atividade, Ruy Castro, Arthur Xexéo, Joaquim Ferreira dos Santos e outros, já entrados em alguns anos de crônica e de mundo, volta e meia escrevem comoventes rapsódias aos tempos idos, sobretudo aos anos 30, 50 e 60 -datas que ficaram marcadas em suas mentes, corações e carnes. Evocam uma idade de ouro, em que as escolas podiam não ser risonhas e francas, mas o mundo em geral, e em particular o cinema, eram não o paraíso perdido, mas a Babilônia reencontrada de Scott Fitzgerald, aberta aos sonhos e cobiças dos grandes Gatbsy que éramos todos.

  • O mal pela raiz

    Ouvi dizer – ou li em qualquer canto – que circula ou já foi aprovado, na Comissão de Justiça de uma das Casas do Congresso Nacional, projeto que cuida da pedofilia e de crimes afins, que são muitos e envolvem sedução, suborno, violência e patologias diversas.

  • Titanicólogos

    No apartamento do editor Roberto Feith, durante um jantar, Marcelo Rubens Paiva me revela que esteve em Nova Iorque, onde visitou o museu dedicado ao Titanic – aos restos do Titanic, bem entendido. Sucessivas expedições, das quais já resultaram filmes e documentários, foram feitas ao fundo do mar, tantos mil metros abaixo da superfície. Para trazer, entre outras coisas, colherinhas de prata e pires que naufragaram em companhia de mil e tantos mortos.

  • O gigante de barro

    A ideia de uma ponte aérea entre os aeroportos de Campo de Marte (SP) e Jacarepaguá (RJ) não é má, embora não seja boa. Desafogaria o terminal de Congonhas, que está no limite de saturação, e aliviaria o Santos Dumont, que não está nas mesmas condições, mas começa a criar caso com o barulho que perturba quem vive ou trabalha em suas imediações.

  • A embaixada e a calçada

    Até que ponto o Brasil, em nome da democracia, se meteu num problema interno de país soberano como Honduras? Há reclamações gerais e merecidas quando os Estados Unidos, em nome da mesma democracia, invadem países soberanos como o Iraque. O fim justifica o meio?

  • Do hino nacional

    Nas escolas do ensino fundamental, pelo menos uma vez por semana, o Hino Nacional deverá ser cantado pelos alunos. Nada contra esta medida cívica, mas toda vez que se fala em nosso hino, há uma enxurrada de críticas, sobretudo quanto à letra, que é pomposa e complicada.

  • Rio

    Decide-se amanhã a sede para a Olimpíada de 2016. O Rio é uma das cidades candidatas e desta vez tem chances de ganhar, apesar da força de Chicago, patrocinada pessoalmente por Obama. E na categoria de azarões, Tóquio e Madri.

  • Razão e paixão

    Modéstia à parte, meus senhores, eu sou da Vila, quer dizer, emendando o carioca Noel Rosa, eu sou do Rio. Uma vitória suada, mas esperada. No painel das finalistas, o Rio já se destacava pela economia das letras (apenas três) que indicava uma logomarca, um cidade, um país que começa a botar as manguinhas de fora em vários departamentos da realidade internacional.

  • Manhã sem vestígio

    Faz tempo: tinha as manhãs livres, alma e corpo também livres. Conhecia um atalho que subia para o morro onde havia paisagem e solidão. Uma antiga estrada de saibro, toda arrebentada, parecia-me impossível para carro. Ia a pé, então, saboreando os passos e o sol que descia sobre meus ombros e me abençoava.

  • Pé de moleque

    Três semanas na China e no Japão não é tempo suficiente sequer para uma impressão, mas para quem, em matéria de oriente, só tinha ido a Niterói (que fica na parte oriental da baía da Guanabara), foi bastante para um certo deslumbramento provinciano, subdesenvolvido.

  • Coqueiro que dá coco

    Quando Rubem Braga voltou do giro de algumas semanas em terras estranhas, constatou que a única novidade que encontrou no Brasil foi o Hollywood com filtro. Nem isso encontrei de novo por aqui, após um mês de andanças por aí. E durante estes 30 dias, a única notícia que tive da amada pátria gentil foi a da chacina de 40 e tantos elementos ligados ao tráfico de droga e de alguns policiais.

  • De inventos e inventores

    A foto de Einstein descabela-do que nem maestro após reger a abertura de "O Guarani" santificava o Festival do Inventor, ali na galeria do edifício Avenida Central, num ano qualquer da década de 50. Ao lado, o retrato de Edison, austero, na pose que a lâmpada homônima divulgou. E depois de Einstein e Edison, os inventores nativos, não tão descabelados nem tão divulgados.