Neste início de setembro, o mundo e a mídia lembraram com dor o começo da Segunda Guerra Mundial e o possível começo da terceira, representado pelo oitavo ano pós-atentado que derrubou as duas torres do World Trade Center.
Foi uma guerra cruel, porém diferente da anterior, a de 1914. Mas nos causa horror pelo número de mortes e pelos subprodutos, como o holocausto que marcou a consciência mundial com um estigma que dificilmente será apagado.
O 11 de Setembro, na realidade, foi um limite na guerra de duas civilizações que parecem caminhar para um confronto apocalíptico, um armagedon que foi anunciado outras vezes, mas foi evitado porque as causas anteriores, limites territorial ou de mercado, ainda não justificavam uma batalha final entre duas concepções de vida e de homem.
Oito anos se passaram e os ingredientes daquela data continuam como antes. Até com a agravante da Guerra do Iraque, que nada tinha com aqueles atentados e que mostrou a desorientação do país agredido, apelando para a mentira mais deslavada a fim de atacar um país pertencente a outra civilização.
No que diz respeito ao combate contra o terrorismo, a invasão do Iraque foi e continua tragicamente inútil, as autoridades aduaneiras dos Estados Unidos continuam a obrigar as mulheres a tirarem os sapatos antes de embarcarem nos voos das companhias norte-americanas.
Durante o regime militar, volta e meia um terrorista local quebrava uma vidraça da embaixada dos Estados Unidos aqui no Rio. Meia hora depois, a vidraça era recolocada, o país ofendido tinha recursos para isso.
Agora, será reconstruído uma espécie de memorial no Marco Zero, custará bem mais do que uma vidraça mas não apagará as causas dessa nova guerra mundial.
Folha de S. Paulo (RJ), 13/9/2009