Decide-se amanhã a sede para a Olimpíada de 2016. O Rio é uma das cidades candidatas e desta vez tem chances de ganhar, apesar da força de Chicago, patrocinada pessoalmente por Obama. E na categoria de azarões, Tóquio e Madri.
O nosso trunfo principal é o charme do Rio que, apesar de suas mazelas e de seus problemas estruturais, é uma grife natural, a começar pelo nome de apenas três letras. Roma tem quatro e Paris tem cinco letras, só perdemos para Ur, na velha Caldeia, terra de Abraão – segundo palavras cruzadas de todo o mundo. Poucas possibilidades para ser sede de uma Olimpíada moderna.
Teremos sete anos para prepararmos a cidade dentro das formalidades do Comitê Olímpico Internacional. Nossa capacidade nesse setor é comprovada com a Copa do Mundo de 1950, para a qual construímos o maior estádio do mundo, e eventos internacionais, como a Rio-92 e, mais recentemente, os Jogos Pan-americanos.
O problema é o forte lobby norte-americano por Chicago, com a capacidade de Obama no trânsito internacional, embora Lula também tenha a sua penetração. Afinal, a América do Norte já sediou outras olimpíadas, e a América do Sul, até agora, nenhuma.
A importância de uma Olimpíada transcende os esportes, passa a ser econômica e política. Em 1936, os nazistas organizaram um evento que foi considerado o ponto de partida para a ascensão de um regime que afinal desgraçou a Alemanha e o mundo. Hitler compreendeu a força de propaganda que uma Olimpíada representa para um país com projetos, sejam lá quais forem.
O Brasil tem o projeto de se tornar potência mundial. A Olimpíada no Rio será uma plataforma de lançamento que saberemos aproveitar, colocando em órbita um novo gigante que tem tudo para uma carreira no cenário internacional.
Folha de S. Paulo, 1/10/2009