Respondendo à barbárie no Brasil e na Nova Zelândia
Vejam a diferença entre duas culturas atacadas ao mesmo tempo pelo mesmo tipo de barbárie.
Vejam a diferença entre duas culturas atacadas ao mesmo tempo pelo mesmo tipo de barbárie.
Será que a nomeação anteontem de um coronel para cuidar das redes sociais do Planalto vai aplacar a compulsão de Bolsonaro em gerar crises com a imprensa? Tomara.
Segundo a nossa tradição carnavalesca de que o ano começa de fato na Quarta-Feira de Cinzas, 2019 estaria começando hoje, embora às vezes ele dê a impressão de ser um ano que terminou antes de ter começado.
Estava numa roda quando o tema da conversa passou a ser o aumento do IPTU. As queixas eram gerais: um falava que pagara 30% a mais, outro, 40%, e assim por diante.
Este governo mal começou, e começou muito mal: até aqui não precisou da oposição para atrapalhar, bastaram os filhos parlamentares.
Como já estão querendo jogar a culpa no acaso e na fatalidade, é importante lembrar o que afirmou a procuradora-geral da República, Raquel Dodge: “O Brasil passa por uma sucessão de fatos e desastres evitáveis e preveníveis”.
Tão cedo não vou conseguir apagar de minha memória visual as imagens da tragédia de Brumadinho — aquelas ondas de lama de rejeitos de minério avançando como um monstro sobre o que encontravam, soterrando pessoas, árvores, casas, sítios, veículos, pontes.
O vice-presidente Hamilton Mourão disse com razão que “essa conta” — do rompimento da barragem de Brumadinho — “não pode vir para nós porque assumimos faz 30 dias”.
Diante da atual onda armamentista, me lembrei de que a última vez que me convocaram a pegar em armas foi há 55 anos, em Brasília, onde estava para lecionar na UnB.
Ao saber que a polícia acredita que foi assalto e não atentado o que ela sofreu, a deputada Martha Rocha reagiu: “mesmo que tenha sido tentativa de roubo, é inadmissível que bandidos circulem de máscara e fuzil em plena luz do dia”.
É como a seleção de futebol: não dá pra torcer contra, mesmo não concordando com a escalação, mesmo admitindo que foi um começo desanimador, de desencontros e incongruências.
Há exatos 30 anos e dez dias, o Brasil perdia o que custa tanto a criar: um herói, Chico Mendes, o protomártir da causa ambiental.
Antes de João de Deus, tivemos Zé Arigó, Chico Xavier, Dr. Fritz (através de várias encarnações brasileiras) e, se os médiuns, curandeiros, paranormais, videntes e gurus nativos não bastassem, havia os de fora.
O deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro reclama que a imprensa faz “uma força descomunal” para desconstruir sua reputação e a de Jair Bolsonaro, que, por sua vez, fala em “escarcéu proposital diário”.
Há quem não acredite que houve um golpe militar no Brasil. Tem razão. Houve dois, um em 1964 e o outro que vai completar 50 anos amanhã, chamado de golpe dentro do golpe.