Este governo mal começou, e começou muito mal: até aqui não precisou da oposição para atrapalhar, bastaram os filhos parlamentares. Flávio, o senador de 37 anos, ainda não conseguiu se desenrolar do escândalo de seu assessor Fabrício Queiroz, aquele em cuja conta o Coaf descobriu uma “movimentação atípica” de R$ 1,2 milhão sem renda compatível.
Eduardo, o deputado de 34 anos, é aquele que disse que para fechar o STF seriam suficientes um cabo e um soldado, obrigando o pai a enviar um pedido de desculpas à Suprema Corte. Ele gosta de usar linguagem familiar: “Tem jumento que diz que o Carlos atrapalha o pai. Vocês são idiotas ou o quê?” E tem o pit-bull, o preferido, de 36 anos, pivô da mais recente crise ao chamar de “mentiroso” o ministro Gustavo Bebianno.
Isso sem falar em alguns ministros que não chegam a provocar escândalo, só vexame. Para só citar três. Há o que seria reprovado no Enem por desconhecer personagens importantes da História do Brasil. Outro não fica atrás ao atribuir o aquecimento global a uma invenção marxista. A outra já faz parte do folclore: o que fala vira meme na internet.
Costuma-se atribuir a responsabilidade dos erros do governo aos filhos, eximindo o pai. Mas, diante de todo esse quadro, é o caso de perguntar: e se o problema for o pai, e não os filhos? Ouvindo o obituário político com elogios a quem dias antes fora chamado de mentiroso, me lembrei do que tinha lido em vários blogs sérios dias atrás.
Em um havia a citação de um interlocutor de Gustavo Bebianno, que se referia assim ao presidente: “O problema não é o pimpolho, é o Jair. É uma pessoa louca, um perigo para o Brasil”. Em outro, encontrei afirmação parecida: “O nome do problema não é Carlos nem Bebianno, chama-se Jair Bolsonaro”. Eu mesmo ouvi de alguém que conhece o personagem uma hilária comparação:“Ele é uma espécie de Jânio Quadros que não sabe usar mesóclise”.
O vice Hamilton Mourão já procurou tranquilizar: “O presidente vai botar ordem na rapaziada”.
E quem vai botar ordem no presidente?