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Artigos

  • Bolsonaro tenta distender o ambiente

    O Globo, em 24/09/2021

    O presidente Bolsonaro deu duas entrevistas esta semana, para a revista Veja e para um site alemão. Na Veja, fez afirmações para tentar distender o ambiente, porque viu que esticando a corda como fez, ia criar uma situação difícil para ele. É preciso saber se é verdade e quem é o pessoal ao qual ele se referiu como querendo jogar fora das quatro linhas. Se for das Forças Armadas, é grave; mas pode ser a turma de aloprados que querem invadir o STF e cassar os juízes. O problema é que ele fala irresponsavelmente sem ver a dimensão do que falou, e quando vê, joga com dúvidas e ações que poderiam ter acontecido, e nunca se sabe se são coisas da fantasia dele ou da realidade que usa para ameaçar a democracia. 

  • Mãos irresponsáveis

    O Globo, em 23/09/2021

    A condescendência das autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU) com o presidente Bolsonaro, permitindo que assumisse o púlpito para fazer o discurso de abertura da sessão inaugural sem estar vacinado, não se justifica, pois, como ficou comprovado, ainda não há segurança de que quem já teve Covid-19 esteja protegido de ser infectado novamente ou de infectar alguém.

  • Fim das coligações foi fundamental

    O Globo, em 23/09/2021

    A PEC da reforma eleitoral foi aprovada no Senado sem muitas alterações no texto que saiu da Câmara, mas vetar a volta das coligações foi fundamental porque sem elas e junto com a clausula de barreira vai-se peneirando os partidos. Temos 30 partidos e vamos acabar com 10, no máximo, o que já é um avanço muito grande. Manter as coligações seria um retrocesso muito grande. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teve uma boa ideia, de fazer uma frente ampla da terceira via com todos os partidos, inclusive o PT, contra Bolsonaro. Mas não vai acontecer porque, se acontecesse, seria para apoiar o Lula. E é muito difícil o PT aceitar outro candidato. Então essa boa ideia não vai se confirmar.

  • Um pária em NYC

    O Globo, em 21/09/2021

    Comer pedaço de pizza nas ruas de Nova York pode ser um dos melhores programas da cidade, mas ficar na porta do restaurante porque não pode entrar sem a comprovação da vacina contra a Covid-19 é um vexame sem precedentes para um presidente de qualquer República que se preze. Não é sinal de populismo, nem de ser popular, mas de desleixo com as vidas alheias, que é a marca registrada de Bolsonaro.

     

  • A ONU não vai saber

    O Globo, em 21/09/2021

    O presidente Bolsonaro fala hoje na Assembleia Geral da ONU, mas o que os líderes mundiais ouvirão deve ser a versão de uma realidade paralela, a dele. Isolado na comunidade internacional, com a reputação tão em baixa lá fora quanto a popularidade aqui dentro, seu discurso (se não foi o Temer, quem será que escreveu?) vai caprichar na retórica.

  • Discurso de meias verdades

    O Globo, em 21/09/2021

    O discurso do presidente Bolsonaro na ONU foi cheio de meias verdades como se fossem verdades inteiras; escondeu a verdade através de palavras bonitas. É certo que o Brasil tem muita mata preservada, como ele citou, mas é preciso falar a outra parte, que ele está deixando depredar o que ainda está inteiro. Todas as leis e ações que preservam a Amazonia e a mata Atlântica foram afrouxadas na boiada que o ex-ministro Ricardo Salles passou, para que a área seja explorada pelo agronegócio ilegal. O Brasil foi um símbolo de preservação ecológica, e o governo dele está destruindo isso.

  • Disse me disse

    O Globo, em 19/09/2021

    Psiquiatras, que vivem de escarafunchar a mente humana, e jornalistas, que vivemos de escarafunchar a realidade, têm tido material de sobra nesses tempos estranhos que vivemos, onde a realidade quase nunca corresponde ao que os protagonistas dos acontecimentos falam ou prometem. O exemplo mais imediato é o do ex-presidente Michel Temer, que foi da glória ao fracasso em questão de dias, tudo por conta do que os gregos chamavam de húbris, conceito que define atitudes excessivas de confiança, que são punidas pelos deuses.

  • Um Bom Debate

    O Estado Maranhão, em 19/09/2021

    A Fundação Ulysses Guimarães, do MDB, promoveu um Seminário, não fulanizado, como dizia Marco Maciel, da maior importância para discutir a crise brasileira, suas raízes históricas e soluções futuras. Foi muito útil, e a presidência do Nelson Jobim, um dos mais preparados homens públicos do Brasil, deu o tom ao debate. Duas constatações foram unânimes: que vivemos sempre em crise e que estas sempre encontraram uma solução pacífica, característica do país.

  • O Mal, Schmitt e a nossa circunstância

    O Estado de S. Paulo, em 19/09/2021

    Pe. Antônio Vieira, refletindo sobre o bem e o mal, diz que da sua interação todos padecem: 'Os males porque se temem, os bens porque se esperam; para afligir, o mal basta ser possível e para molestar-se, o bem basta ser duvidoso'. Também pontua: 'O bem conhece-se na privação; o mal, na experiência'. A intensidade da privação do bem e a ampliação da experiência do mal são uma das notas sombrias do mundo contemporâneo. Auschwitz é um paradigma da presença do mal na história humana. O mal é um grande e inquietante tema da teologia e da filosofia que Denis Rosenfield enfrentou com coragem e envergadura no seu recém-publicado Jerusalém, Atenas e Auschwitz, pensar a existência do mal.

  • Direita selvagem

    O Globo, em 19/09/2021

    O bolsonarismo existe independente do presidente Bolsonaro. Um dia, como todo ser humano, o presidente se acaba; mas a tropa que ele formar, não

    Agora, as vítimas da hora são os adolescentes. Em alguns países, já estão imunizando crianças de 2, 3 anos. Mas, no Brasil, o presidente telefonou para o ministro da Saúde e perguntou que negócio é esse de vacinar menores de idade. O ministro comunicou imediatamente à nação a decisão do chefe. O povo, sobretudo quem tem filhos, ficou perplexo, sem saber o que fazer. Estava indo tão bem!

  • Os Vivos

    Tribuna Online, em 19/09/2021

    “O homem deve ser destruído de novo” – a frase do grande Goethe nos deixa perplexos. Ou “a funda dos homens”- para o Poeta francês Michaux.

    Nem uma coisa, nem outra. Porque já não bastam as coisas que oprimem o homem, sejam as forças econômicas na recessão ou sob o império do capital, sejam as forças da natureza na peste, nos terremotos, tempestades, ou desastres.

  • Com a Pandemia, um enorme aprendizado

    Especial, Rotativas, em 18/09/2021

    Em todo o mundo, 2020 já se configurou como um ano de desafios sem precedentes. Não queremos mais crianças tristes ou agressivas, tampouco essa injusta desigualdade digital. Cabe aos gestores públicos, junto da sociedade, construir medidas adequadas para enfrentar esses problemas. É hora da mudança.

  • Mercosut: um projeto conjunto que permanece valioso

    O Estado de S. Paulo / Internacional, em 18/09/2021

    A localização geográfica é faceta importante da política externa. O mundo é composto de regiões, e o sistema internacional global as impacta de distintas maneiras. O entorno geográfico é sempre relevante. É a primeira circunstância da ação diplomática.

     

  • A Era do Desmonte

    O Globo, em 16/09/2021

    Vai de vento em popa a Era do Desmonte, como pode ser conhecida esta etapa da vida nacional em que se materializou a tese do ex-senador Romero Jucá de que era preciso “estancar a sangria” num grande acordo “com o Supremo, com tudo” para deter a atuação da Operação Lava-Jato, que levou à cadeia pela primeira vez na nossa História figurões da política e do mundo empresarial.

    Desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou os julgamentos do ex-presidente Lula, sob a alegação de que o então ministro Sergio Moro foi parcial contra ele, vão caindo por terra todas as condenações contra os envolvidos no escândalo de corrupção conhecido por “petrolão”, especialmente as de Lula.

  • Brasil de volta ao passado

    O Globo, em 16/09/2021

    Não é que o desmonte da política anticorrupção seja um negócio combinado, o problema é o espírito da coisa: espírito de defesa própria, para se proteger de investigações, a tentativa de desmoralizar Sergio Moro e os procuradores da Lava-Jato, para não deixar pedra sobre pedra, e  nenhuma dúvida na cabeça dos cidadãos. Estamos repetindo tudo o que aconteceu antigamente. A operação Satiagraha, por exemplo, foi assim: pegaram todos, a investigação foi anulada por causa de erros técnicos, interpretações equivocadas e agora vemos Naji Nahas jantando com amigos, com Michel Temer e outros. No Brasil é assim, daqui a alguns anos vamos ver Leo Pinheiro, Marcelo Odebrecht, e todos os empreiteiros comemorando por aí, e quem sabe até com dinheiro de volta. Porque se não houve nada, o que se faz com os cinco bilhões de reais devolvidos¿ É como as fotografias da era stalinista. Vão apagar tudo o que aconteceu. Não houve petrolão, não houve dinheiro, não houve desvio, não houve nada e pronto. Políticos envolvidos com corrupção, que são réus em diversas ações, apresentam projetos para amenizar punições e tentam criar barreiras para impedir Sergio Moro de se candidatar. É o medo de que ele ganhe a presidência e volte tudo como estava antes.