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Artigos

  • Estamos numa situação limite

    O Globo, em 06/09/2021

    Pela movimentação que está sendo feita há tanto tempo e pelo engajamento do presidente, os atos de amanhã serão grandiosos. Embora esteja caindo em popularidade, Bolsonaro mantém ainda um núcleo de apoiadores muito importante, cerca de 20%, 25%, e com esse tamanho tem lugar garantido no segundo turno da eleição presidencial. Importante é saber se esses números se manterão. Durante a campanha, ele pode desidratar mais ainda, mas, no momento, tem muita gente que segue seus pensamentos e acredita nele. Minha dúvida e meu temor são quanto à violência e às arruaças e isso tem sobretudo um ponto principal, que é a retórica do presidente Bolsonaro. Receio que, diante de uma multidão, ele não se controle e incite o povo contra o Estado de Direito e as instituições democráticas, o que poderá ter consequências. Estamos numa situação limite Depois das manifestações, teremos uma visão clara do que pode acontecer no país. O governo jogou tanta força da sua capacidade de mobilização nelas, que pode haver uma realidade contrária. Estão esperando muita gente - Bolsonaro chegou a falar em dois milhões de pessoas nas ruas – e pode ser que seja decepcionante. Então, a situação de Bolsonaro começará a ficar insustentável.

  • Mourão, terceira via?

    O Globo, em 05/09/2021

    O presidente Bolsonaro acrescentou nos últimos dias mais uma preocupação às suas desditas. Além do receio de que um dos seus filhos, ou alguns deles, sejam presos em decorrência dos inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal (STF) devido aos desvios de dinheiro público (peculato) com as “rachadinhas” dos salários de servidores nos seus gabinetes parlamentares, ele teme que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o torne inelegível para a eleição do ano que vem.

  • Quem quer feijão

    O Globo, em 05/09/2021

    Se discursos de Goebbels e Mussolini são o que serve, o presidente deve estar se armando para combater a democracia

    No primeiro ano do atual governo, Roberto Alvim era secretário de Cultura num ministério estranho, não me recordo se o de Cidadania, Turismo ou o Não-tem-outro-fica-aí-mesmo. Homem de teatro, Alvim teve então que fazer um discurso solitário e bem ensaiado, não sei mais para que evento. Resumindo, Roberto Alvim teve a infeliz ideia de repetir um discurso do nazista Joseph Goebbels, compadre e amigo pessoal de Adolf Hitler, além de responsável pela Propaganda no governo deste. Alvim também mandou passar, no fundo do que dizia, um trecho de Wagner, acordes que Hitler (e o próprio Goebbels) mandava tocar nos encontros políticos do Partido Nazista.

  • É preciso um basta em Bolsonaro

    O Globo, em 03/09/2021

    As afirmações do presidente da República hoje mostram que, mais uma vez, ele está querendo confusão, o que é um perigo. É preciso dar um basta nisso, ou pelo TSE, STF ou Congresso. Não se pode ter um presidente que ataca os outros poderes o tempo todo. Fico imaginando o que ele não falará nas manifestações em Brasília e São Paulo, dia sete de setembro, diante de uma multidão pedindo cassação de ministros do STF e até o fechamento do próprio STF. Ele não pode manipular o povo contra as instituições democráticas. 

  • A política na economia

    O Globo, em 02/09/2021

    O pagamento de precatórios por parte do governo federal está virando uma questão política que só poderá ser resolvida pelo Congresso. A intenção de encontrar uma solução que fosse avalizada pelo Judiciário, por meio do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para evitar que a confusão avançasse no sentido de tirar os precatórios do limite do teto de gastos, parecia boa, mas não é constitucional.

  • Vetos de Bolsonaro foram em benefício próprio

    O Globo, em 02/09/2021

    Bolsonaro vetou, em benefício próprio, alguns trechos do projeto que trata de crimes contra o Estado Democrático de Direito e que revoga a Lei de Segurança, como o impulsionamento de fake news e o aumento da pena quando o crime for cometido por militares. Bom lembrar que ele sofre um processo no STF e outro no TSE sobre fake news - este pode até cassar o seu mandato. Se tiver uma lei fixando o assunto como crime, piora a situação para ele.  O argumento para o veto à pena dobrada dos militares envolvidos em manifestações contra a democracia foi de que a medida seria contra manifestações de conservadores. Ora, militar tem que ter punição em dobro, porque é armado pelo Estado e não pode usar essa arma para atacar o sistema que a sociedade escolheu, a democracia. Só tem sentido barrar porque Bolsonaro alimenta esses grupos, principalmente militares, para apoiá-lo nas manifestações, como a de sete de setembro.

     

  • Bolsonaro não governa, só faz campanha

    O Globo, em 01/09/2021

    Bolsonaro não governa, faz campanha o tempo todo. Continua sendo um deputado do baixo clero, que está na presidência da República por um acaso do destino, e de lá não quer sair. Mas também não  quer governar.  Nunca tomou a dianteira de um programa nacional de prevenção da COVID, ao contrário, tentou ao máximo desqualificar a crise. Não apareceu, e ficou com ciúme do ministro da saúde Henrique Mandetta, que falava o tempo todo. Nessa crise energética é a mesma coisa: ele não aparece, não fala, não há um gabinete de crise, não há planejamento, não se sabe o que fazer. Hoje o vice presidente Hamilton Mourão afirmou que provavelmente haverá necessidade de racionamento. 

  • Fora do tom

    O Globo, em 31/08/2021

    A crise desencadeada pela intenção de instituições como a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) de divulgar manifesto supostamente contra o governo, mas que, na prática, defende mesmo a necessidade de diálogo entre os Poderes da República, mostra bem a que ponto chegamos no debate político no país.

  • O Deserto e as Formas

    Revista Humanitas, em 30/08/2021

    Como definir a experiência do deserto, senão através de aparente recorrência?

    *

    A tautologia surgiu no coração do deserto. Um anjo disse: A = A.  Mas quando veio o diabolus, descobrimos a cifra de um paraíso perdido. A ≠ B.

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    O deserto, antes dele. O deserto, dentro dele. O pós-deserto. Três mundos que divergem, irredutíveis. A soma de matéria incandescente. 

  • Documento da FIESP é anódino

    O Globo, em 30/08/2021

    Criou-se uma tensão, por equívoco do governo, a respeito do documento que setores econômicos anunciam que irão divulgar. O texto que seria divulgado amanhã - e parece que já foi adiado, segundo Artur Lira, é anódino. Pede diálogo e iguala os três poderes como responsáveis pela crise institucional. Muita gente deixou de assiná-lo porque ele transforma o governo Bolsonaro - que é quem ataca as instituições - em parceiro da mesma qualidade democrática que Judiciário e Congresso. É engano do governo fazer essa onda toda por um documento tão tranquilo. A primeira versão era mais incisiva na crítica oculta da crise institucional e responsabilizava o Executivo, mas foi refeita por pressão do BB e Caixa Econômica Federal. O documento final é neutro, e o governo, que teve vitória na pressão para mudar o teor do primeiro documento, ou está interpretando errado, ou quer criar mais uma confusão. 

  • As coxas de Lula

    O Globo, em 29/08/2021

    Uma foto do ex-presidente Lula com sua noiva Janja, à luz do luar na praia do Pico no Ceará, bombou nas redes sociais. Um procedimento usual dos frequentadores do Instagram - ou Insta, na intimidade -, publicar seus momentos felizes, tornou-se um fenômeno político. As coxas saradas de Lula transformaram-se em objeto de desejo de homens, e principalmente, de mulheres.

  • Criança diz cada uma!

    O Estado de S. Paulo, em 29/08/2021

    Num país de memória curta, temos o dever de reavivar o nosso patrimônio cultural, não deixando que as nossas raízes históricas esmoreçam. Nesse contexto, trazer à tona a trajetória de personalidades de grande sucesso tem um significado extremamente relevante.

    Tive o privilégio do convívio com um dos maiores dramaturgos da segunda metade do século 20. Meu compadre Pedro Bloch (1914-2004), padrinho do meu filho Celso, foi também um nome de grande importância na medicina, como um dos melhores foniatras do seu tempo.

  • A Idade da Pedra Lascada

    Tribuna Online, em 29/08/2021

    Estamos, estranhamente, voltando à Idade da Pedra Lascada e ao Pithecantropus Erectus. Mas ao avesso, em robôs e na técnica que supre o trabalho do homem.

    Desde a burocracia que nos assoma para o cadastramento de emprego ou de alma, o derruído agendamento (sempre ocupado telefonicamente) nas aposentadorias ou Detran, o aumento ardoroso dos preços de remédios e supermercados, a fome nos aviões, substituída por água, a conselho da Anvisa, quando os tripulantes se fartam no fundo das aeronaves (será preciso um seguro contra a fome, leitores, quando os voos crescem e ela continua?) Mais.

  • Se precisar, chame o Afonso Pena

    O Estado de S. Paulo, em 27/08/2021

    Encontrei Afonso Pena tomando suco de mamão com laranja na CPL. Nos encontramos todos ali, aos domingos de manhã. Antes da pandemia éramos oito, a ler jornal, trocar ideias, bem cedinho. Tinha quem emendava para o chopinho antes do almoço em dias quentes. Agora, somos quatro. Gradualmente os pequenos encontros cotidianos começam a ser reativados. Estava feliz, comuniquei: - Finalmente, de sorte, encontrei uma podóloga ótima aqui no bairro. Há tempos precisava dar um tratamento nos pés. A gente muda a vida, fica leve, solto.

  • Visão regressiva

    O Globo, em 26/08/2021

    Ao afirmar que fez um pacto com seu indicado a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, de que ele abriria toda semana os trabalhos no tribunal com uma oração e de que se encontrariam toda semana para conversar, o presidente Bolsonaro parece querer dificultar ainda mais a aprovação do ex-advogado-geral da União no Senado.