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Discurso de meias verdades

 

O discurso do presidente Bolsonaro na ONU foi cheio de meias verdades como se fossem verdades inteiras; escondeu a verdade através de palavras bonitas. É certo que o Brasil tem muita mata preservada, como ele citou, mas é preciso falar a outra parte, que ele está deixando depredar o que ainda está inteiro. Todas as leis e ações que preservam a Amazonia e a mata Atlântica foram afrouxadas na boiada que o ex-ministro Ricardo Salles passou, para que a área seja explorada pelo agronegócio ilegal. O Brasil foi um símbolo de preservação ecológica, e o governo dele está destruindo isso. E assim foi em todas as questões, como a indígena. O presidente que vive reclamando de terra demais para pouco índio, elogiou a maneira como o Brasil trata seus indígenas. Foi um discurso muito mais para o Brasil, para seus seguidores mais radicais do que para a opinião publica internacional, que vai saber que talvez a totalidade do que ele falou é mentira, fantasia. É de fácil constatação que o Brasil descrito no discurso não é o Brasil de hoje. Chega a ser impressionante a capacidade de Bolsonaro se colocar como pária. Era o único a não ter se vacinado entre todos os presentes na conferência da ONU.

O Globo, 21/09/2021