Protesto e receita democrática
A passagem do humanista e pensador Régis Debray pelo Rio de Janeiro enriqueceu a prospectiva das próximas semanas, diante do que se pensava fossem os cenários seguros deste segundo semestre.
A passagem do humanista e pensador Régis Debray pelo Rio de Janeiro enriqueceu a prospectiva das próximas semanas, diante do que se pensava fossem os cenários seguros deste segundo semestre.
O avanço do novo século envolve, também, uma nítida aceleração histórica e a aparição de paradoxos absolutamente imprevisíveis.
Tanto se avolumam as candidaturas republicanas, tanto se afirma a exclusiva opção por Hillary Clinton, entre os democratas. E só avulta, neste momento de previsões, a constância surpreendente de seu avanço frente a qualquer rival do GOP, como é chamado o Partido Republicano.
No reforço do Estado Islâmico nos últimos meses, de par com a recusa maciça europeia à migração árabe e africana, o advento político crescente da direita de Le Pen, na França, ampliou a inquietação com o avanço do fundamentalismo, hoje, como tônica identitária do Primeiro Mundo.
O longo e penoso acordo nuclear entre os Estados Unidos e o Irã é marco fundamental do legado de Obama à convivência internacional do nosso tempo.
As limitações da última reunião dos Brics não deixam dúvida sobre o esgarce da organização e a perda do que seria o seu momentum para a quebra das globalizações, comandadas pelo Primeiro Mundo.
O Brasil é o baluarte de uma esquerda no regime democrático e de como vamos à linha de frente nos tempos do Estado Islâmico – sem contar o perigo da retomada do bushismo e a torna à “guerra de religiões” nos Estados Unidos.
Os direitos humanos nos Estados Unidos, nestas últimas semanas, legalizado o casamento gay, passaram, também, não obstante, por gestos dramáticos de regressão cívica e política. Não há como subestimar a força do propósito de Dylan Roof, na concerta- ção exaustiva do massacre de Charlestown.
Os últimos dias evidenciaram uma crescente indecisão de Obama quanto às novas iniciativas para o abate do Isis. Depara-se uma “feminização” na abordagem do conflito, no enraizamento de novos contrapontos de força no Oriente Médio.
A recusa, à última hora, de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, a encontrar-se com o papa Francisco só diz do seu crescente e patético isolamento mundial, a só se comparar ao de Kim Jong-um, da Coréia do Norte. Vem de par com sua crescente rejeição ao regime democrático, chegando, hoje, ao sufoco das menores manifestações de dissenso em seu país.
A próxima assembleia geral do PT deverá instituir um Conselho junto ao partido, formado de responsáveis pela condução histórica da legenda, ao longo das últimas décadas. A iniciativa responde ao fenômeno cada vez mais reconhecido da ausência de lideranças emergentes, como segunda geração, no avanço dessa chegada ao poder do Brasil do outro lado, e da efetiva "virada de página" frente ao país do establishment.
Ao contrário da primeira expectativa, as últimas semanas só estão confirmando o avanço e o assento territorial do Estado Islâmico, estendido, agora, à cidade-chave de Palmira, já no próprio eixo da Síria. Trava-se, ao mesmo tempo, a cruzada proposta por Obama, em conjunto com os Estados europeus, quanto ao esmagamento irredutível do "Estado" terrorista. Ainda dentro da segurança de sua erradicação e da torna ao equilíbrio internacional de todo o Oriente Médio, Obama acaba de reiterar, com datas certas, a retirada das tropas do Iraque e do Afeganistão, na réplica contundente ao expansionismo do governo Bush.
A estabilização do governo aponta o novo radicalismo, senão o extremismo oposicionista, tanto quanto a definitiva tomada de posição do petismo no tocante à política de mudança e, sobretudo, diante da corrupção. O antagonismo extremado isolou da prática totalidade do PSDB movimentos como o "Brasil Livre" e os "Revoltados Online", que chegam, mesmo, a acusar de traição Aécio e FHC, na desistência do pedido de impeachment de Dilma.
As últimas semanas evidenciam novos atentados à Declaração Universal dos Direitos do Homem, de meados do século XX.
A vitória do partido conservador de Cameron, na Inglaterra, surpreendeu pelo seu alcance frente aos prévios equilíbrios das sondagens, e pela nitidez de sua opção política. É um passo resoluto no avanço das direitas em toda a Europa.