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O colonialismo pedido, e logo

 

O avanço do novo século envolve, também, uma nítida aceleração histórica e a aparição de paradoxos absolutamente imprevisíveis. O  11 de setembro marcou a afirmação inédita de toda uma cultura islâmica, rompendo com o Ocidente e a prisão invisível de sua visão de mundo. O colonialismo, até então, impunha sua vigência urbi et orbi, no aplastramento das diferenças no viver-se o cotidiano.

O governo Cameron, agora, guarnece o Eurotúnel de todas as barreiras migratórias, envolvendo até cachorros e detectores metálicos para travar uma migração maciça, num impulso que arranca da Ásia e tem o maior de seus núcleos no Paquistão e Afeganistão. Move essas massas, justamente, a retomada das condições daquele bem-estar característico da dominação dita ocidental para a melhoria das condições de vida. O relato dessa mocidade é de uma viagem sem volta e sem memória, buscando a completa imersão no Primeiro Mundo de hoje e sua fruição absolutamente acrítica. Em momento em que o universo da afluência quer se isolar na Europa e nos Estados Unidos, avulta essa migração, sem precedentes, de asiáticos a pé dotados de determinação de voltar a partilhar do ocidente. O novo e crescente fluxo asiático pode ir a uma hegemonia civilizatória, no mais flagrante dos contrastes do que se pensava fosse o mundo de após a queda das Torres Gêmeas e do terrorismo de Bin Laden.

Deparamos, ao mesmo tempo, a desaparição do antigo Terceiro Mundo, de par com o socialismo capitalista, surgido agora coma concentração de fundos da China, sua economia bancária de empréstimo e a irradiação do sentido empresarial. È significativo que a emergência asiática, entretanto, saia, cada vez mais, de sua matriz continental para encontrar a segurança histórica do Ocidente. Na memória de seus custos, mas também na certeza da melhoria social, vivida, em dependência ou não, no seio dos últimos três séculos.

Jornal do Commercio (RJ), 10/08/2015