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Artigos

  • Feijoada, vatapá é pizza

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 12/10/2005

    O temor de que a sucessão de escândalos no governo e no PT, na vida pública em geral, resulte numa pizza monumental tem precedentes ilustres e se explica pela própria natureza dos fatos -que deixam de ser instantâneos e se prolongam em desdobramentos, porões e grotões, ramificando-se de tal maneira e com tal intensidade que o núcleo perde importância e oportunidade.

  • Posses impossuídas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 11/10/2005

    Tem agora uma idade respeitável, embora não se considere respeitável. Em seus tempos de glória, foi um galinha assumido. Não dava em cima de todas, pelo contrário, era tímido, mas dava outra coisa mais importante e eficaz: ficava adrede a que dessem em cima dele, o que nem sempre era freqüente, mas acontecia de vez em quando.

  • Perder para todos

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 10/10/2005

    A crise política que abalou governo e PT passou para segundo plano, e daí passará para plano algum, afogada por novas crises. Comentei ontem, por alto, a greve de fome de um bispo que é contrário à transposição das águas do São Francisco. Deveria comentar agora o plebiscito sobre a venda de armas, mas deixo o assunto para crônica mais extensa, que publicarei na Ilustrada, na próxima sexta-feira. Não percam. Do contrário, o perdido será o cronista, que poderá perder o emprego.

  • A dádiva

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 09/10/2005

    Desconfio que, pela primeira vez no ofício de cronista, sou obrigado a dar razão a todos na questão do rio São Francisco. Antes de pensar em transpor um rio, há que haver rio e, do jeito que está, em breve não haverá o que transpor.

  • A mulher do padeiro

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 08/10/2005

    Não costumo adotar decisões radicais para uso próprio, mas as aprecio nos outros. Tive um amigo de juventude que iniciou greve de fome para convencer uma vizinha a dar para ele, quase ia conseguindo, mas desistiu na última hora, não sei até hoje por qual motivo.

  • Das pombas fúnebres e da honra dos homens

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 07/10/2005

    Deus é testemunha -gosto de invocar o Todo Poderoso, no qual às vezes creio, às vezes não, de acordo com o tempo, o modo e a circunstância. Sobretudo quando estou mentindo, o que não é o caso, principalmente agora, quando a verdade não vale e, se valesse, dava na mesma. A invocação é para afirmar que não aprecio solenidades, sejam quais forem. Houve época em que havia solenidade em tudo, principalmente nos enterros, quando Estado e Igreja não haviam se separado pelos ideais e costumes republicanos.

  • As armas e os varões

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 06/10/2005

    Não votarei no plebiscito sobre a proibição das armas de fogo. Se fosse obrigado ao voto, o anularia propositadamente, e lucidamente. Trata-se de um escapismo, uma forma que a tal sociedade ética e transparente encontrou para, mais uma vez, empurrar com a barriga um dos problemas mais agudos de nosso tempo: a violência. Com pequenas alterações, pode-se usar a comparação do termômetro. Proíba-se a compra e o uso dos termômetros e não haverá mais febre no país.

  • Salgueiro e Harpas

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 05/10/2005

    Um dos salmos mais conhecidos (e bonitos) atribuídos ao rei Davi é o 137, que chegou a ser musicado por alguns compositores profanos. "Junto aos rios de Babilônia nos sentávamos e chorávamos, nos lembrando de ti, oh, Sião! E nos ciprestes pendurávamos as nossas harpas. Os que nos levaram cativos pediam uma canção para que os alegrássemos, dizendo: "Cantai uma canção de Sião". Como cantaremos a canção do Senhor em terras estranhas?".

  • Discurso padrão

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 04/10/2005

    No final dos anos 60, passei uma temporada em Cuba e de lá escrevi, por vias transversas, uma carta ao meu editor Ênio Silveira, da Civilização Brasileira, um dos poucos amigos que sabia onde eu estava. Na carta, deixei escapar um comentário que o próprio Ênio divulgou entre os iniciados que freqüentavam sua editora naquele tempo e circunstância.

  • Lula e a base

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 03/10/2005

    Pouquíssimas vezes fui obrigado a concordar tanto e tamanhamente com o presidente Lula. Sua Excelência declarou, na semana passada, que é a favor da reforma política e, sobretudo, que é necessário, para início dos trabalhos, "moralizar a base".

  • "Verbalão" e "Mensalão"

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 02/10/2005

    Não sei quem descobriu que a crise provocada pelos escândalos "estava do outro lado da praça". A praça em questão não é a mesma na qual brilhava o finado Ronald Golias, morto na semana que passou. É a praça dos Três Poderes, mesmo. E "o outro lado" é aquele que, coincidentemente, fica ao lado do Congresso, onde está o Palácio do Planalto.

  • Tempos lamentáveis

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 01/10/2005

    Numa época em que todos lamentam alguma coisa, a polícia inglesa lamenta a morte equivocada de um brasileiro, o presidente Bush lamenta as enchentes de Nova Orleans, o PT lamenta as tramóias de seus dirigentes, nada demais que se lamente o suborno dos árbitros de futebol.

  • As burrices do pensamento único

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 30/09/2005

    Já comentei diversas vezes as fases da sociedade em que predomina o pensamento único. Não vem ao caso repetir as distorções causadas por momentos em que todos se transformavam em Juquinhas de anedota -aquele guri safado que só pensava em sacanagem. Exemplo: o professor mostra ao Juquinha uma caixa de fósforos e pergunta: "Juquinha, isto é uma caixa de fósforos. No que você pensa quando vê uma caixa de fósforos?".

  • O verbalão

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 29/09/2005

    Quando afirmo e reafirmo que nada entendo de política - nem pretendo entender -, alguns leitores pensam que é uma tentativa de charme do cronista, ou deslavada insinceridade. Nem tanto, nem tanto.

  • Erro judiciário

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 28/09/2005

    Volta e meia, um parlamentar ou membro do Judiciário lembra que o Estado é separado da igreja e pede que nos hospitais e escolas públicas sejam retirados os crucifixos, símbolo de uma religião, a cristã, e seus desdobramentos confessionais, a católica sobretudo, que é tida como a da maioria dos brasileiros.