Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos

Artigos

  • Sem medo do mito Lula

    Nesta abertura da nova década, até onde nos damos conta do que representa hoje a liderança de Lula, neste inédito de um absoluto respeito à democracia e penetração da consciência popular? Não se trata apenas dos 82% de apoio, que desarvoram todas as condições de um status quo de voltar ao poder na percepção do salto destes dois mandatos. Ou do que impeliu o inconsciente social brasileiro para um voto-opção em que, de vez, só existe a mão única para a conquista do desenvolvimento sustentado do país. Esse "povo de Lula" sabe para onde vai, à margem do partido, no eixo das coalizões com o PMDB e impermeável aos escândalos moralistas. Ou melhor, percebe que são abominações próprias ao velho regime brasileiro, de perpetuação da sua cosa nostra, como agora evidencia a permanência de Arruda à frente do governo das propinas mais entranhadas na contabilidade da corrupção brasileira.

  • Catástrofes e burocracia da morte

    A catástrofe de Port-au-Prince não foi só ao extremo do que pode um terremoto, num centro urbano contemporâneo. Precipitou imediatamente uma onda inédita de cooperação internacional, que deverá tornar irreversível, de vez, o que seja o sentimento de uma humanidade ferida no próprio cerne de sua sobrevivência.

  • Acorda o Brasil de Dilma

    Os últimos resultados das interações do voto presidencial marcam as tendências para ficar, no pleito de outubro próximo. Refletem, ao mesmo tempo, a configuração decisiva do número de candidatos, com a saída de Ciro Gomes e a redução do número de indecisos. O que está em causa, sobretudo, é a certeza da transferência do eleitorado de Lula para Dilma. Permanecia o cipoal das incertezas, que beneficiaram as chances de Serra. Via-se o presidente prisioneiro de seu fascínio pessoal, e do carisma intransferível, quando agora desponta o pedagogo, decidido a cravar a sua sucessão.

  • Convivendo com o terrorismo sem volta

    O XXIII Seminário da Academia da Latinidade, recém-realizado em Córdoba, confrontou-se com os extremos da desconfiança internacional, levando ao inédito terrorismo dos nossos dias. Ressoa a primeira resposta da Al-Qaeda à chegada de Obama ao poder, e à possível mudança de atitude do mundo muçulmano radical. Al-Zawahiri, guru de Bin Laden, é peremptório: converta-se Obama ao Islão, e leve seu país a segui-lo para então pensarmos no desarme da ,civilização do medo".

  • Tramas do óbvio

    O discurso do líder iraniano Mahamoud Ahmadinejad na abertura da Conferência das Nações Unidas sobre o desarme nuclear marca a ponta ou o extremo em que a chance de uma nova convivência internacional pode sair das velhas hegemonias em que vivemos, ainda, um mundo de após a queda do Muro. Num quadro de verdadeiro desarme internacional, o controle efetivo do poder atômico deve se fazer no plano, só, dos donos das ogivas ou competirá de fato a uma autoridade internacional?

  • Aprendendo a ser potência

    Nos novos dados da prosperidade brasileira avulta o da nossa presença internacional, no reconhecimento galopante do Brasil potência. Toda uma nova estatística se refina nesta classificação e no lugar onde estaríamos, entre a oitava e a quinta posição, na década que começa. Mas tornam-se imbatíveis as convergências entre crescimento doPNB, mobilidade social e aprofundamento democrático, inclusive no contraste entre as outras nações continente que despontam fora do velho primeiro mundo.

  • Desenvolvimento sustentável e já

    Lula recebeu a agenda do novo ciclo da política de mudança, preparado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, da Presidência. São nove pontos básicos, centrados nos novos horizontes da educação; nos desafios do Estado democrático; na transição para a economia do conhecer e na garantia do trabalho decente com inclusão social; no padrão emergente de produção, de par com o potencial da agricultura; no papel das infraestruturas e da sustenta¬bilidade ambiental.

  • Do protesto à festa na parada gay

    O fluxo de 3 milhões de pessoas na Parada Gay de São Paulo, no último domingo, marcou um momento de nítida maturidade na manifestação de uma consciência coletiva. Não se trata mais, apenas, do protesto, de discriminados sociais, no espetáculo que já se vê inclusive impregnado da nossa velha civilização da festa ou da carnavalização brasileira. Entra em causa, sim, uma consonância internacional com esta nova densidade social do nosso tempo. E a afirmação vai, claramente, a esta noçãoda cidadania, a marcar o novo século por sobre as afirmações nacionais ou regionais de uma identidade, nascida do imediato contexto coletivo da pessoa.

  • Anticlímax e eleições sem surpresas

    O nítido anticlímax eleitoral tomou conta das primeiras semanas de campanha. Seu pano de fundo são os 77% de apoio ao atual governo e as dificuldades de uma oposição clássica para o confronto. E o ativo político do país hoje é desta consciência profunda da mudança acelerada nesta década, a assentar uma visão difusa, mas não menos certeira do voto-opção.

  • Futebol e marginalidade gloriosa

    Zico, em entrevista, finalmente cobrou as consequências do que ora vê o Brasil, no horror do crime de Bruno e seus asseclas. Dá-se conta o país do quanto a marginalidade infestou o cotidiano dos jogadores do esporte sumo. Mais, ainda, permitiu-lhes a sensação de impunidade, em que o goleiro surge, na sequência de outros astros frequentadores de drogas, nas paradas sexuais da Barra, ou na farra permanente. Não testamos, ainda, o quanto esta nossa preguiçosa tolerância engole a consciência, diante da abominação. 

  • O outro capital do Planalto

    A popularidade de Lula, de 84% de apoio, em fins de governo, não levou o País a dar-se conta ainda, e por inteiro, do novo capital de respeito de que gozamos lá fora. Somamos nisto a expansão da prosperidade com a distribuição de renda e o avanço democrático. É por aí mesmo que nos distinguimos dos outros Brics, neste conjunto de nações que hoje se contrapõe às hegemonias cansadas em que saímos do século XX.

  • Para além da paz ingênua

    A reunião da Aliança das Civilizações, terminada no Rio, levou adiante o projeto de desmistificar os impasses de uma nova e ainda possível convivência internacional em tempos da civilização do medo e da guerra de religiões.

  • Para onde vão as esquerdas europeias

    A prostração da crise financeira na Europa, mesmo se manifeste o caso grego como um fenômeno geral de corrupção, não suscita, apenas, o profundo requestionamento do próprio modelo que assegurou a inaudita prosperidade das últimas décadas. Nem se trata apenas da cupidez dos Executivos e o excesso de ganhos, em que um sucesso especulativo veio, de fato, a comprometer a produtividade intrínseca do sistema. No caso europeu o que estaria em causa, acima de^ tudo, é a exaustão dos recursos fiscais e da mobilização ainda do Estado como mola da estabilidade econômica e social. Tal demonstra, ao mesmo tempo, a perplexidade hoje das esquerdas para promover a mudança do atual status quo europeu. É o que põe em causa já as novas linhas das economias de lazer e de trabalho, no continente cada vez mais da terceira idade, e a discutir os novos limites da aposentadoria e das horas de trabalho de sua economia. Mas, antes das bandeiras de efetiva mudança no seu conteúdo consentido de utopia, que sempre vitalizam as esquerdas, é a seqüela da òrise de 2008 que irá ao abate díessas esquerdas remanescentes no poder, como a de Zapatçro na Espanha.A agudização do contraponto regional na Itália somou a esquerda ao oposicionismo, contra o avanço da liga norte, que conta com a simpatia de Berlusconi, e leva um progressismo indiferen-ciado, a apostar, mais que em qualquer outro país europeu, nas novas dimensões internacionais de seu mercado econômico financeiro. É a mesma polaridade supranacional que levou a um conservatismo crescente às esquerdas alemãs, e a este centrismo milimétrico de que dependem as maiorias da primeira - ministra Merkel.

  • Radicalidade arcaica e despertar político

    O primeiro debate entre os candidatos não suscitou a atenção de mais de 15% dos telespectadores. O começo de campanha não tirou da inércia ainda esta campanha eleitoral, que parece cada vez mais se definir pelos jogos feitos de uma sucessão natural e esperada do governo Lula. O encontro na Band veio ao mesmo tempo em que três institutos de opinião pública confirmam o disparo médio de dez pontos da candidata petista sobre Serra. Mas valeu o susto da radicalidade arcaica, pelo menos como fantasma do que separa as ideologias e uma militância consequente. Veio de Plínio, o octogenário a ser contra o marasmo dos fatos consumados.

  • Dilma depois "já ganhou"

    Não encontramos, em dias eleitorais, impacto de uma vitória antecipada como a de Dilma em outubro próximo. Não é só a estimativa do dobro de sufrágios frente a Serra, mas a da representatividade desta vantagem. Dilma ganha em todas as classes sociais, exceto - et pour cause -a dos mais ricos. É o que valida o caráter de voto-opção pela tomada de consciência do Brasil da redistribuição dos ganhos, e da mobilidade social chegada ao país dos destituídos.