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Artigos

  • Um chato de chapéu

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 04/03/2006

    Não sei quem inventou a expressão "chato de galocha". Deus é testemunha de que não fui eu, embora nunca as tenha usado e, honestamente, não sei por que a galocha faz um chato. Um sujeito já nasce chato independentemente de ter ou não ter galochas em seu enxoval de bebê.Quero falar de um dos caras mais chatos que já andaram por nossas plagas. Usa chapéu, parece que de palha, que faz parte de seu visual básico, como o báculo e a mitra fazem parte do equipamento profissional de um bispo.

  • Gratidão aos ossos de Dana de Teffé

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 03/03/2006

    Assunto para os profissionais de comunicação meditarem entre si e também eu próprio comigo mesmo. A totalidade do noticiário e das fofocas das colunas especializadas são dirigidas à política, ao esporte, à economia, à polícia, à cultura, ao entretenimento, à saúde, ao comportamento, à ciência em geral. Eventualmente, eu abordo esses temas, mas sem fanatismo por nenhum deles. Sempre que posso e mesmo quando não posso e não devo, escrevo sobre outros assuntos, desde as bruxarias do "Grande e Verdadeiro Livro de São Cipriano" aos ossos de Dana de Teffé.

  • Um brasileiro

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 02/03/2006

    Não podia deixar de registrar o lançamento de "Ary, um brasileiro", CD gravado por ocasião do show homônimo em comemoração ao primeiro centenário de nascimento do autor de "Camisa amarela".

  • Punição ou vingança

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 01/03/2006

    Semana passada, comentou-se a decisão de abrandar as penas aplicadas aos crimes hediondos. Em princípio, qualquer crime é hediondo, desde o marido que esbofeteia a mulher porque não fez o feijão do jeito que ele gosta até o crápula que mata e come criancinhas depois de violentá-las.

  • A Carmen do Ruy

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 31/12/2005

    Não chegava a ser bonita, a voz não era lá essas coisas, o repertório tinha altos e baixos, depois de certo tempo mais baixos do que altos. Como artista de cinema, aceitou a caricatura que bolaram para ela, com uma ou outra exceção, como aquela esplêndida Fifi que fez no pior filme de Groucho Marx ("Copacabana") e um dos piores de toda a cinematografia mundial.

  • 2005, ano de caviar e de extintor de incêndio

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 30/12/2005

    Tempo de fazer retrospectivas do ano que passou e nada demais que eu faça a minha. Desconfio das demais, são óbvias e repetitivas, mas é da natureza e função de qualquer exame sobre o passado recente -tão recente que ainda nem passou realmente, como o caso do "mensalão" e as dúvidas do presidente da República sobre se vai ou se fica na sucessão de si mesmo.

  • Não sabiam de nada

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 29/12/2005

    Estou lendo os relatos do médico psiquiátrico que cuidou dos vinte e tantos réus no Tribunal de Nuremberg logo após a rendição da Alemanha, em 1945. Não há novidades em seus textos, o principal já era sabido, foi julgado e devidamente condenado. Nos anos seguintes, outros criminosos de guerra foram presos em diferentes partes do mundo e disseram a mesma coisa: cumpriam ordens e nada sabiam do massacre de 6 milhões de pessoas.

  • Boa pergunta

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 28/12/2005

    Pessoal mais comprometido com o governo insiste em declarar que até agora não surgiram provas definitivas sobre o "mensalão", considerando o parecer do relator da CPI dos Correios precipitado e até mesmo leviano.

  • O papa e Herzog

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 27/12/2005

    Gostei da homilia proferida pelo papa durante a missa do Galo, na medida em que me entediei com seu pronunciamento, no dia seguinte, na praça do lado de fora, quando disse o óbvio, as coisas que todos dizem em datas festivas ou marcadas por alguma tragédia.

  • Orgasmos múltiplos

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 26/12/2005

    Já foi dito por gente mais autorizada do que o cronista que aliás não tem autoridade alguma: no Brasil, a campanha eleitoral começa no dia seguinte ao da posse do novo presidente. Em outros países também deve ser assim mas tendemos ao exagero e ao assanhamento. Noel Rosa diria: coisas nossas.

  • O AntiCristo que o mundo perdeu

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 23/12/2005

    Reconheço: nas vésperas de mais um Natal em que se comemora o nascimento do fundador do cristianismo, é de mau gosto falar em Nero, considerado pela maioria dos historiadores cristãos o Anticristo previsto no Apocalipse. A desculpa que ouso apresentar é meio furada. Pretendo aproveitar o gancho (Nero) para, mais uma vez, expressar a falta de credibilidade da história, qualquer história, desde a universal, até a história miúda que estamos vivendo.

  • Razão da idade

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 22/12/2005

    Já lembrei aqui o centenário de Jean-Paul Sartre que seus devotos estão comemorando. Grande parte da crítica e a maioria dos leitores o consideram superado, tanto na filosofia como no ensaio, no teatro, conto e romance. Concordo em parte com esse tipo de datação, mas continuo admirando sua ficção.

  • Em feitio de oração

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 21/12/2005

    Deus é testemunha de que procuro ter o máximo de boa vontade (a possível, é evidente) para com os reclamos e sugestões, certamente importantes e justas, daqueles que, de um modo ou de outro, desejam uma opinião ou um comentário do cronista.

  • O incerto e o duvidoso

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 20/12/2005

    Leitores indignados estão mandando e-mails truculentos às Redações e aos colunistas estupefatos diante da pesquisa que apontou Orestes Quércia na liderança de votos para a próxima sucessão em São Paulo.

  • Bola dividida

    Folha de São Paulo (São Paulo), em 19/12/2005

    Não admiro Lula como presidente, mas como pessoa competente, no sentido de que é capaz de competir, mesmo perdendo, como perdeu três eleições presidenciais. Daí a estranheza de sua recente declaração: só competirá na próxima eleição presidencial se for para ganhar.