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Artigos

  • A ditadura das épocas

    Joaquim Pinto Montenegro, meu tio e um dos homens que mais admirei, morava num casarão em Friburgo, relíquia da qual se dizia ter sido usada por dom Pedro 2º para encontros com uma de suas amantes. Os entendidos garantiam que era um dos patrimônios mais significativos do estilo colonial. Na manhã daquele dia, deitado na rede histórica que havia comprado no Ceará, viu uma nuvem de poeira levantada por uma van que parara em seu portão.

  • Um novo Cid

    Tudo vai dar certo? Estamos na metade do terceiro mês de um ano que promete muita briga. As previsões variam e, aqui do meu canto, não vejo muitas razões para o otimismo. Sou pessimista por formação e gosto disso, desde que eu me entenda se é que algum dia consegui, por distração ou falta do que fazer, entender alguma coisa, principalmente a mim mesmo.

  • Tanta água

    Na primeira vez que fui a Israel, em 1961, o grande assunto era a renúncia de Jânio Quadros. Fui com Adolpho Bloch. Ficamos hospedados no King David. A imprensa noticiou a presença de dois jornalistas brasileiros, Adolpho era bastante conhecido naquele país. Era nome de uma escola e do Observatório Nacional.

  • Traídos e traidores

    Com a proximidade do 1º de abril, venho recebendo pedidos da mídia em geral para dar um depoimento sobre o golpe de 1964. Querem saber quem tinha mudado de lado, apoiado a deposição de João Goulart e depois se voltado contra o regime totalitário que os militares instauraram naquela data.

  • Paulo Francis e a Petrobras

    Não era, por natureza e vontade, um jornalista investigativo. Sempre bem informado, culto e o mais inteligente em sua época, Paulo Francis morreu quando estava sendo processado nos Estados Unidos, morte quase súbita, após um período de depressão.

  • Tudo é possível

    No início desta semana, lembrei a morte súbita (por infarto) de Paulo Francis, que estava sendo processado nos EUA por altos funcionários da Petrobras.

  • A imprensa mudou

    Quando comecei a trabalhar na imprensa, no remotíssimo século 20, o grosso do noticiário dos jornais eram muitos então, o assunto capaz de atrair o leitor, era a campanha frustrada contra o jogo do bicho. Havia fortalezas em todos os cantos da cidade e do país, o nome dos principais bicheiros era conhecido e tinha o privilégio de abastecer não apenas a editoria policial, mas as colunas sociais.

  • A imprensa mudou

    Quando comecei a trabalhar na imprensa, no remotíssimo século 20, o grosso do noticiário dos jornais eram muitos então, o assunto capaz de atrair o leitor, era a campanha frustrada contra o jogo do bicho. Havia fortalezas em todos os cantos da cidade e do país, o nome dos principais bicheiros era conhecido e tinha o privilégio de abastecer não apenas a editoria policial, mas as colunas sociais.

  • Vozes de 1964

    Em seu livro de memórias, JK conta que, em 1962, viajando de São Paulo para o Rio de carro, ia meditando sobre as dificuldades nacionais quando, ao passar por Aparecida, olhou o Santuário de Nossa Senhora e ouviu uma voz interior que, na ocasião, parecia a própria voz da padroeira nacional. A voz lhe pedia que salvasse o Brasil.

  • A herança maldita

    Amigos e desconhecidos, quando esbarram comigo, ou eu com eles, costumam perguntar qual seria a maior herança do regime militar de 1964. Onde e em qual medida a ditadura contaminou a vida pública nacional no atual estágio em que se encontra.

  • O último aniversário

    19/4/1950. No fim das coxilhas, acima dos capões que marcam a savana verde, a umidade avermelhada do Sol se anuncia, lentamente, num céu metálico e áspero. A claridade é pouca e, de quando em quando, um peão passa ao longe, para a faina diária. No alpendre da casa principal, paredes nuas, três entradas em forma de ogivas, o gaúcho de bombachas, prepara pausadamente o primeiro chimarrão do dia.

  • A era de ouro

    Um dos clichês mais batidos no cinema, principalmente nos velhos filmes de faroeste, mostra uma pequena cidade do interior na santa paz do Senhor, meninos tomando banho numa cachoeira, o sino da igreja tocando alegremente, chamando os fieis para o ofício religioso, o dono do bar servindo um refrigerante inocente para o carteiro da comunidade, numa mesa redonda, quatro cowboys jogando damas, uma velha vitrola fanhosa tocando "Oh, Suzana", um cachorro tomando sol e olhando um passarinho.

  • O que é a Verdade

    Li com atenção a crônica de Ruy Castro, "Nós em 2214", em que coloca o juízo que a posteridade fará do nosso tempo. Segundo Ruy, a humanidade daqui a 200 anos, não entenderá a idolatria que temos pelo automóvel, o maior vilão de nossa atualidade.

  • Naufrágios

    Uma das regras mais rígidas da navegação marítima estabelece que em caso de naufrágio iminente ou possível o comandante é o último a deixar o navio. Tivemos, recentemente, dois casos que desmentem a tradição.