Uma das regras mais rígidas da navegação marítima estabelece que em caso de naufrágio iminente ou possível o comandante é o último a deixar o navio. Tivemos, recentemente, dois casos que desmentem a tradição.
Em 2012, um dos navios da Costa Cruzeiros bateu numa pedra e afundou em águas italianas, matando passageiros e tripulantes. O comandante tomou o primeiro bote disponível, foi o primeiro a chegar à terra firme. Está preso e teve carta da navegação cancelada. Neste mês, um navio da Chonghaejin Marine naufragou e seu comandante também foi o primeiro a se salvar.
Deixando os navios no fundo dos oceanos, estou acompanhando a crise do nosso governo que está fazendo água, um pouco misturada com o petróleo de Pasadena. Ainda não houve mortos, mas, sim, prejuízo de milhões de dólares aos cofres brasileiros. Alguns tripulantes estão sendo acusados pelo novo escândalo parido nas entranhas do PT.
Na barafunda técnica e funcional, que supostamente nunca será apurada, com as forças do Planalto lutando contra a formação de uma CPI, não exagero quando comparo a crise atual da Petrobras com o naufrágio dos navios. Queira ou não queira a cúpula do PT, interessada em livrar a cara do partido, o escândalo é um fato que não pode ser negado nem explicado.
Dona Dilma saiu do anonimato quando era a autoridade máxima do setor. Com fama de gestora, não percebeu nem constatou que os relatórios da Petrobras "eram confusos e falhos". Mesmo assim, os aprovou.
Já lembrei aqui o caso da morte do Paulo Francis. Ele acusou funcionários graduados da nossa maior estatal de estarem enchendo os bolsos com negócios tipo Pasadena. Foi processado e teria de pagar uma indenização aos injuriados.
Homem de sensibilidade, jornalista bem informado, de grande credibilidade, morreu de repente.
Folha de S. Paulo(RJ), 27/4/2014