O mundo e a glória
Nunca vi nada igual. Ao descer no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, para cobrir a Copa do Mundo de 1998, fiquei pasmo diante de um enorme pôster de Ronaldo Fenômeno.
Nunca vi nada igual. Ao descer no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, para cobrir a Copa do Mundo de 1998, fiquei pasmo diante de um enorme pôster de Ronaldo Fenômeno.
Li em algum lugar que um cidadão francês, antes de se suicidar, deixou um bilhete explicando o seu gesto: "Estou cansado de abotoar e desabotoar os botões de minhas calças". Evidente que ainda não haviam inventado o zíper.
Em crônica da semana passada ("Previsões"), contei como conseguira prever a eleição do cardeal Albino Luciani para a sucessão do papa Paulo VI.
Noite alta, o capitão de navio, dirigindo-se para o porto, encontrou o Diabo, que lhe propôs um negócio. Em troca da alma do lobo dos mares, ele lhe daria um moinho (desses de moer café) que seria como a lâmpada do Aladim. Para tudo o que o capitão pedisse, bastaria mover uma pequena manivela, e tudo se realizaria.
Impossível não comentar o naufrágio do Costa Concórdia. Desde que perdi o medo dos navios, sou freguês anual desses cruzeiros cafonas. Num deles, encontrei o deputado Francisco Dornelles, que fazia a sua primeira viagem e, como sobrinho de Tancredo Neves, contou-me o que o tio lhe dissera: "Se você souber que eu estou dentro de um navio, chame a polícia, porque fui sequestrado ou fiquei louco".
O pessoal da Fifa continua insistindo em detalhes a respeito da próxima Copa do Mundo a ser realizada no Brasil. Não compreendo como, após a decisão final da própria Fifa, quase um ano atrás, certos problemas pontuais não tenham sido esclarecidos por ambas as partes.
Não me lembro qual foi o poeta que se recusou a fazer um romance porque jamais escreveria esta frase: "A marquesa saiu às quatro horas". Era um fundamentalista em matéria de literatura. De minha parte, há mais de 60 anos que quase todos os dias escrevo que a marquesa ou a condessa, se não saiu às quatro horas, saiu às quatro e meia. E dai?
Não faz muito, lembrei o encontro de dom Pedro II com Graham Bell, quando o imperador do Brasil, testando o telefone que acabara de ser inventado, assustado, teria dito: "Tem um homenzinho falando aqui dentro". Leitor interessado no rigor histórico reclamou junto à ombusdman deste jornal, dizendo que pesquisara no arquivo do Museu Imperial de Petrópolis e a frase ali registrada era: "Meu Deus, isto fala!".
É conhecida a história do besouro. Uma comissão de técnicos em aerodinâmica, aviões e foguetes espaciais, examinou, com equipamento sofisticado, de última geração, as possibilidades de um besouro voar. E concluiu pela impossibilidade estrutural e operacional: besouro não pode voar.
Última aula do ano letivo, o professor se despede da classe, deseja que todos façam um bom exame final, tenham as melhores férias possíveis e, mais por delicadeza do que por necessidade, pergunta se existe qualquer dúvida sobre a matéria dada no curso.
Vi no Canal Brasil o documentário sobre o 15º aniversário da morte do jornalista Paulo Francis. Bom programa, inclusive com o final wagneriano de "Tristão e Isolda", talvez seu trecho lírico preferido.
Acho que já contei esta história, mas vou repeti-la para justificar o título desta crônica. Faz tempo, o escritor Álvaro Lins, crítico literário e chefe do Gabinete Civil no governo JK, recebeu convite oficial para visitar a Suíça. Começou em Genebra. No primeiro dia, leu os jornais da cidade e ficou sabendo que haveria eleição geral em toda a Confederação Helvética.
É uma das piadas mais conhecidas: o náufrago espanhol chega a uma ilha, é recebido por alguns habitantes locais e faz a primeira e única pergunta que lhe competia: "¿Hay gobierno acá? Respondem que sim, há governo. O espanhol, ofegante, declara seus princípios: "¡Entonces, soy contra!"
Não faz muito tempo, ouvi um cineasta declarar, mesmo sem pompa nem circunstância, que somente o cinema novo do Terceiro Mundo pode destruir o capitalismo, a globalização e os crimes ecológicos que estão destruindo o nosso planeta. Já com alguma pompa e algumas circunstâncias, ouço, a cada dia, algum entendido declarar que o Brasil é a quinta, a quarta ou mesmo a terceira economia mundial, dependendo, é lógico, das citadas circunstâncias.
Pelo menos na maior parte do Ocidente, seguimos o calendário gregoriano. Feito por um papa, é natural que tenha obedecido à tradição canônica que estabeleceu as principais festas da religião cristã, como a Quaresma e, por conseguinte, o Carnaval, dedicado inicialmente ao "adeus da carne", seguido pela imposição das cinzas, símbolo de penitência e preparação para a grande festa da Páscoa.