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Artigos

  • Pedro II, monarca republicano

    Jornal do Brasil (RJ), em 24/11/2007

    Não é por acaso que o livro do acadêmico José Murilo de Carvalho sobre D. Pedro II - Ser ou não ser está tendo enorme repercussão, porque lançado num tempo de tanta corrupção, escândalos e mensalões, justamente o contrário daqueles anos do Segundo Reinado.

  • Pitanguy: Oitentão

    Tribuna do Norte (Natal), em 12/07/2006

    Seu nome inteiro é Ivo Hélcio Jardim de Campos Pitanguy, nascido em 1926 e que, justamente no último dia 5 de julho, completou 80 anos de idade, já podendo, como jovem octogenário, responder à pergunta: “É oito ou oitenta”? Ainda criança, Ivo leu em Monteiro Lobato que “o Saci morria aos 80 anos”. Achou, então, que era muita idade para ser vivida. Mas hoje, como oitentão, já acha que é muito pouco.Certa vez, trouxe um escorpião para casa, mostrando-o à mãe, que lhe disse para soltá-lo. Quando o soltou, ela desmaiou. Adotou em seguida uma jibóia, com quase 3 metros de comprimento, com a qual passou momentos agradáveis: levava-a enrolada no corpo e, nas lojas, era atendido prontamente. Nos bondes, com ela nos braços, tinha um banco inteiro para sentar-se. Foi um campeão de natação, no Minas Tênis Clube, competindo com Fernando Sabino, que dele diria depois: - Fomos escoteiros e companheiros desde a infância, brincamos no Carnaval, caímos dos mesmos cavalos no CPOR e tivemos as mesmas namoradas.Quando chegou ao Rio e pisou, pela primeira vez, na praia de Copacabana, quase perdeu a respiração: como mineiro, aquele marzão à sua frente e aquelas morenas bronzeadas lhe pareceram entidades de outra galáxia. Conheceu Aníbal Machado em Ipanema, então sem um só arranha-céu. E reencontrou-se com Fernando Sabino, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos, Rubem Braga, Millôr, Ziraldo e Leon Eliachar.  No plantão do Pronto Socorro, recebeu, certa noite, Madame Satã, um valente homossexual, toda ensangüentada, que se explicava: - Dr. Pitanguy: daqui para baixo eu posso até ser veado. E sou. Mas daqui para cima eu sou muito macho. E era. Destruiu a rádio-patrulha inteirinha.Transformou a Ilha Grande num santuário e num “bunker” ecológicos, quando a ecologia ainda não ingressara nas preocupações brasileiras. Traçou para ela um projeto paisagístico, inspirado no Mar Cáspio, com abrigos para centenas de espécies raras. Parodiando Américo Vespucci, que ali teria estado em 1496, costumava dizer:- Se por acaso houver um paraíso na Terra, não será muito longe daqui.Salvou dezenas de vítimas no incêndio do Circo Norte-Americano, em Niterói, mudando-se para o local e lá morando vários dias e noites. Fundou então a 38ª. Enfermaria da Santa Casa, que, sob sua chefia, de 1962 até hoje, já recebeu mais de 54 mil pacientes pobres.  Em 1963, instalou a sua Clínica em Botafogo, onde, desde então, já atendeu outros 51 mil pacientes, alguns famosos: o Rei Hassan, a Imperatriz Farah Diba, Niki Lauda, Josephine Baker, Sophia Loren, Gina Lollobrígida e Ursula Andrews, para modelar-lhes a face e o corpo. Seu Centro de Estudos já formou 450 médicos, de 42 países.É um globe-trotter, com uma quilometragem de vôo suficiente para dar várias vezes a volta do mundo. E é uma das poucas referências brasileiras, ao lado de Pelé e Airton Sena.Lutador de karatê, mantém arraigado amor pela vida, crendo, com um panglossiano, que ela está impregnada da vontade de ser feliz. Sua Medicina sempre foi um cânon para corrigir as deformidades e fazer as pessoas mais felizes. É um “expert” nos clássicos alemães desde Goethe no “Fausto” e Nitzsche no “Zaratustra” até Thomas Mann nos “Buddenbrooks”, cuja leitura, há muitos anos, me indicou.É também um perfeito patriarca, de família bem construída, com um permanente amor pelo ser humano e pela Natureza, jamais perdendo a simplicidade, o carinho e a doçura, próprios dos grandes homens como ele justamente é.

  • Testemunho de um século entre Academia e jornal

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 17/06/2006

    Este álbum de arte, que acaba de ser editado, tem uma unidade lingüística numa variedade temática, porque abrange desde o espírito da Páscoa, de Alceu, até os escritores do Império e da República, de Secchin, passando pelas Ephemerides brazileiras de Rio Branco, a língua português de Bechara, o Sartre de Cony, o Otto de Lêdo e o narco imperialismo de Jaguaribe.

  • Schmidt: Centenário

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 15/03/2006

    Se vivo fosse, o poeta Augusto Frederico Schmidt estaria completando, no próximo dia 18 de abril, o primeiro centenário do seu nascimento, porque nascido em igual data do ano de 1906. Justamente em sua homenagem foi lançado aqui no Rio o livro Quem contará as pequenas histórias?, uma biografia romanceada de Augusto Frederico Schmidt, escrita por Letícia Mey e Euda Alvim.

  • Réquiem para Oscar Dias Corrêa

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 07/12/2005

    Nestes dias de luto, é doloroso escrever sobre um homem plural como Oscar Dias Corrêa, falecido na semana passada, um mineiro nascido na sua querida Itaúna, há 84 anos, que, ainda mocinho, vencia um concurso de oratória. Aquele triunfo já prenunciava o incomparável orador que seria vida afora e previa igualmente o discípulo de Dante, o pai da poesia italiana, mas sobretudo o autor da Divina comédia, em homenagem à sua platônica paixão por Beatrix Portinari.

  • Cecília Meireles - Deusa e poeta

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 17/08/2005

    No dia 7 de novembro de 1901, nascia Cecília Meireles aqui no Rio de Janeiro. E morreria 48 horas depois de completar 63 anos de idade, no dia 9 de novembro de 1964. Segundo Drummond, em novembro ela veio e, em novembro, se foi: ''Mulher bela e poeta. Mas principalmente deusa''.

  • Mário Palmério, o romancista rural

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 02/03/2005

    À semelhança de Graciliano Ramos, com o seu livro São Bernardo, Mário Palmério também estreou na vida literária nem muito cedo, nem muito tarde, nem muito moço, nem velho ainda, mas naquela idade ideal, 40 anos, com o fruto quarentão de uma aventura intelectual: o livro Vila dos Confins, que ''nasceu relatório, cresceu crônica e acabou romance''.

  • Réquiem para Celso Furtado

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 08/12/2004

    Estes últimos seis anos têm sido muito cruéis para a nossa Academia Brasileira de Letras. Nesse período perdemos alguns acadêmicos emblemáticos: Antônio Houaiss, Herberto Sales, Dias Gomes, Carlos Chagas, Geraldo França de Lima, Rachel de Queiroz, Raymundo Faoro, Evandro Lins e Silva, o Cardeal Dom Lucas Neves, Barbosa Lima Sobrinho, Roberto Campos, Roberto Marinho e agora Celso Furtado, que morreu no dia 20 de novembro, aos 84 anos.

  • Agosto de 1954 - meio século depois

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ), em 25/08/2004

    Ele chegara ao poder, em 1930, no bojo de uma revolução libertária que iria interromper o círculo vicioso de uma alternância do ''café com leite'', entre São Paulo e Minas, enterrando os ossos de 40 anos do liberalismo republicano, que ele considerava perempto, falido e ultrapassado. Superou várias tentativas para depô-lo: as revoluções constitucionalista de 32 e a comunista de 35, além do putsch integralista de 38. Conseguiu sair de todas cada vez mais forte.

  • Lêdo Ivo: 80 anos de vitalidade

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ), em 02/06/2004

    Nos idos dos anos 50, eu e Lêdo éramos apenas mais dois personagens no extenso fabulário da nossa comum geração de jovens nordestinos nômades que emigravam de suas terras secas lá, no Nordeste, para virem batalhar por um lugar ao sol nesta selva das grandes cidades. Lembro-me bem dos nossos inesquecíveis tempos na Tribuna da Imprensa, quando ele, bem cedinho, irrompia pela redação adentro, na Rua do Lavradio, e ia logo perguntando em alto e bom som:

  • Ao rei tudo. Menos a honra

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 21/04/2004

    Os trabalhos legislativos corriam em Brasília, mornos e monótonos no fim daquela tarde de 3 de setembro de 1968, quando o deputado Marcio Moreira Alves, falando no ''pinga-fogo'', pronunciou um discurso que bem poderia ter ficado inédito, porque proferido para um plenário vazio e que constaria de um registro sem o menor destaque ou importância no Diário do Congresso. Dizia ele mais ou menos o seguinte:

  • Nova biblioteca

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 17/03/2004

    Aí está, recém-construída, a Biblioteca Pública da Academia Brasileira de Letras, com o nome de Rodolfo Garcia, em homenagem sugerida por Josué Montello a um ilustre acadêmico, meu conterrâneo, nascido no Rio Grande do Norte, e que, durante vários anos, presidiu a Biblioteca Nacional.

  • O idioma pede socorro

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 11/02/2004

    A Academia Brasileira de Letras desfraldou recentemente uma nobre bandeira: a da defesa da língua portuguesa. A verdade é que ela está correndo sérios riscos, desde quando, nos currículos escolares, foram extintas disciplinas que enriqueciam a cultura dos nossos estudantes.Assim, primeiro foi a vez do latim, que é a nossa origem e a nossa matriz. Depois, riscado o ensino do idioma francês. Agora, estão abolindo o ensino da Literatura. Já existem gramáticas, e até mesmo professores, que estão cortando a segunda pessoa do singular e do plural - o tu e o vós - na conjugação de alguns verbos.

  • A lição de Faoro

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro - RJ) em, em 28/05/2003

    A ciência jurídica brasileira está de luto, há vários dias, com a morte de Raymundo Faoro, ocorrida cinco meses depois do falecimento de seu grande amigo Evandro Lins e Silva.

  • Réquiem para Evandro

    Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, em 25/12/2002

    Evandro Lins e Silva vai nos fazer muita falta - a nós, da Academia Brasileira de Letras - porque era o proprietário de uma cultura suficientemente esclarecida e sólida, para resolver os problemas de natureza regimental, estatutária ou jurídica, que surgiam nas nossas reuniões das quintas-feiras, quando sempre propunha uma solução pertinente, correta e sensata. Ele ocupava a Cadeira nº 1, que tem Adelino Fontoura, como patrono; Luís Murat, como fundador; e, como sucessores, Afonso Taunay, Ivan Lins e Bernardo Elis.