O quebra-cabeça
A novela da reunião ministerial só terá seu fim se o ministro Celso de Mello autorizar a divulgação integral do vídeo. Só assim será possível entender o contexto em que as frases foram ditas.
A novela da reunião ministerial só terá seu fim se o ministro Celso de Mello autorizar a divulgação integral do vídeo. Só assim será possível entender o contexto em que as frases foram ditas.
A Medida Provisória editada pelo presidente Bolsonaro nesta manhã de quinta-feira pode ser considerada a “excludente de ilicitude” da Covid-19.
A versão mais recente do Palácio do Planalto sobre o vídeo da reunião ministerial em que o presidente Bolsonaro ameaçou demitir o então ministro Sergio Moro dá conta de que o presidente se queixava da segurança pessoal dele e de sua família.
A narrativa do presidente Bolsonaro de que estava se referindo à segurança pessoal de seus filhos e amigos, e não à Polícia Federal, não pode ser crível. Se fosse, ele deveria ter demitido o general Heleno e o chefe da ABIN, delegado Ramagem. Nada bate com nada.
Não é preciso ter um papel assinado com a confissão para saber-se que tanto interesse assim na direção-geral da Polícia Federal tem objetivos além da simples nomeação.
O presidente Bolsonaro quer constranger as forças democráticas que impõem limite ao presidente da República, porque quer fazer um governo mais liberado dessas limitações. Mas é um perigo, porque é exatamente o que Hugo Chavez fez na Venezuela.
A decretação pelo Congresso e Supremo Tribunal Federal de luto oficial por três dias por termos atingido a fatídica marca de mais de 10 mil mortos devido à Covid-19 é o segundo tapa com luva de pelica que o presidente Bolsonaro recebe esta semana. Enquanto isso, ele andava de jet ski no Lago Paranoá.
À medida que os fatos políticos vão ocorrendo sem que as barreiras institucionais sejam eficazes para conter o ímpeto corrosivo do presidente Bolsonaro, preocupa que militares antes considerados capazes de incutir bom-senso ao governo estejam avalizando uma visão paranóica da situação política.
A marcha do presidente Bolsonaro, seu ministro da Economia Paulo Guedes, deputados e um grupo de industriais sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) é uma típica ação política de pressão, e ao negar esse intuito o chefe do Gabinete Civil General Braga Neto demonstra que não entende nada do assunto, ou, ao contrário, já deixou de ser um técnico apolítico para se transformar em um político seguidor do presidente.
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro deu uma pista importante em seu depoimento à Policia Federal no inquérito que investiga a possível tentativa de interferência do presidente Bolsonaro na Polícia Federal.
O presidente Jair Bolsonaro não pode aumentar a pressão para o fim do isolamento justamente no momento em que o país entra na hora mais crítica da epidemia. Ir pessoalmente, a pé, ao STF, ao lado de empresários e do ministro da Economia é fazer uma pressão indevida em cima do ministro Dias Toffoli.
O depoimento do ex-ministro Sérgio Moro à Polícia Federal é como aqueles aftershocks, pequenos tremores de terra que acontecem depois de um grande terremoto, que foi o seu pedido de demissão do ministério da Justiça e Segurança Pública.
Se é verdade que o procurador geral da República Augusto Aras disse que tende a arquivar o inquérito, porque o depoimento do ex-ministro Sergio Moro não acusou Bolsonaro de nenhum crime, é um absurdo.
Pela segunda vez em poucos dias, o ministro da Defesa, General Fernando Azevedo e Silva é obrigado pelas circunstâncias políticas provocadas pelo presidente Jair Bolsonaro a soltar uma nota oficial tentando retirar as Forças Armadas do protagonismo em que o presidente as coloca em manifestações antidemocráticas.
É preciso dar limite ao presidente Bolsonaro, ou ele vai tentar um golpe.