Saudade mata?
Saudade mata? Mata. Mata a alegria da vida. Mas não mata completamente pois não existe completa alegria. É tudo relativo. O que sobra da morte pela saudade é o fio de vida de quem se orgulha de quem se sente a falta.
Saudade mata? Mata. Mata a alegria da vida. Mas não mata completamente pois não existe completa alegria. É tudo relativo. O que sobra da morte pela saudade é o fio de vida de quem se orgulha de quem se sente a falta.
É, de fato, muito festivo sempre cada 20 de julho. Em 2007, em liturgia adequada, comemoramos os 110 anos da Academia. Ainda em outubro estávamos a dar partida aos registros do centenário de Machado de Assis, na embaixada do Brasil, em Londres. Um chefe de posto digno das tradições de Rio Branco, José Bustani, presidiu os atos daquela semana rica. Na ocasião, luzia a Academia pelo brilho da inteligência e do conhecimento de Sergio Paulo Rouanet, em conferência mestra.
Sabe-se que no processo dialético a permanência das instituições culturais depende em parte do seu reajustamento. Victor Hugo disse que a revolução faz o retorno do fictício ao real.
Quando a gente ouve tanto falar dos currais eleitorais do tráfico, no Rio, sempre faz uma associação àqueles outros do coronelismo do Nordeste. De fato, parecem uns com os outros, mas só parecem.
George Yúdice vem alertando para a presença supranacional das corporações como influência do setor não governamental internacional.
Em 1909, Nabuco escrevia essas palavras que recordo aqui no impulso pela meditação:
Quinhentos e oito anos depois que aquele "frol de mancebia jovem", no dizer de João de Barros, vencera o mar, mistérios e objetivos, desde o embarque no Restelo à chegada em Porto Seguro, estamos mais uma vez a cuidar da palavra. Cuidar da semente da linguagem e da credencial que identifica e promove.
RIO - A história dos povos modernos poderá ser contada paralelamente à história da sua imprensa. A imprensa é testemunha da história e também é história. Victor Hugo disse que o seu diâmetro é o próprio diâmetro da civilização.
Vitalino Pereira dos Santos, nosso Vitalino, é um dos maiores escultores em barro do Brasil. Nasceu, faz um século, no lugarejo Ribeira dos Campos, perto de Caruaru. Em seu depoimento a René Ribeiro, da Fundação Joaquim Nabuco, diz “Eu, além de analfabeto, criei-me trancado vivo, (...) cismado que só saguim criado no meio do mato.” Seu pai era agricultor e a mãe, além de trabalhar em casa, ajudava nas lides da roça e fazia louça de barro na entressafra.
O livro de poesia de Mauro Mota - "O Galo e o Cata-Vento" -, que reli recentemente, insiste em caracterizar, cada vez mais, do meu ponto de vista, a pujante riqueza do seu talento de poeta completo. Poeta que não foge ao "engajamento na aventura humana", concorde com Marcel Arland de que tom grave e consciente também vinca à poesia; concorde, é certo, mas sem perder a armosfera de farta inspiração e os lhames de disciplina formal. É o poeta de A Tecelã e do Boletim Sentimental da Guerra no Recife. Poemas de participação.
Eu disse em discuso que o ato encerrava para mim emoções diferentes e roupagem especial. Estavam a protagonizá-lo dois nordestinos dos agrestes pernambucanos. Do agreste meridional, o presidente da República, de Caetés, vizinho de Lajedo onde nasceu o meu pai - o velho Vilaça, filho de um lavrador de fumo. Caetés em língua indígena significa mato verdadeiro, daí também se explicar ser terra de homens verdadeiros. Do agreste setentrional, eu, o homenageado, varzeano do Tracunhaém e do Capibaribe, nascido em Nazaré da Mata, terra da cana-de-açúcar, criado em Lomoeiro, do boi e do algodão.
Um velho monge irlandês escreveu em St. Gallen, na Suíça, nas lonjuras do IX século que, noite e dia, buscava alcançar mais verdade, trocando a obscuridade pela clara luz.
No dia de N. S. do Carmo, a padroeira do Recife, a Academia Brasileira de Letras, por gesto do presidente Sandroni pôs meu retrato na Galeria dos Presidentes. Também era um dia de saudades para a nossa família. Transcorrida mais um aniversário da perda da minha sogra, minha grande amiga. Admirável figura humana, tipo perfeito de Mater Familias nordestina. Engravidou vinte e duas vezes, distribuiu amor às pessoas vinte e dois milhões de vezes, pelo menos. Rezou o tempo todo.
Sinceramente, esperava maior mobilização nacional, além do que faz a Academia Brasileira de Letras, para registro do centenário de Euclides da Cunha.
Marcantonio, por esses dias, estaria a completar quarenta e sete anos. Nesta saudade que queima os pais em espécie de fogo lento, que dói sem cessar nas labaredas erguidas como soldados impiedosos, do que me lembrei?