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Artigos

  • Há sangue em cada notícia

    O Globo, em 23/05/2015

    Concordo que a simples redução da maioridade penal não vá resolver o problema da criminalidade juvenil no país, mas concordo também que a legislação atual precisa ser alterada para não permitir que fiquem impunes crimes hediondos como o desse jovem suspeito de ter assassinado o médico Jaime Bold na segunda-feira a facadas, como se o autor fosse um soldado do Estado Islâmico, especialista no uso da arma branca para suas bárbaras execuções. 

  • Os que devem e não pagam

    O Globo, em 20/05/2015

    Entre os sinais da crise econômica — queda do consumo em geral, desemprego, aumento de preços —, o que mais me surpreendeu foi o revelado por uma pesquisa recente de que mais de 55 milhões de brasileiros estão inadimplentes. Ou seja, a cada dez entre nós, quatro estão com suas contas atrasadas. 

  • Nosso crescente mal estar

    O Globo, em 16/05/2015

    É crescente o nosso mal estar — ou mau humor — e a culpa pode ser mais uma vez atribuída à presidente Dilma. Uma pesquisa que acaba de ser publicada pela repórter Érica Fraga revela que há nove anos o brasileiro não era tão infeliz quanto nesse primeiro trimestre de 2015. 

  • Desafio às UPPs

    O Globo, em 13/05/2015

    Os traficantes voltaram a desafiar a política de pacificação do governo. Desta vez, em Santa Teresa, em cujas favelas ocorreram intensos tiroteios na sexta-feira e no domingo passados, deixando seis mortos, inclusive um jovem por bala perdida, sem qualquer envolvimento com o crime. Os confrontos começaram quando cerca de 50 bandidos do Fallet e do Fogueteiro invadiram o Morro da Coroa para retomar o controle da venda de drogas de uma facção rival. Detalhe: as três comunidades contam com UPPs.

  • É bom, legal e não engorda

    O Globo, em 09/05/2015

    Em meio a tanta notícia ruim, algumas repetitivas, como os malfeitos na política, achei pelo menos uma boa. Parece que não está mais vigorando o princípio cantado por Roberto Carlos de que o que é bom é ilegal, imoral ou engorda. Já existe até o movimento Comer Bem é Tudo de Bom.

  • Um modelo animador

    O Globo, em 02/05/2015

    Você conhece algum estabelecimento de ensino onde os professores adoram o que fazem e não têm do que se queixar? E mais: onde os alunos gostam de aprender? Eu conheci uma escola assim no Rio de Janeiro, em Jacarepaguá — justamente na semana em que mais de 200 professores saíram feridos por bombas e balas de borracha em Curitiba, durante duas horas de confronto com a PM. Em greve desde o último dia 25, eles protestavam contra a aprovação de um projeto do governo estadual. O sindicato da classe anunciou que vai processar criminalmente o governador Beto Richa e o secretário de Segurança “por conta dessa barbárie instalada por um cerco militar jamais visto aqui nessa praça”.

  • Tirando o sono da gente

    O Globo, em 22/04/2015

    As ruas do Rio sempre foram barulhentas, desde o período colonial. Os cronistas da época já reclamavam dos ambulantes, biscateiros, cocheiros, vendedores de doces e salgados que procuravam atrair os fregueses gritando a excelência de seus produtos. 

  • O cerco das pressões

    O Globo, em 18/04/2015

    Mais delações, mais revelações, mais prisões, o cerco das pressões contra o governo está se fechando. Além da prisão do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, pela Operação Lava-Jato, há a CPI do BNDES na Câmara, para cuja criação a oposição já obteve o número necessário, sem falar na decisão do Tribunal de Contas da União considerando que as manobras para melhorar as contas públicas, as chamadas “pedaladas”, feriram a Lei de Responsabilidade Fiscal, o que pode constituir crime de responsabilidade da presidente Dilma. 

  • O sucesso do lado B

    O Globo, em 04/02/2015

    Ela bombou como fenômeno nas redes sociais, foi parar na coluna do Ancelmo e inspirou a crônica-exaltação de Joaquim Ferreira dos Santos anteontem. Estou me referindo, claro, à bunda de Paolla Oliveira, a atriz da série “Felizes para sempre?”. Como se explica a predileção por ela num país em que, por ser a preferência nacional, esse bem apresenta excesso de oferta, digamos assim? Nenhuma restrição, ao contrário, mas por que a dela? As praias nunca estiveram tão cheias de corpos quase nus estendidos de barriga pra baixo revelando-as sob várias formas: melancia, abóbora, melão, maçã, pera. Isso sem contar as musas carnavalescas que já estão se exibindo nos ensaios. Bunda numa hora dessas, com tanta crise estourando? Vai ver que por isso mesmo, por escapismo, para fugir de coisas ruins como a eleição da Câmara e do Senado. Ou de mais um escândalo da Petrobras. Ou de mais uma bala perdida. O que vale mais a pena admirar, o bumbum da Paolla ou a cara dos novos presidentes do Congresso?

  • Os problemas são os fatos

    O Globo, em 31/01/2015

    Em meio a graves problemas como a crise hídrica e energética, sem falar no interminável escândalo da Petrobras, a presidente Dilma mostrou-se preocupada na reunião ministerial desta semana com a suposta dificuldade de seu governo em se relacionar com a população. Por isso, conclamou seus 39 ministros (será que ela sabe o nome de todos?) a “travar a batalha da comunicação”, ou seja, a disputa com a imprensa. 

  • Com balde e pano de chão

    O Globo, em 28/01/2015

    Já estou fazendo a minha parte, economizando o bem da natureza que me é mais caro: o “precioso líquido”, como os jornais de antigamente escreviam quando não queriam repetir a palavra água. Não tomo mais aquele banho gostoso, interminável, o chuveiro jorrando e eu de fora me ensaboando. Também não deixo mais a torneira aberta quando faço a barba e escovo os dentes. No meu prédio, a mangueira foi praticamente abolida, substituída pelo balde, o pano de chão e a vassoura. Em todo verão, o Rio lança um modismo. Já tivemos o verão da sunga, da maconha, das dunas da Gal, do topless. O de agora talvez venha a ser o do balde ou do pano de chão ou da vassoura — enfim, alguma novidade bem velha. E, justiça seja feita, a moda pode estar pegando.

  • Se fosse só o calor

    O Globo, em 24/01/2015

    Já não falo do calor que, pelo jeito, não vai continuar assim, fiquem calmos, vai piorar. E daí? Afinal, deveríamos estar todos orgulhosos pela quebra do recorde de 1917 e pela conquista do título de capital mais quente do país, à frente de Teresina e Cuiabá. Também não falo do apagão, que está sendo distribuído democraticamente: por enquanto atingiu 11 estados e o Distrito Federal — e a previsão é de mais cortes. Não se pode acusar o governo de discriminação, pois a ideia, parece, é contemplar todos. Elevação de impostos, aumento da gasolina, alta do PIS/Cofins, volta da Cide, tudo isso se destina aos consumidores em geral, não há do que reclamar. Como também não adianta lamentar a morte de cinco vítimas, inclusive duas crianças, de bala perdida nesses últimos seis dias, vou então falar das mazelas de minha aldeia, Ipanema.

  • Um país afeito a matar

    O Globo, em 21/01/2015

    Se fosse possível estabelecer uma escala de requintes sádicos para a execução da morte como pena oficial, o ritual criado pelo governo da Indonésia disputaria um lugar de destaque. De tal maneira é dolorosa a expectativa a que a vítima é submetida, que Rogério Paez, que foi colega de cela de Marco Archer por cinco anos, disse que o sofrimento do amigo era tanto que talvez tenha sido um alívio a notícia, enfim, do desfecho, pois chegara a pedir para morrer ao diretor do presídio, sem sucesso. “Marco, adoraria te matar amanhã”, foi a resposta, “mas o homem lá de cima (o presidente) ainda não assinou. Espera mais um pouquinho”. Esse diálogo surrealista obedece a uma legalidade cínica e perversa que inclui oferecer ao condenado que passou 11 anos preso a “regalia” de escolher se prefere ser morto em pé ou ajoelhado, de venda nos olhos ou de capuz, como se fosse um gesto magnânimo do bondoso algoz.

  • Je suis Charlie, juif, musulman...

    O Globo, em 10/01/2015

    Os jornais “Le Monde” e “Le Figaro”lembraram que o pior ato de terror em Paris foi o que ocorreu em 1961, durante a guerra pela independência da Argélia, quando a Organização Armada Secreta, a OAS, de direita, explodiu uma bomba no trem Estrasburgo-Paris, descarrilando a composição e matando 28 pessoas. Em número de vítimas, sim, foi bem maior do que o de agora, com 12 mortos. Mas não em efeito moral e emocional, em impacto e comoção. Passei os anos 1960/61 como correspondente na capital francesa, e pude vivenciar o clima de paranoia da época, devido aos atentados. Até o presidente De Gaulle escapou por pouco de um. Era comum uma ameaça esvaziar uma sala de cinema ou uma estação de metrô.

  • Pra vaca não ir pro brejo

    O Globo, em 03/01/2015

    Já que foi a própria presidente que escolheu a imagem — talvez por identificação com o universo rural de sua afilhada de casamento Kátia Abreu — vamos continuar com ela. Como se recorda, a candidata Dilma assegurou que não mexeria nos direitos trabalhistas e, para não deixar dúvida, repetiu uma expressão popular que acabou invadindo de forma viral as redes sociais — “nem que a vaca tussa” — e com a hastag #em direito meu ninguém mexe.