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Artigos

  • Sobre asas e raízes

    “Bendito aquele que consegue dar aos seus filhos asas e raízes”, diz um provérbio. Existe um lugar no mundo onde nascemos, aprendemos uma língua, descobrimos como nossos antepassados superavam seus problemas. Num dado momento, passamos a ser responsáveis por este lugar. Precisamos de asas, que nos mostram os horizontes sem fim da imaginação, nos levam até nossos sonhos, nos conduzem a lugares distantes. São as asas que nos permitem conhecer as raízes de nossos semelhantes, e aprender com eles. Bendito quem tem asas e raízes; e pobre de quem tem apenas um dos dois.

  • Raciocínio

    Em meados de 1970, quando estava prestes a completar seu doutorado em física, o cientista Stephen Hawking – já então portador de uma doença que começava a paralisar seus movimentos – escutou um médico dizer que tinha apenas dois anos de vida. “Então posso tentar entender o Universo, porque não vou mais precisar pensar em coisas como aposentadoria e contas a pagar”, resolveu. Como a doença progredia rapidamente, foi obrigado a criar fórmulas simples para explicar, o quanto antes, tudo aquilo que pensava. Dois anos e meio se passaram, 20 anos se passaram. Hawking continuou vivo e foi responsável por uma nova visão da física moderna. A doença, ao invés de levá-lo à invalidez, forçou-o a descobrir uma nova maneira de raciocínio.

  • Vela para iluminar

    O texto a seguir estava escrito na parede de uma pequena igreja nos Pirineus, na Espanha: “Senhor, que esta vela que acabo de acender seja minha luz e me ilumine em todas as minhas decisões e dificuldades. Que seja fogo para que Tu queimes em mim o egoísmo, o orgulho e as impurezas. Que seja chama para que Tu aqueças meu coração e me ensine a amar profundamente. Eu não posso ficar muito tempo em Tua igreja. Mas, deixando esta vela, um pouco de mim mesmo permanece aqui. Ajuda-me a prolongar minha prece nas atividades de todo este dia. Amém.”

  • Cantar e ser feliz

    Deus escolheu hoje uma velhinha para me mostrar que o mundo pode ser salvo. Ela estava sentada no calçadão da Avenida Atlântica, em Copacabana, com um violão e uma plaquinha que dizia: “Vamos canta juntos”. Começou a tocar sozinha. Logo chegou um bêbado e outra velhinha, que começaram a cantar. Uma pequena multidão cantou, e outro pequeno grupo bateu palmas. “Por que você faz isto?”, perguntei a ela. ‘Eu faço isso para não ficar sozinha”, disse a velhinha. “Minha vida é como a vida de quase todos os velhos, solitária”. Oxalá todos fizessem isso.

  • Rumo a seguir

    Um peregrino caminhava por uma estrela quando um homem a cavalo passou por ele, e quase o atropelou. Assustado, ele percebeu que o cavaleiro tinha a expressão malvada e as mãos cheias de sangue. Minutos depois, um outro cavaleiro se aproximou. O peregrino pôde reconhecer Paulo de Tarso, apóstolo do Cristianismo. “Você viu um cavaleiro por aqui?”, perguntou Paulo de Tarso. “Vi”, respondeu o peregrino. “Quem era ele?”. “Um malfeitor”. “Eu preciso alcançá-lo”. “Para entregá-lo à Justiça?”. “Não”, respondeu Paulo. “Para ensinar-lhe o caminho certo para seguir”.

  • Um treino para a vida

    O jovem estava no estágio final de seu longo e árduo treinamento, depois de muitos anos. Em breve, ele afinal seria um mestre, como sempre sonhou. Como todo excelente aluno, sentia que precisava desafiar seu professor e também desenvolver sua própria maneira de pensar. Capturou um pássaro, colocou-o numa de suas mãos e foi até seu mentor, dizendo para ele: “Mestre, esse pássaro está vivo ou morto?”. Seu pensamento e plano eram os seguintes: se o mestre dissesse “morto”, ele abriria a mão e o pássaro voaria. Se a resposta de seu mentor fosse “vivo”, ele esmagaria a ave entre seus dedos. Dessa maneira, o mestre estaria errado. “Mestre, este pássaro que está em minha mão está vivo ou morto?”, repetiu o discípulo. “Meu caro aluno, depende somente de você”, respondeu o mestre, sereno. O jovem estava no final do seu estágio e queria testar seu mestre de forma errada.

  • Lições de uma vida

    Um feiticeiro conduz seu aprendiz pela floresta. O aprendiz, que escorrega e cai a todo instante, cospe no chão traiçoeiro e continua a acompanhar seu mestre. Os dois chegam a um lugar sagrado e, sem parar, o feiticeiro dá meia-volta e retorna. “Você não me ensinou nada hoje”, diz o aprendiz. “Ensinei, mas você não aprendeu”, responde o feiticeiro. “Estou tentando lhe ensinar como lidar com os erros da vida. Você deve lidar com eles da mesma forma que com os seus tombos. Em vez de amaldiçoar o lugar onde caiu, deve procurar aquilo que o fez escorregar, para não tornar a fazê-lo.

  • Os doces

    O sábio Yitzchak Isaac de Kamarna usava uma loja de doces como metáfora para dar exemplos sobre o que encontrar no caminho da busca espiritual. “Quando a pessoa entra numa loja com várias balas e bombons, o doceiro oferece a ela uma amostra de cada produto. Depois de provar de tudo e se decidir pelo que quer, o cliente ouve do vendedor: ‘Agora você pagará para comer o que lhe deu prazer’”. Kamarna explica a relação entre o exemplo e sua filosofia: “Todos nós, no início da jornada espiritual, temos o que é chamado de ‘sorte de principiante’. A amostra grátis da Luz Divina está plantada nos corações e acorda ao menor sinal. Na medida em que escolhemos nosso caminho, cabe a nós pagarmos um preço, se desejarmos nos aprofundar nele”.

  • A sabedoria do esperar

    “Há tempo de plantar e tempo de colher”, diz Salomão no Eclesiastes. Existem momentos em que o guerreiro parte para o combate. Mas existem momentos em que é preciso ter paciência e rezar. As coisas virão no seu devido tempo. Não se preocupe. Não adianta parecer ocupado ou iludir-se com a sensação de que está fazendo alguma coisa. No intervalo entre um combate e outro, o Guerreiro fuma seu cachimbo e espera. Se não agir assim, seus olhos não poderão enxergar os sinais de Deus. E todos os mapas capazes de guiar seus passos podem passar despercebidos.

  • O poder do pensamento

    O sábio grego Heráclito disse: “O caráter de uma pessoa é igual ao seu destino”. Mark Fisher criou um interessante método para desenvolver a personalidade – e, desta maneira, ampliar nossas possibilidades do destino. Como nossos pensamentos tendem a se materializar no cotidiano, ele sugere que criemos, mentalmente, nossa “vida ideal” – e que depois comecemos a projetá-la a nossa volta de maneira insistente. Para isto, utilizamos palavras e imagens muito claras, que serão repetidas exaustivamente durante todos os dias das nossas vidas. À medida em que o pensamento vai se fortalecendo, as coisas que imaginamos começam a acontecer. Sei que nem Fisher, nem eu estamos dizendo algo inédito para você. Mas é sempre importante a gente lembrar do poder do nosso pensamento e das transformações que ele pode causar, se trabalhado constantemente de maneira correta.

  • Dez passos do caminho

    A tradição oral listou os dez passos do Caminho Espiritual. A inquietação: a pessoa percebe que precisa mudar de vida, seja por tédio ou por sofrimento. A busca: vem a decisão da mudança. A decepção: aquele que está buscando percebe os problemas e defeitos dos que ensinam. A negação: é comum abandonar o caminho depois de constatar que os que estão nele ainda não resolveram seus problemas. A angústia: o caminho foi abandonado, mas uma semente foi plantada: a fé. A pessoa sente-se desconfortável, com a sensação de que descobriu e perdeu.