Do diário de um seminarista
Grave incidente para perturbar a nossa tranquilidade, provocado pelo próprio senhor arcebispo. Veio enfurecido do palácio, para desabafar aos gritos com os nossos superiores, que nada tinham a ver com a história.
Grave incidente para perturbar a nossa tranquilidade, provocado pelo próprio senhor arcebispo. Veio enfurecido do palácio, para desabafar aos gritos com os nossos superiores, que nada tinham a ver com a história.
Meus camaradas: Estamos todos reunidos aqui, ao pé da pátria amada, para render tributo ao dia de hoje. Em nosso calendário cívico, a data de hoje é, sobretudo cara aos que verteram seu generoso sangue em defesa de nossa integridade territorial. Refiro-me, como é claro, aos valorosos soldados desconhecidos que tombaram no campo de batalha, regando com seu sangue enobrecido os nossos mais claros e supinos ideais de brasilidade.
Meus camaradas: Estamos todos reunidos aqui, ao pé da pátria amada, para render tributo ao dia de hoje. Em nosso calendário cívico, a data de hoje é, sobretudo cara aos que verteram seu generoso sangue em defesa de nossa integridade territorial. Refiro-me, como é claro, aos valorosos soldados desconhecidos que tombaram no campo de batalha, regando com seu sangue enobrecido os nossos mais claros e supinos ideais de brasilidade.
Tudo mudou quando, na manhã de um domingo, olhando da janela do quarto do hotel para a praia, vi uma jovem que acenava para mim, querendo falar comigo. Nunca a tinha visto, em Cabo Frio nem em lugar nenhum. Mas era uma jovem bonita, de cabelos lisos, usando uma calça jeans esfarrapada, uma blusa verde mal abotoada, presa na cintura por um laço mal dado.
A bicicleta da filha mais velha e o skate da menor já estão há mais de uma semana no quarto da empregada, escondidos das garotas. Faltavam os brinquedos menores, a lista que elas haviam feito incluía jogos eletrônicos, tablets, celulares. Agora, tirava os embrulhos da mala do carro e atravessava correndo o quintal.
Por motivos profissionais, sou obrigado a acompanhar o noticiário a respeito dos presos que foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), detendo-me, sobretudo nas condições da carceragem, que, todos sabemos, não é das melhores. Os jornais publicam desenhos e croquis das celas, não esquecendo a metragem, que nunca é das maiores.
Quando um parente de John F. Kennedy morreu num acidente aéreo, o cronista José Carlos de Oliveira, o mais lido de seu tempo, escreveu: "Somos uma geração condenada a nos preocupar com a família Kennedy". Pouco depois (ou pouco antes), o mundo se espantou com o casamento da viúva Jacqueline Kennedy que dava direito a Aristóteles Onassis de dormir com ela quatro vezes por ano.
Não aprecio memórias, quando entendidas como gênero literário. Evidente que sou obrigado a respeitar os grandes momentos que Santo Agostinho e Rousseau nos deixaram. Mas é um respeito distante, formal. Que nada tem a ver comigo. Volta e meia me distraio com os memorialistas, e alguns são excelentes, podendo citar Gilberto Amado, Afonso Arinos, Humberto de Campos e Joaquim Nabuco, para citar autores nacionais. Mas há um esquema interior e anterior, estrutural, que me impede a total empolgação pelo gênero.
Pedindo vênia aos doutos ministros do Supremo Tribunal Federal que gastaram muito latim para julgar os réus do mensalão, vou gastar o meu pouco latim, que aprendi na lógica de Aristóteles em versão escolástica de Tomás de Aquino:
Em 2003, a editora Objetiva lançou o livro "O beijo da Morte", escrito por mim e Anna Lee, sobre as mortes de JK, João Goulart e Carlos Lacerda. Ganhamos o Prêmio Jabuti de Reportagem daquele ano, o livro ficou vários meses na lista dos mais vendidos e não sofreu nenhuma contestação até agora.
A semana passada começou com o alarme de uma agência ambiental. Até o ano de 2100, a temperatura do nosso planeta será tal e tanta que todos seremos extintos. Os dinossauros também entraram em extinção, embora existam alguns por aí, em diversas funções públicas e privadas.
Para provar que nada tenho contra os deuses gregos, aqui vai uma declaração de amor a todas as divindades, gregas ou não, pois nem só de grego vive um deus. Acontece que nem mesmo o meu piedoso amor salvou os deuses gregos de uma avacalhação generalizada, que pouco a pouco foi substituindo o temor e a poesia que envolviam tantas e tamanhas divindades.
Não adianta consultar o dicionário, acho que ninguém sabe o que seja esta palavra que o finado Jânio Quadros ressuscitou em 1961, chamando aquele distante ano de "poltrão".
Admirei, com algumas restrições, a atuação do ministro Joaquim Barbosa durante as sessões do Supremo Tribunal Federal que julgaram os réus do mensalão. Em alguns momentos, ele me pareceu severo ou radical, lembrando o grande inquisidor, um Fouquier-Tinville da época do terror que marcou a Revolução Francesa.
A classe política e a mídia, como um todo, receiam dar nomes aos bois. A Operação Porto Seguro revelou, entre outras coisas, o grau de intimidade entre o ex-futuro presidente Lula e uma funcionária que dirigia importante órgão da Presidência da República. Tão logo o caso veio a público, lembrei uma passagem do Evangelho de Mateus, capítulo 26, versículo 41: "Spiritus promptus est, caro autem infirma".