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Artigos

  • O cupim da corrupção

    Brilhante e oportuna a palestra que Celso Lafer fez, nesta semana, na Academia Brasileira de Letras sobre ética e cidadania em tempos de transição, um ciclo de conferências no qual coube ao nosso Acadêmico e ex-ministro das Relações Exteriores abordar os desafios da ética na hora atual: da ética na pesquisa à ética na política.

  • Os soluços do outono

    Ainda é inverno, na Europa ainda é verão, mas com a idade fui me libertando do tempo e das estações, há uma primavera no meio, mas já sinto aqueles "sanglots longs de violons de l'automne" do poema de Verlaine, afinal, o verão foi curto, a primavera, pouca, só o outono parece que vem para ficar e durar, além do inverno definitivo e inútil.

  • Juízo final

    Minha primeira experiência na reportagem internacional foi no início dos anos 60, uma crise na Argentina da qual resultou a prisão do então presidente Arturo Frondizi. A imprensa mundial pintava um quadro apocalíptico para o país, greves, motins, saques, fuzilamentos, miséria e fome.

  • Os deuses de Hitler

    Não tenho mais idade para me surpreender com nada que aconteceu, acontece ou acontecerá no mundo. Mesmo assim, como os dependentes de drogas, tenho recaídas atormentadas. Uma nem chegou a ser uma recaída, apenas me esquecera dela, e um livro sobre a Segunda Guerra Mundial a trouxe de volta.

  • Saúde acima de tudo

    Primeiro, foi um livro aterrador de Dino Buzzati, o mesmo de "O Deserto dos Tártaros", que lhe valeu a classificação de Kafka italiano. Mas seu maior sucesso, creio eu, foi "O Oitavo Andar". Numa história simples e terrível, um camarada encontra na rua um amigo médico que estranha a sua aparência meio doentia. Conversa vai, conversa vem, o médico recomenda que o amigo faça um exame de rotina, nada de grave, apenas para ver como vão as coisas.

  • Metástase

    A imagem é mais do que sovada: de tanta corrupção que funciona como um câncer no organismo da nação, penetramos naquele estágio quase terminal da metástase. Não é um órgão, o baço, o fígado, o pulmão, o seio ou a pele que contraíram o tumor maligno: ele se espalhou e sua cura é cada vez mais problemática -se é que há cura radical para isso.

  • A hora é essa

    Desde criança que não entendo o mundo em que vivo. E agora, muito menos. Penitenciei-me no último fim de semana lendo os programas dos candidatos presidenciais da eleição de 2010, sobretudo o de Dilma.

  • A língua da serpente

    Li que, na Inglaterra, estão pensando em criar um filtro para controlar a comunicação pela internet -que está sendo acusada de incentivar distúrbios e distorções que prejudicam a sociedade e os cidadãos. Não deixa de ser uma tentativa de censura, mas o furo é mais em cima.

  • O pântano e o rio

    Semana passada, o "The Economist" dedicou matéria importante ao surto de corrupção que está marcando os primeiros meses do novo governo brasileiro. Entre considerações gerais, algumas gerais em excesso, classificou Brasília como um "pântano", terreno movediço que em pouquíssimo tempo tragou ministros, autoridades, lobistas e, de certa forma, vem impedindo que os bons propósitos da recente campanha presidencial sejam levados a sério, pelos menos até agora.

  • Pra frente, Brasil!

    Semana passada, contei neste canto que fui abordado por um sujeito na calçada da Academia Brasileira de Letras que me perguntou por que eu não fazia nada contra a corrupção reinante. Ele me olhou escandalizado e deduzi que, na opinião dele, o Brasil não ia pra frente por causa de tipos como eu.

  • As grandes pragas

    Peguei pelo meio um bom debate sobre a liberdade de expressão quando os cobras dos cobras falaram sobre o assunto, principalmente no que diz respeito à internet.

  • De profundis

    Lembrei recentemente o episódio do sujeito que precisava enterrar a mulher e encontrou os cemitérios sob intervenção federal devido ao roubo de estátuas e sepulturas.

  • Piadas

    Recebo vigorosa espinafração de um leitor a propósito de crônica em que, incidentalmente, contei uma piada sobre Portugal, reconhecendo antecipadamente que se tratava de um texto politicamente incorreto, e até mesmo não recomendado pelos manuais da Redação dos jornais de todo o mundo.