Não é justo
Na madrugada, o barulho de gente correndo pelos becos de uma favela. No fim do beco uma grade, como nas prisões. Encurralados, morrem nove, outros são feridos.
Na madrugada, o barulho de gente correndo pelos becos de uma favela. No fim do beco uma grade, como nas prisões. Encurralados, morrem nove, outros são feridos.
Os palavrões e grosserias com que o presidente da República ofende a população desde a sua posse empalidecem se comparados à agressividade do deputado Eduardo Bolsonaro ameaçando reeditar o AI-5 em caso de “radicalização da esquerda”. Comparável só os elogios recorrentes do próprio presidente ao coronel Brilhante Ustra. Trata-se, em ambos os casos, do elogio de uma ditadura que a democracia proscreveu...
Os palavrões e grosserias com que o presidente da República ofende a população desde a sua posse empalidecem se comparados à agressividade do deputado Eduardo Bolsonaro ameaçando reeditar o AI-5 em caso de “radicalização da esquerda”.
Parabéns, Fernanda. Você que chega aos 90 anos com a inteligência e o impulso vital intocados, assim como a coragem de viver sem tempos mortos.
Quem, como os escritores, trabalha com palavras, conhece seu poder de ferir.
O presidente da República se diz um homem espontâneo. Suas declarações escatológicas, na fronteira da insanidade e muito além da grosseria — a exemplo da política ambiental do cocô dia sim, dia não —, seriam a prova de sua autenticidade.
A estratégia de um governo em que a ignorância se orgulha de si mesma é a desqualificação de quem ele identifica como inimigos.
Que pena que o Brasil tenha entrado na máquina do tempo e caído na Idade Média. Azar nosso ou nossa culpa. O mundo não acaba em Brasília. Há vida inteligente no planeta.
Desconfio que os valentões que maltratam mulheres, odeiam gays, desprezam negros, atacam jornalistas, estudantes, professores, intelectuais e artistas, fantasmam comunistas e globalistas são pessoas que têm medo.
Como um barco naufragado cuja carcaça se arrebenta contra as pedras, o Rio de Janeiro continua lá, encalhado em berço esplêndido, largando pedaços a exemplo da ciclovia da Avenida Niemeyer, desfazendo-se ao sabor de chuvas e marés, metáfora perfeita do destino infeliz dessa cidade.
Primeiro de abril é o Dia da Mentira. Dia de falar de mentirosos, esta espécie que, nos tempos que correm, melhor se adapta à nossa selva.
Enquanto o ministro da Educação dá aulas de autoritarismo, manda filmar crianças cantando o Hino Nacional e ordena, para logo voltar atrás, que louvem o novo Brasil, no velho reinado de Momo o carnaval dá lições de irreverência e liberdade.
O luto é um estado de espírito que piora a cada dia quando se aceita que o que aconteceu não é um pesadelo. É o cara a cara com a perda irreparável, é o amanhã do que não poderia ter acontecido. Olhar em volta e só ver a lama.
Eleito em pleito democrático, o presidente Bolsonaro, no uso de seu direito, escolheu uma pastora da Igreja Quadrangular, Damares Alves, para a pasta que cuidará de Mulheres, Família e Direitos Humanos.
A sociedade brasileira é conservadora, afirma-se à boca pequena, e a prova seria a eleição de Bolsonaro, que nunca escondeu sua ojeriza às liberdades no campo das escolhas de vida.