Como nasce uma crônica?
Pergunta surgiu em encontro com Antonio Callado, Otto Lara Resende, Fernando Sabino e Moacyr Scliar num café do aeroporto de Porto Alegre
Pergunta surgiu em encontro com Antonio Callado, Otto Lara Resende, Fernando Sabino e Moacyr Scliar num café do aeroporto de Porto Alegre
Treinado para pensar em termos de ciência, acredito em números (os indicadores de saúde, por exemplo) mas não exatamente em numerologia. Não acho que o destino das pessoas possa ser estabelecido a partir, por exemplo, do número de letras do próprio nome, o que leva muita gente a mudá-lo, adicionando ou subtraindo letras.
Ladrão assalta uma casa, em Goiânia, resolve tirar uma soneca e acaba preso. O assaltante, um homem ainda jovem, entrou na casa que estava vazia, reuniu todos os objetos que pretendia levar, mas antes de ir embora tratou de dormir um pouco. A dona da casa encontrou-o dormindo na cama dela e chamou a polícia. O homem estava num sono tão profundo que os policiais tiveram de jogar água fria em seu rosto para que acordasse. Folha.com
Falando do arquiteto Oscar Niemeyer, que quase aos 103 anos resolveu tornar-se compositor e escreveu um samba (verdade que não muito bom), disse um jornal que o grande brasileiro acabava de se reinventar. Reinventar-se: esta é uma palavra que, em 2010, ganhou em destaque em nosso vocabulário.
O mercado natalino é uma fonte de empregos transitórios. Deles, o mais transitório é representado pelas pessoas que se fantasiam de Papai Noel. Um desempenho que não exige muito talento teatral; tudo o que o Papai Noel tem a fazer é sentar-se na frente de um estabelecimento comercial, receber as crianças, fazer gestos amistosos, sorrir.
Esta semana, o museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (que por simbólica coincidência funciona na Avenida Osvaldo Aranha 277) inaugurou uma exposição sobre o bairro do Bom Fim com o sugestivo título de Um Bairro, Muitas Histórias. Para quem, como eu, nasceu e se criou no Bom Fim, para quem passou a infância e a juventude ouvindo, e vivendo essas histórias, este é um evento tão nostálgico quanto emocionante.
Fui professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Ciências Médicas. Uma experiência extremamente gratificante; a escola é um centro de excelência, tanto no que se refere a professores quanto a alunos, cujo nível é excepcional. Vocês podem, portanto, imaginar minha surpresa, desagradável surpresa, diante do episódio que, na última semana, foi notícia no RS e no Brasil. Resumindo: nas eleições para o Centro Acadêmico, venceu uma chapa da qual faziam parte dois homossexuais. E-mails foram enviados aos alunos fazendo alusões ao fato, usando a expressão “escória” e fazendo uma inacreditável recomendação: “No momento da consulta de uma bicha ou recuse-se (pelos meios cabíveis em lei) ou trate-o erroneamente!!!”. Frase que, a propósito, associa-se às manifestações homofóbicas ocorridas no país, inclusive com violentas agressões físicas. A reitora Miriam da Costa Oliveira manifestou de imediato sua repulsa e informou que a universidade instituiu uma comissão de sindicância para investigar o caso, o que também será feito pelo Ministério Público.
Duas notícias foram destaque na semana passada. A primeira: o Pisa (Programme for International Students Assesment, Programa Internacional de Avaliação de Alunos), instituído pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), fez uma pesquisa analisando o desempenho escolar em vários países. Os resultados mostraram que, no Brasil, quase a metade (49,6%) dos 20 mil jovens avaliados tem dificuldades em ler e compreender um texto.
É uma cena comum em aeroporto; já antes da chamada para o embarque, às vezes muito antes, passageiros começam a formar uma fila. O que não deixa de ser estranho; afinal, os lugares já estão previamente marcados, não há necessidade de pressa. Nem mesmo a disputa pelo lugar no compartimento de bagagens serve como explicação, pois muitos dos que estão na fila não têm qualquer bagagem de mão. Uma razão para esse comportamento poderia ser a natural ansiedade desencadeada pela viagem em si. Mas, ao menos no caso do Brasil, há um outro, e curioso motivo. É que gostamos de fazer fila. Algo surpreendente, num país sempre caracterizado pelo pouco apreço à ordem e à disciplina; a regra parece ser chegar primeiro a qualquer custo, combinando esperteza e o poder dos cotovelos. Contudo, a fila não é só uma maneira de organizar uma determinada demanda, seja por ingressos, seja pelo acesso a um determinado lugar. A fila é um estilo de vida, e isso fica muito visível nos fins de semana, nas casas de diversão. Passem pela Goethe num sábado à noite e vocês constatarão isso.
A sugestão foi do inspirado escritor e acadêmico Moacyr Scliar: “Se tu vais a Portugal, não deixes de visitar a Livraria Lello, no Porto. Na minha opinião, é a mais bonita do mundo.”
Olhando as imagens dos carros e ônibus incendiados no Rio de Janeiro, lembrei-me de uma cena similar que presenciei há anos em Montevidéu. Caminhávamos pelo centro da capital uruguaia quando encontramos uma pequena e barulhenta manifestação dos tupamaros, à época um dos movimentos mais radicais da esquerda latino-americana.
O próximo 11 de dezembro assinala o centenário de nascimento de uma das figuras mais importantes da música brasileira, Noel de Medeiros Rosa, o autor de composições inesquecíveis como Com que roupa?, Palpite infeliz, Último desejo, Fita amarela, O orvalho vem caindo, Até amanhã, Quando o samba acabou, Conversa de botequim, Feitio de oração, Feitiço da Vila, Três apitos, Pra que mentir?, Meu barracão e tantas outras. Foi uma curta existência, a sua, marcada tanto pela boemia como pelo sofrimento. Morreu em 1937, com apenas 26 anos de idade, deixando contudo uma obra que até hoje nos assombra e nos comove.
Não sei se isto deveria figurar no meu currículo, mas estive entre aqueles que, há muito tempo, testemunharam o nascimento da CPMF. O fato ocorreu em uma reunião de secretarias de Saúde, aqui em Porto Alegre; o tema, crônico, era a escassez de verbas para o setor. Numa conversa informal de corredor, surgiu a proposta: arranjar mais dinheiro através de um imposto especial; no caso, sobre refrigerantes.
Leon Tolstói (1828 1910) foi não apenas um grande escritor, foi um tipo humano fascinante que, sob alguns aspectos, antecipou formas de pensamento e estilos de vida que depois viriam a caracterizar o século 20.
Este mês de novembro marca dois centenários importantes na literatura. Amanhã, temos o centenário de nascimento de Rachel de Queiroz; no dia 20, o centenário de falecimento de Liev Tolstói (ou Léon Tolstói, ou Leão Tolstoi, ou Leo Tolstoy, ou Lev Tolstói — as transcrições gráficas de seu nome russo variam). Aparentemente, duas figuras muito diferentes: um homem e uma mulher, um eslavo e uma brasileira; mas há, entre eles, coisas em comum, a começar pela coincidência temporal entre a morte de Tolstói e o nascimento de Rachel. É uma coincidência significativa, porque Tolstói foi fundamentalmente um escritor do século 19, uma época em que a literatura de ficção abordava as grandes questões da existência humana, cumprindo um papel que depois seria atribuído à psicologia e a sociologia, então ainda engatinhando.