No estupor brasileiro desses dias, no entra-e-sai do escândalo da hora, e da supressão instantânea da memória, passamos, numa demissão moral irreversível, da indignação ao cinismo. Não temos precedentes dessa cumulação de choques, onde à violência se soma a corrupção, e o adubo da impunidade cria este mal-estar conformado com o que não acontece no aparelho da Justiça. O bom da crise é que, agora, pela primeira vez na nossa história, a polícia investiga e vai a fundo, e desarma uma mecânica encardida de conivência com o sistema. Nunca foi tanta a corrupção, não. Nunca se soube tanto sobre a dita, por uma vez perturbada a temperatura ambiente da conivência com a cosanostra. São novos olhos de ver, os que permitiram o governo Lula, a cumulação, às catadupas, do que estão revelando os grampos da polícia do Dr. Lacerda.