A um amigo japonês
Os meus cumprimentos nesse princípio de outono, sob uma luz intensa e nítida, que é como devem começar as cartas nipônicas, marcadas pela estação do ano.
Os meus cumprimentos nesse princípio de outono, sob uma luz intensa e nítida, que é como devem começar as cartas nipônicas, marcadas pela estação do ano.
Tais vestígios foram coletados em 1999 na poesia de Abū al-ʿAlāʾ al-Maʿarrī (973 a 1057), entre Aleppo e Damasco, revistos em 2011, no Rio...
Sete degraus sempre a desceré um livro de alta poesia. Alta, porque levada ao descenso, ensaio de ousadia, pacto de sangue dos happy few. A viagem de Alceste e Orfeu pertinaz, solitária, ao longo de uma incontornável cerimônia de adeus..
Manuel Bandeira foi quem melhor situou os escritos de Portinari. Não reduziu os poemas a meros satélites de sua obra principal. Antes, fixou passagens de alta densidade lírica, reconhecendo-lhe uma legítima herança memorial do Brasil: nos temas da infância que unem o menino impossível, de Jorge de Lima, ao menino de engenho, de José Lins do Rego...
A edição da poesia escolhida de Vera Duarte Pina não podia ser mais tempestiva. Primeiro porque recolhe, na forma de arquipélago, as partes dispersas das ilhas de Cabo Verde, apontando para um sentido de unidade, um rosto, com o desenho de suas próprias mãos.
Estamos aqui reunidos, nesta cerimônia de adeus, pela soma das virtudes que formaram seu espírito intrépido e generoso.
Jorge: monge beneditino, no coração da pós-modernidade, cujo incenso, na liturgia da palavra, era o cachimbo, ceci n’est pas une pipe, que compunha ao seu redor uma densa névoa...
O mundo como espanto e admiração é a nossa primeira experiência com o ambiente que nos cerca. A voz da mãe, tão viva e contundente na memória ilumina partes secretas do labirinto de que somos feitos. Uma fina membrana nos separa da vida. Agrega e separa, como um sonho fugaz.
Pesa um esquálido silêncio no coração do Rio. Nenhum sinal dos assassinos de Anderson e Marielle. Um silêncio corrosivo tornou infinito o labirinto da investigação. Houve quem tentasse incriminar a vítima, talvez para emprestar algum lastro aos mandantes. A iniquidade desferiu um tiro na memória ao buscar uma segunda morte, como se não bastasse a primeira, para depois enredar-se num mutismo mafioso.
A visita de Vossa Majestade ao Brasil traduz um marco simbólico, um gesto seminal para a cultura da paz. E como atingi-la, senão através do diálogo multilateral, encarnado justamente na visita de Vossa Majestade, dentro e fora de nossos países, diálogo sul-sul que demanda uma epistemologia bilateral, tão fascinante e tempestiva?
Não há oxigênio político fora da democracia. Ninguém se iluda com a pletora de soluções para tirar o país da crise como quem toma um atalho ou desvia de quanto ainda sobrevive da ordem legal. Apesar de abalada, ferida em seus atributos, vítima de uma arritmia estrutural recente, não existe opção firmada que se afaste do consenso da consulta popular. Ou aprofundamos a República ou afundamos na barbárie.
É um momento de não rara dificuldade, querida Ivelise, colegas e familiares de Nelson Pereira dos Santos, porque se espera que o Presidente cumpra o rito, pronuncie poucas palavras, corifeu de um coro antigo, que traduza, quanto possível, o sentimento da Casa, dos companheiros e de quantos se reúnem em torno da figura luminosa de Nelson Pereira dos Santos.
A História me fascina desde a infância. Era, antes de tudo, uma visão monumental, um grande afresco nas paredes do tempo, no qual grandes impérios emergiam do nada e para o nada se apressavam a passos largos.
No fim de 2017, publiquei, com o teólogo Faustino Teixeira, um pequeno livro sobre os poemas do místico alemão Angelus Silesius (1624-1677). A editora Martelo deu espaço para uma edição bilíngue. Reproduzo uma parte do caderno de notas de minha primeira estadia em Colônia.
Passei a Semana Santa com as cartas de Sêneca. Faminto de consolo e esperança, suas palavras brilham como Sol, depois de vinte séculos. Livres de ilusão, as cartas não cultivam dissabores, antes produzem um sentimento de autonomia e liberdade diante dos reveses destino e da humana condição.