A Cinemateca que amamos
O Estado de S. Paulo, em 13/08/2021
Certo dia, início de 1953, tomei o trem das 6 h 10 em Araraquara (ou seria 6h 05? Os horários eram estranhos, mas respeitadíssimos) rumo a São Paulo. Uma viagem inquieta. Eu não passava de um garoto, crítico de cinema há poucos meses, e tinha horário marcado com a Cinemateca Brasileira, onde conversaria com Paulo Emílio Salles Gomes, Rudá de Andrade e Caio Scheiby. Como me atenderiam? O encontro tinha sido marcado por Carlos Vieira que, na época, era o grande batalhador pela implantação de cineclubes Brasil afora. Com seu sotaque português, Vieira era a vanguarda e sustentáculo no cineclubismo brasileiro. Felipe Macedo, em postagem na internet, assim o definiu: 'Nos anos em que todos se sentiam cinéfilos, Vieira era como que o centro irradiador do intercâmbio que ligava diversos cineclubes extremamente importantes na vida de diversas cidades do interior paulista'.