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Artigos

  • Dois de cada espécie

    Folha de S.Paulo (RJ), em 12/02/2017

    "Qual a obrigação de um gato quando encontra um rato?" Em princípio, a frase poderia ser de Santo Agostinho, que gostava de coisas assim, mas com outro conteúdo, tornando-se um dos gênios da Antiguidade. Outro que poderia ter dito o mesmo seria o padre Antônio Vieira, o imperador de nossa língua, que tinha estilo igual, mas sempre com outro significado.

  • Mulheres e glória são conquistas problemáticas

    Folha de São Paulo (RJ), em 29/01/2017

    Passou metade da vida atrás de mulheres. A outra metade desperdiçou em outros ofícios, inclusive o de não fazer nada. Mesmo assim, respondendo a enquete de uma revista, declarou-se feliz e garantiu que seria mais feliz ainda porque havia muitas coisas que nunca deveriam ter sido feitas; e as mulheres, umas pelas outras, davam para o gasto.

  • Acidente ou crime

    Folha de São Paulo (RJ), em 22/01/2017

    De duas uma: a morte do ministro do STF Teori Zavascki foi crime ou fatalidade? Relator de um processo que configura o maior escândalo dos tempos atuais, ele era um alvo ostensivo para todos os possíveis mandantes que possam ter forjado um acidente aéreo que demorará um pouco para ser elucidado.

  • Donald Trump está na contramão da história

    Folha de São Paulo (RJ), em 15/01/2017

    Não sei se foi Hitchcock ou John Ford que aconselhou os jovens cineastas, ao fazerem seus filmes, que só teriam sucesso se colocassem na trama um vilão tamanho família para fazer contraponto aos mocinhos. Na recente eleição presidencial nos EUA, foi fácil criar esse vilão, desses que matam e esfolam a mãe para comê-la com batatas fritas.

  • Descobri que nada de comum havia entre meus dois nascimentos

    Folha de São Paulo (RJ), em 08/01/2017

    Nasci duas vezes. A primeira, como todo mundo. A segunda, na passagem dos 19 para os 20 anos, quando saí do seminário. Procurei encontrar um nexo entre os dois nascimentos, e, curiosamente, descobri que nada de comum havia entre eles. Exceto o medo, que foi bem maior no segundo. No primeiro, faltou-me lucidez para entender por conta própria as coisas —aceitava-as com uma curiosidade que só não era plácida porque não as entendia.

  • Covardia e medo

    Folha de S.Paulo (RJ), em 01/01/2017

    Em crônica da semana retrasada, lembrei que o ex-presidente Jânio Quadros chamou de "poltrão" o ano que então se acabava. Ele próprio não sabia que era também um poltrão, daí que renunciou sete meses depois de ter tomado posse na Presidência da República, dando o pontapé inicial à ditadura militar.

  • Hoje Brasil é o país da corrupção e da violência urbana

    Folha de São Paulo (RJ), em 01/01/2017

    Em crônica da semana retrasada, lembrei que o ex-presidente Jânio Quadros chamou de "poltrão" o ano que então se acabava. Ele próprio não sabia que era também um poltrão, daí que renunciou sete meses depois de ter tomado posse na Presidência da República, dando o pontapé inicial à ditadura militar.

  • Amar os outros como a si mesmo

    Folha de S.Paulo (RJ), em 25/12/2016

    Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), em seu "Diário Secreto", Humberto de Campos, o maior cronista da época, comenta um telegrama da agência de noticias Reuters, narrando a noite de Natal vivida por franceses e alemães. Como se sabe, aquela guerra foi basicamente uma guerra de trincheiras: os alemães de um lado e os franceses de outro. A terra de ninguém, entre os dois combatentes, era mais ou menos de 100 metros.

  • 2016 foi um ano poltrão

    Folha de S.Paulo (RJ), em 18/12/2016

    Não sei quando, mas, na passagem de um ano para outro, entrevistaram Jânio Quadros, que já havia renunciado à Presidência da República. Perguntaram-lhe o que ele achava dos 12 meses que estavam acabando. Ele respondeu: "Foi um ano poltrão".

  • O desenvolvimento é mais necessário

    Folha de São Paulo (RJ), em 11/12/2016

    A oposição e a situação, apesar das muitas divergências entre si, são entusiastas da solução "educação e saúde", a besta negra que apontam como a necessidade maior do país. Por mais que pareça incrível, foi essa a meta principal (educação e saúde) durante o longo regime comunista instaurado e mantido por Fidel Castro e seus companheiros de revolução.

  • Ninguém escapa das acusações e suspeitas

    Folha de São Paulo (RJ), em 27/11/2016

    Não sei se é verdade que os índios pintam o corpo todo quando entram em guerra com tribos inimigas. Como geralmente vivem nus, há espaço suficiente para expressar na própria pele os motivos de qualquer briga. Com os últimos lances na política nacional, que envolve grandes empresas e a totalidade da mídia, quase todo mundo já se pintou para a guerra que estamos vivendo.

  • O Rio amanheceu chorando

    Folha de São Paulo (RJ), em 20/11/2016

    Uma onda de insânia, um tsunami moral e financeiro fizeram o Rio de Janeiro dar um tiro no próprio pé. Depois do sucesso indiscutível da Olimpíada (sucesso efêmero, mesmo assim grandioso), a cidade, que continua sendo a capital cultural do Brasil, cantada por gregos e troianos como a mais maravilhosa do mundo em sua parte panorâmica, está amargando os piores momentos da sua história, o inverno de nosso descontentamento ("The winter of our discontent"), que já se transformou num inferno de nossa vergonha.

  • Democracia é a melhor forma de governo?

    Folha de São Paulo (RJ), em 13/11/2016

    Após a vitória, em seu primeiro pronunciamento como presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump referiu-se várias vezes ao colosso norte-americano que ele pretende recuperar e, se possível, aumentar.

  • O barco

    Folha de São Paulo (RJ), em 06/11/2016

    O mais importante é o cheiro. Não passa de um velho barco, descascado, cheio de rachas que deixam entrar água. Não é sólido nem belo, embora navegue bem: parece um ataúde desbotado, sem a parte de cima. Tem três bancos, sendo que o da popa é móvel, podendo ser removido para a colocação de um motor. Não passa de uma tábua encaixada nas laterais do barco. Parece um embrião e uma ruína. Mas há o cheiro. Cheiro de marés, areias molhadas, ventos e ondas.

  • O heroísmo de Carlos Alberto Torres

    Folha de São Paulo, em 30/10/2016

    Acompanhei a carreira de Carlos Alberto Torres desde que ele foi, se não me engano, pentacampeão dos juvenis do Fluminense. Sempre achei estranho que todos os atletas, principalmente os jogadores de futebol, tivessem um nome reduzido a um só: Garrincha, Pelé, Didi, Romário, Neymar, etc.